terça-feira, 3 de novembro de 2015

Desobsessão rápida



Autor Thiago D. Trindade





Entendemos o processo obsessivo como a incidência mental de um indivíduo, ou grupo, sobre um terceiro, podendo ser os envolvidos encarnados ou desencarnados.

Consideramos ainda a auto obsessão, quando a própria pessoa volta contra si mesmo sua força mental, prejudicando a si mesma. Nesse contexto, avaliamos ainda que a auto obsessão, quase sempre abre espaço para a aproximação de espíritos sofredores sobre o espírito auto obsediado.

O tratamento para todos os casos é a desobsessão, que é uma série de ensinamentos – e vivências práticas, o que é pouco considerado ultimamente – baseados na grande virtude do Perdão incondicional, um dos sinônimos do Amor Fraternal. No Capítulo 5 do Evangelho Segundo o Espiritismo, que trata sobre as aflições, percebemos a grande importância de se perdoar as ofensas.

A literatura Espírita é riquíssima de elucidações a respeito da desobsessão e de seus fatores correlatos. Há livros de André Luiz, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno, Joanna de Angelis, Emmanuel, dentre outros, que narram uma parcela das sagas evolutivas de pessoas, que se entrelaçam em teias de rancor e ódio. Sentimentos baixos que atravessam os séculos da Terra.

Há obras que versam diretamente sobre o tema, de André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier e Waldo Vieira (Desobsessão, editora FEB, 1° edição, 1964, 1° edição especial, 2010, 274 páginas), e, mais recentemente, de Suely Caldas Schubert (Obsessão/desobsessão – profilaxia e terapêutica espíritas, 2° edição, 2010, 239 páginas), que “destrincham” essa nebulosa questão evolutiva para todos nós.

Em quase todos os casos, percebemos que o processo desobsessivo é lento e gradual. Uma parte depende do obsediado em aceitar o tratamento indicado, que é perdoar e instruir-se. A outra depende do obsessor(es), que se julgam, na maioria das vezes, vingadores de causam que jazem sob o pó dos anos terrestres, mantendo assim o ciclo de dor e sofrimento que se arrasta sem previsão de encerramento.

Não obstante, a Umbanda (assim como outras religiões) trabalha intensamente com a desobsessão. Investe na Educação Moral de seu adepto, e do grupo de Espíritos que lá chega em busca de alívio e esclarecimento.

Nos casos da desobsessão mais propriamente dita, onde o Espírito sofredor é confrontado com a Verdade do Bem, vemos a Umbanda atuando de forma diferente, se compararmos com a metodologia “Kardecista”. O obsessor é literalmente afastado do obsediado e encaminhado para estâncias onde receberá o cuidado necessário, enquanto ao obsediado ficará com a orientação para desenvolver-se moralmente.

“Vá e não peques mais”.


Muitos Espíritas argumentam que a prática da Umbanda, nessa área, vai contra a Lei Divina, afetando o Livre Arbítrio de cada um e, não há moralização do obsessor, que pode voltar para sua prática descabida.

Consideremos que Espírito desorientados, dementados em vários graus, não possuem lucidez no uso de seu Livre Arbítrio, sendo escravos de si mesmos, ou seja, também auto obsediados.

A literatura Espírita é cheia de casos, onde não se “respeitou” o Livre Arbítrio do obsessor, ou ainda, há a utilização do engodo, ou farsa. No livro “Loucura e Obsessão” (editora FEB, 11° edição, 2010, 334 páginas), de Manoel Philomeno e Divaldo Franco, que se passa em um Terreiro de Umbanda, vemos um grande número de obsessores sendo tratados por entidades de aparência indígena, que eram os guardiães da Casa. Alguns médiuns incorporavam os espíritos sofredores, aplicando o choque anímico sobre os desencarnados ou forçando-os a se exaurirem energéticamente. Sem cerimônia, os trabalhadores espirituais levavam os “nocauteados” para ambientes específicos, verdadeiros ambulatórios.

Percebemos a forma segura com que a Espiritualidade Superior conduz os sofredores dentro do preceito da Caridade ensinado pelo Cristo. Igualmente, encontramos o uso de mentiras para conduzirem desencarnados aturdidos por si mesmos, como podemos estudar em “Recordações da Mediunidade” (editora FEB, 4° edição, 2011, 254 páginas), de Yvonne do Amaral Pereira, quando ela narra o caso de Pedro, um desencarnado que involuntariamente obsedia um conhecido a saudosa médium.

Os livros supracitados vieram à Terra pelas mãos de respeitados médiuns e foram tutelados, não só por Manoel Philomeno (sendo que este Espírito até se reconheceu preconceituoso a tudo que não fosse caracterizado com Espiritismo, conforme o próprio considerou) e Charles, respectivamente, mas sim por Adolfo Bezerra de Menezes e Leon Denis, como verificamos nas apresentações das duas obras editadas pela Federação Espírita Brasileira.

Não podemos cair no corporativismo cego que hasteia bandeiras de preconceitos, atrasando a nós mesmos. As informações da Verdade vêm há dois mil anos e até hoje escolhemos o que queremos, deixando de lado o que nos é inconveniente.

Não devemos medir esforços em auxiliar nossos Amigos Espirituais, melhorando, em primeiro lugar, a nós mesmos, para assim realizarmos as verdadeiras obsessões que permeiam esse mundo, todas baseadas no orgulho.




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