segunda-feira, 23 de novembro de 2015

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Fala, Kardec!


Segundo Diálogo - O Céptico IX - Oposição da Ciência
Do Livro “O Que é o Espiritismo” de Allan Kardec.

Visitante – Muito bem, eis um sábio que raciocina com sabedoria e prudência e, sem ser sábio, penso como ele. Mas anotai que não afirma nada: ele duvida. Ora, sobre o que basear a crença na existência dos Espíritos e, sobretudo, na possibilidade de comunicação com eles?

Allan Kardec – Essa crença se apóia sobre o raciocínio e sobre os fatos.
Eu mesmo não a adotei senão depois de um maduro exame.
Tendo adquirido, nos estudos das ciências exatas, o hábito das coisas positivas, eu sondei, perscrutei essa nova ciência em seus detalhes mais ocultos.
Eu quis conhecer tudo, porque não aceito uma idéia senão quando lhe conheço o porquê e o como.
Eis o raciocínio que me fez um sábio médico, outrora incrédulo, e hoje adepto fervoroso:
"Diz-se que os seres invisíveis se comunicam; e por que não?
Antes da invenção do microscópio, supunha-se a existência desses bilhões de animálculos que causam tantos prejuízos na economia?
Onde está a impossibilidade material de que haja no espaço seres que escapam aos nossos sentidos?
Teríamos por acaso a ridícula pretensão de tudo saber e de dizer a Deus que ele nada mais nos pode ensinar?
Se esses seres invisíveis que nos cercam são inteligentes, por que não se comunicariam conosco?
Se eles estão em relação com os homens, devem desempenhar um papel na vida, nos acontecimentos.
Quem sabe? pode ser uma das forças da Natureza, uma dessas forças ocultas que não supúnhamos existir.
Que novo horizonte isso abriria ao pensamento!
Que vasto campo de observação!
A descoberta do mundo dos seres invisíveis seria diversa da dos infinitamente pequenos; isso seria mais que uma descoberta, seria uma revolução nas idéias.
Que luz pode dela jorrar!
quantas coisas misteriosas seriam explicadas!
Aqueles que crêem nisso, são ridicularizados; mas o que isso prova?
Não ocorreu o mesmo com todas as grandes descobertas?
Cristóvão Colombo não foi repelido, coberto de desgostos e tratado como insensato?
Essas idéias, diz-se, são tão estranhas que nelas não se pode crer.
Mas, àquele que tivesse dito, há somente meio século, que em alguns minutos poder-se-ia corresponder de uma parte à outra do mundo; que em algumas horas, atravessar-se-ia a França; que com o vapor de um pouco de água fervente um navio avançaria contra o vento; que se tiraria da água os meios de se iluminar e aquecer; que tivesse proposto iluminar toda Paris em um instante com um só reservatório de uma substância invisível, teria sido caçoado. É, pois, uma coisa mais prodigiosa que o espaço seja povoado por seres pensantes que, depois de terem vivido sobre a Terra, deixaram seus envoltórios materiais?
Não se encontra nesse fato a explicação de uma multidão de crenças que remontam à mais alta antigüidade?
Semelhantes coisas bem que valem a pena serem aprofundadas."
Eis as reflexões de um sábio, mas de um sábio sem pretensão, e que também o são de uma multidão de homens esclarecidos que viram, não superficialmente e com prevenção, e estudaram seriamente sem tomarem partido, mas que tiveram a modéstia de não dizer: eu não compreendo, portanto, isso não é verdade.
Sua convicção formou-se pela observação e pelo raciocínio.
Se essas idéias fossem quiméricas, pensais que todos esses homens de elite as teriam adotado? que tivessem estado muito tempo vítima de uma ilusão?
Não há, pois, impossibilidade material à existência de seres invisíveis para nós e povoando o espaço, e só essa consideração deveria levar a uma maior circunspecção.
Há pouco tempo, quem poderia pensar que uma gota de água límpida poderia encerrar milhares de seres de uma pequenez que confunde nossa imaginação?
Ora, eu digo que era mais difícil à razão conceber seres de uma tal pequenez, providos de todos os nossos órgãos e funcionando como nós, que admitir aqueles que nós nomeamos Espíritos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015


O Livro Nosso Lar sob a ótica de um jovem iniciante





Autor Athur Saturiano

 



Sempre ouvi muito falar do livro Nossa Lar, assisti o filme milhões de vezes e já havia me encantado com algumas obras trazidas pela mão do querido Chico. Algo dentro de mim sempre dizia que ler as obras de André Luiz iria me trazer experiência muito valiosa e eu, somente a adiava este momento.


Até que, no início do ano tive contato, pela primeira vez com a literatura. Decretou-se dentro do meu coração incrível paixão por aquelas palavras desde os capítulos iniciais. Comi o livro em uma semana! Muitas informações valiosas, muitos aprendizados.


Passado alguns meses, inúmeros amigos batiam na mesma tecla, dizendo: "Estude André Luiz". Incrível, era que este pedido vinha de diversas pessoas diferentes, que me orientavam dizendo que seria, como antes eu sentia, uma aprendizado e tanto. Me arrisquei mais uma vez, e agora, alguns meses mais amadurecidos decidi que iria estudar os 13 livros, "meter as caras" e buscar ininterruptamente a coleção bálsamisante do Autor.


E assim comecei, voltando em Nosso Lar mas agora com a "obrigação de resenhar cada capítulo" para que assim pudesse registrar as sensações de receber e fixar no meu mental cada uma daquelas mensagens edificantes. Pude sentir novamente aquela sensação, de ser um minusculo pontinha em meio a eternidade, em meio ao universo tão grande que é a Doutrina Espírita. Me senti tal qual o caipira que chega pela primeira vez a cidade contemplando os imensos prédios, os belos automóveis, as charmosas casas do centro urbano.


Assim me vi, e aquela identificação com André voltou com toda a força. Me identificava com a curiosidade, a pressa do cara que tinha acabado de chegar, mas já queria saber um pouquinho de tudo e dessa forma, tomava para mim todos aqueles conselhos que d.Laura, Lizías, Clarêncio forneciam ao jovem senhor André. Tudo aqui era por mim absorvido de tal forma que os olhos chegavam brilhar. Lembro-me que as vezes a mensagem era pra mim tão atual que me pegava até meio abobado olhando pro nada e suspirando após ler tudo aquilo!


Pouco a pouco fui criando intimidade com os personagens e já conseguia me ver perfeitamente nos cenários, estagiando com André, ouvindo os conselhos e aprendendo junto dele todas aquelas lições. Ler Nosso Lar, pela segunda vez, me fez amadurecer muito! Conseguia me ver, na vida aqui fora, como ele.  E acho que até fui crescendo pouco a pouco no decorrer do livro.


Me percebi tão mais entregue à narrativa que mesmo sendo a segunda vez, descobria naquelas páginas coisas que jamais tinha ouvido falar antes.


Me demorei um tanto mais dessa vez, mas por conta das resenhas, que mesmo um tanto trabalhosas era de intensa valia para o jovem iniciante que registrava ali, num caderno velho aqueles aprendizados como um moleque que antes de dormir escreve em seu diário as aventuras do dia transcorrido.


Recordo que logo quando iniciei este estudo, ouvi de um amigo querido que eu iria perceber que diferente do que muitos insistiam dizer, André Luiz era um homem como qualquer outro, que estava ainda envolvido em laços terrenos mas que pouco a pouco ele ia crescendo quando interiorizava a mensagem dos mais velhos/mais antigos em Nosso Lar. E depois, já finalizando a leitura desta maravilhosa obra pude perceber que é isso que explica essa minha identificação com André. Me encontro na mesma situação, acabei de chegar, mas já quero conquistar a confiança da espiritualidade como trabalhador anónimo na seara do Cristo


Já estou chegando na segunda obra da coleção, Os Mensageiros, mas tenho certeza que os
ensimamentos adquiridos no primeiro livro estaram vivo em meu coração no decorrer do estudo de todas as obras deste box. E agora, depois disso, todos os amigos do meu círculo de amizade que me pedem uma indicação de livros espiritas eu digo, como ouvi a uns meses atrás "Estude André Luiz"

Passada esta primeira fase, eu apenas faço votos de que esta vontade de estuda-lo não me falte em nenhum momento no caminhar destas leituras. E espero também conseguir crescer, como ele, pouco a pouco conforme for lendo os livros. Sendo assim, agradeço imensamente a todos que me indicaram, acho que nem mesmo esses que me mostraram esse caminho sabem o quanto me fizeram bem...

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Rápido e rasteiro






“O coração que está em paz, vê uma festa em todas as aldeias.”
Provérbio Hindu

Convivência e Família






autor Thiago D. Trindade

Família, instituição sagrada, é o maior símbolo do amor de Deus. É através desse grupamento, que une não só laços materiais – por isso transitórios – e também espirituais, que nós encontramos nossas maiores provas que nos levam à perfeição. Conviver em família é exercitar diariamente a tolerância, o perdão e o compartilhamento do carinho. Se todos nós fazemos parte da mesma família planetária, deveríamos não discriminar ninguém, o que, infelizmente, acontece, rejeitando os ensinos do Cristo.

- Se não é da mesma cor, afaste-se.
- Se é de outra classe econômica, afaste-se.
- Se é de outro credo religioso, afaste-se.
- Se é um notório pecador, afaste-se.

Esses quatro itens são apenas alguns exemplos de como nós segregamos nossos próprios familiares, sem percebermos que somos tão ou mais imperfeitos. Graças ao Amor imensurável do Pai Maior, há irmãos nossos, e o maior deles é Jesus, que vêm ao nosso encontro para nos ajudar a caminhar na direção da União Sublime dos Filhos de Deus. Esses irmãos mais adiantados, guias encarnados ou não, nos ensinam com a bondade que somente os mais sábios sabem dividir com seus pupilos renitentes no erro.

- A doçura irrefreável de uma mãe.
- A fraternidade inconcebível de um amigo verdadeiro.
- A paciência de um ancião ante a tempestuosidade de uma criança.
- A humildade do verdadeiro cristão em levar o pão da alma a aqueles imersos no erro.

Família. Alicerce da Humanidade para sua elevação. Resgates, testemunhos de amor. Abracemos essa verdade e abraçaremos o Cristo.


sábado, 14 de novembro de 2015

O Terceiro Céu de Paulo



autor Thiago D. Trindade





Em suas inúmeras, e preciosas, cartas, Paulo de Tarso, narra fato interessante, que verificamos ao ler em sua 2ª Carta aos Corintios (12:2):

“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu, se no corpo ou fora do corpo não sei, Deus o sabe.”

Esse versículo, encontrado por nós em nossos estudos, é mais um indício de “noções” de Espiritismo que encontramos na Bíblia. Em algumas religiões, como o Protestantismo, a Igreja Católica Apostólica Romana, e outras, percebemos seus adeptos acreditam que o Céu é único. E considerando ainda que Céu é uma oposição ao Inferno, assim chamados por eles, enquanto nós chamamos simplesmente de Pátria Espiritual.

Uma vez apresentado o referido versículo, muitos, senão todos os 47 entrevistados, se mostraram perplexos, alegando total desconhecimento desta informação de Paulo de Tarso.

Para quem Estuda a Doutrina Espírita, percebe-se em vários momentos da Bíblia, conteúdos explicados na Codificação, bem como em livros a ela associadas como, por exemplo, as obras do Espírito André Luiz, que narra a Espiritualidade sendo dividida em níveis vibratórios, ou, se preferir o leitor amigo, em níveis de evolução moral.

O Espírito André Luiz, no livro “Nosso Lar” e em “Os Mensageiros”, ambos publicados pela FEB, através da formidável mediunidade de Francisco C. Xavier, cita que a Colônia Espiritual fica em região próxima à Terra, e inserida nas zonas umbralinas, a despeito de sua modernidade e possuir habitantes relativamente moralizados. Já no Posto Avançado “Campo da Paz”, se encontra assentada em região umbralina de vibração mais pesada. O que o autor espiritual apresenta, em contrapartida, é que existem estâncias espirituais mais evoluídas, fora das zonas umbralinas, onde ele mesmo, à época, não podia sequer conceber ou conhece, sendo um desses locais a morada de sua antiga mãe terrena.

Para muitos espíritas, Nosso Lar, dentre outras cidades espirituais, é um lugar idílico, com informações enriquecedoras e avançado grau tecnológico. E, no entanto, está no Umbral da Terra, um planeta de Expiações e Provas. À medida que evoluímos moralmente, outros planos vibratórios se descortinam e novas revelações nos são dadas.

Daí, a fala do Apóstolo dos Gentios, no versículo seguinte (12:4), que assevera:
“foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir.”

Certamente, o tal amigo de Paulo, tinha um vulto moral assombroso, afinal se o ex-fariseu tinha grandiosa luz dentro de si, e ainda destinado a nobre Missão do Evangelho, o que pensar desse inominado senhor? Consideremos o seguinte:
a)      Talvez esse homem sem nome fosse o próprio Apóstolo a ver esse “terceiro céu” e que, por humildade extrema, creditou a um fictício homem que lhe era amigo e sem nome. Lembremos ainda que as cartas paulinas são altamente detalhadas e um nome de amigo não seria esquecido por Paulo;
b)      O acontecido teria sobrecaído a algum Seareiro do Cristo silencioso, que muito fez em ações, mas pouco falou ou escreveu, bem a exemplo de Jesus.

Na verdade, não importa o nome da pessoa que foi até o terceiro céu e ouviu coisas maravilhosas. Importa é que se comprova mais uma vez na Bíblia, um dos pilares do Espiritismo: o da Pluradidade de Mundos e, se Paulo estava incerto se o “viajante” estava desdobrado ou não em seu perispírito, nós temos a certeza de que o médium sem nome deixara o corpo físico. Tal afirmativa se dá a inúmeros relatos, séculos depois, em nosso tempo, de pessoas que perambulam no Plano Espiritual, em diversos subplanos vibratórios.

Quem tem alguma noção de Espiritismo irá afirmar: “ontem à noite fui  a uma estância de paz, onde aprendi ou ajudei.” Ou então afirmará: “fui a um lugar ruim, acho que estive no Umbral...”

Quem não tem noção de Espiritismo irá dizer: “tive um sonho, parece que fui ao Céu, via anjos e me sinto abençoado.” Ou, em caso oposto: “Fui ao inferno, que pesadelo! Vi demônios e estou angustiado!”

Iremos, sempre, usar expressões e as associações que conhecemos para explicar o fenômeno mediúnico vivido. A maior lição que temos nesse estudo em tela é que devemos sempre buscar melhorar -  manter – nossa sintonia de forma saudável, pois dessa forma nos aproximamos da Divindade. E, quando tivermos de ir às zonas umbralinas, tenhamos a verdade de que lá iremos para aprender e a ajudar, ao invés de estacionarmos nessas esferas dementadas por nossas viciações.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Um certo jovem de Assis



Autor Thiago D. Trindade

Antes de refletirmos sobre Giovanni di Pietro di Bernardone, ou Francisco de Assis, como preferem alguns, devemos primeiro entender brevemente o contexto histórico em que esse homem viveu, que pode ser observado em qualquer livro de História do Ensino Médio.

A espiritualidade europeia estava auto aprisionada em mosteiros, desenvolvendo-se de forma introvertida e contemplativa. O pensamento erudito era pessimista em relação ao mundo e a Humanidade. Para eles, o mundo e a Humanidade, em essência, eram maus.

Mas esses mosteiros eram ainda centros de conhecimento profundo, com vastas bibliotecas e muito do que se conhece de literatura e História é graças ao trabalho dos mestres copistas, que também dominavam o pensamento abstrato, o teológico e também a Psicologia.

Embora os monges fossem pessoalmente pobres, suas Ordens eram ricas, proprietárias de terras e ouro, graças as doações na nobreza e do povo.

O pensamento corrente era de que a vida de monge era garantia para a entrada no Paraíso. Muitos leigos, após uma vida imoral, doavam grandes somas de dinheiro e iam para a clausura eclesiástica, certos de que o Paraíso lhes aguardava como príncipes.

Podemos observar que esse pensamento até então em vigor vai contra o pensamento do Cristo. E um franzino italiano iria lembrar a dominante Igreja disso.

Na época de Giovanni Bernardone, o modelo feudal declinava em favor da burguesia mercantil. Seu pai, Pietro Bernardone, era um poderoso comerciante.

Nascido em berço de ouro, o jovem Giovanni, que era apelidado de Francesco (que significa francês em italiano), ou para nós, Francisco, cresceu ao sabor do desregramento.

Com gosto pelas fortes emoções, foi soldado. Acabou prisioneiro e contraiu problemas de saúde que o acompanharam pelo resto de sua encarnação.

Mas, espera aí! Um homem que é até hoje conhecido pela sua mansidão era um arruaceiro e soldado mercenário? É, ele foi.

Se observarmos a História Cristã, vemos que muitos dos maiores auxiliares de Jesus eram os mais mundanos que a Humanidade tinha a oferecer: Pedro, era violento, teimoso e preconceituoso; Mateus e Zaqueu, temíveis publicanos, e, Paulo, que fora fariseu e implacável perseguidor de cristãos são alguns exemplos a serem lembrados aqui.

O Cristo sempre gostou de pegar um punhado de carvão, pretensamente, insignificante, e o transformava em reluzente diamante, que refratava as luzes celestes.

Simples assim.

Como sabemos, o Mestre Galileu chegou a cada um desses citados de forma única. E foi quando Francisco partia para sua segunda guerra, após sonhar com uma bela donzela, um opulento castelo e com um exército a lhe servir, que uma voz lhe indagou: “Quem te pode ser de maior proveito, o senhor ou o servo?” Sem hesitar, o jovem escolheu o “senhor”, mas a “voz” o estimulou a regressar ao lar com a promessa de que haveria uma orientação a ser dada.

Essa foi, certamente, a primeira vez que o povo olhou Francisco com desconfiança, pois praticamente desertara. Seu pai, muito provavelmente, gastou uma razoável soma de dinheiro pagando propinas para que as autoridades esquecessem as acusações de deserção do exército papal.

Mas não foi daí que Francisco saiu praticando a Caridade.

Antes o jovem, em uma caverna, procurou entender o que se passava com ele. Procurou meditar, autoanalisar-se, ou, como dizemos hoje em dia, procurar sua Reforma Íntima (que aliás deve ser construída aos poucos).

Se para nós é difícil o conceito de Reforma Íntima, apesar de todas as informações que temos, imaginemos o quão difícil era para um jovem, na Idade Média, numa Era onde havia somente uma corrente de pensamento filosófico, e que qualquer coisa diferente era considerado crime passível de morte.

Embora Francisco não compreendesse sua própria vida, brotava nele o desejo de servir. Tanto que caminhando na mata, deparou com um leproso (que até hoje essa doença é vista como uma “maldição divina”) e deu-lhe seu rico manto. E mais, deu-lhe um beijo no rosto retorcido.

Foi um gesto impulsivo, como sabemos, mas que o satisfez. E essa sensação lhe era inédita e verdadeira.

Chegando à Igreja de São Damião, ouviu a Voz do Cristo, a partir de um pequeno crucifixo, que lhe pediu para reformar a igreja. Afoito, o jovem não refletiu sobre qual Igreja falara o Cristo, embora depois ele descobrisse que o Mestre se referia à reformar o mundo. Francisco saiu veloz da igrejinha e regressou à loja do pai, que estava ausente. Tomando os caros tecidos do negócio familiar, vendeu-os a baixo preço na feira para o povo, que logo após o taxou de louco e, em seguida, o apedrejou. Salvo pelo pai, foi confrontado por ele, que não compreendia o gesto e as motivações do filho.

Nesse momento, que é celebrado sempre que fala em Francisco de Assis, o jovem despiu-se de suas belas roupas que usava.

Agora sim, Francisco estava pronto para iniciar o serviço do Cristo, pois as vestes ricas, pesadas e limitantes, significavam o abandono do Homem Velho que todos nós devemos despojar.

Francisco, portanto, seguia o Ensinamento do Cristo: “... dê tudo que tens e me segue” (Mateus, 20:21). Mas esse revolucionário italiano precisava beber mais da fonte doutrinária de Jesus. Sua reestruturação mental e moral ainda estava frágil. Afinal era jovem e a rejeição de sua família e sociedade vergastavam-lhe a alma que ansiava por luz.

Buscou aprofundar suas meditações nos Ensinos do Cristo, mas não procurou mosteiro algum. Francisco procurou por Jesus nas vilas pobres, nos doentes e miseráveis de todas as cores. Encontrou na miséria do mundo a luz do Cristo.

Francisco entendeu que Jesus concedia a todos, sem distinção, a oportunidade de entrar no Reino dos Céus.

O missionário sabia que iria atravessar tempestades, pois o Evangelho de Jesus já era, há muito tempo, deturpado para atender interesses egoístas. Como solução, Francisco não procurou debates teóricos, pois sabia que não era páreo para os articulados doutores da Igreja.

Preferiu, o jovem, fazer do trabalho em nome do Cristo o seu cartão de visitas, logo, sua Tese.

Apesar das dificuldades, seu plano prosperou e chegou a fundar a Ordem dos Frades Menores, que fazia o impressionante voto de pobreza absoluta.

Francisco se preocupava bastante em seguir os Ensinos do Nazareno. Usava, a exemplo do Mestre Galileu, austeridade máxima consigo mesmo e de enorme condescendência para com o próximo.

Chamava o corpo de “Irmão Burrico” e o frade ensinava que a Moralização era fundamental para a Felicidade Futura. O jovem seguidor do Cristo ainda afirmava que o corpo era uma das mais belas obras de arte, já que tínhamos sido feitos à imagem e semelhança de Deus. Dessa forma, Francisco de Assis, se antecipou aos mestres renascentistas que só viriam séculos depois.

Para Francisco, o corpo é um Templo de Deus e o mundo em si é outro Templo que deve ser conservado e honrado em nome do Criador.

O frade se descobriu pequeno como um grão de mostarda ante a grandeza da Obra de Deus. Percebeu que era um integrante, e não o senhor da Natureza, como nos esclarece a questão 540 do Livro dos Espíritos e o Capítulo 10 de A Gênese, integrantes da Codificação Espírita. Para esse Servidor do Cristo, a Criação está intensamente conectada.

O manso italiano era, em plena Idade Média, o primeiro ecologista. Na obra conhecida como “O Cântico ao Irmão Sol” ou “Cântico das Criaturas”, vemos acertadamente o jovem de Assis chamar o vento, o sol, o lobo, as árvores de irmãos, já que como nós, foram criados pelo Amor Divino.

A Paciência, A Perseverança, A resignação, A Humildade e a Fé de Francisco eram admiráveis. Enfrentou as dificuldades com uma firmeza inferior somente à Paixão de Cristo e ao sofrimento dos primeiros mártires do Cristianismo, conforme assinalam alguns estudiosos.

Seu desconforto físico era uma constante. Sua visão, cada vez pior, somada aos problemas estomacais, lhe agrediam dia e noite. Muito semelhante a outro Francisco, nascido no Brasil, em início do século 20...

Quanto de nós ousam seguir o Evangelho do Cristo que nos manda amar irrestritamente?

Meditemos sobre isso.

Meditemos se nossa paciência, perseverança, resignação e fé não precisam ser mais desenvolvidas com estudo e trabalho.

Por que nós não tiramos de nossos desconfortos físicos a força necessária para trabalhar para nós mesmos e inspirar os outros?

Nos últimos anos, Francisco de Assis é lembrado somente como Protetor do Meio Ambiente. Na verdade, o frade trabalhou intensamente com leprosos, alienados e famintos. Chamava a Morte, o Desencarne, de Irmã e sorria para ela, pois sabia que era um gesto de Deus.

Francisco sabia que o desencarne era fundamental para o desenvolvimento Moral\Espiritual da Humanidade. Como Amigo da Morte, o frade levava a mensagem de Jesus de que nada se leva deste mundo se não as ações praticadas, fossem boas ou más. O Trabalhador do Cristo lembrava que a vida na Terra era o tempo de semear.

Certamente com um pouco de severidade, o leal Servidor ensinava ao povo que não se negociava o Reino dos Céus, apesar dos apelos da dominante Igreja, mas somente o serviço ao próximo era capaz de levar uma alma ao Paraíso. Francisco, em suas simples palavras, enfatizava o ensinamento de Jesus que fazia alusão que se fizesse o menor dos servidores, será digno do Reino dos Céus. (João, 13: 1-11).

Por gestos e palavras, Francisco ensinava que era necessário morrer para os excessos mundanos, entraves para a entrada no Reino dos Céus. Francisco ensinava que o mais sublime sinônimo de Amor é o Perdão, que tem por igualdade de significado: o Carinho, a Compreensão, a Empatia, o Servir.

Acreditamos que é assim que Francisco de Assis deve ser lembrado – e estudado – pelo seu exemplo em despir-se dos entraves limitantes de sua evolução pessoal.

Seguidores de seu exemplo em Servir, infelizmente, são poucos: Adolfo Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel, Eurípedes Barsanulfo, André Luiz, Chico Xavier, Irmã Dulce, Tereza de Calcutá, Gandhi, Frei Damião, e uns poucos...

E onde quer que esses Missionários estejam, nos conclamam a seguir o Cristo, primeiro dentro de nós mesmos e, em seguida, em nossa família.

E, quando menos esperarmos, estaremos contemplando a luz divina de braços dados com toda a Humanidade e, conheceremos a bela dama, de nome Felicidade; conheceremos o Castelo do Reino dos Céus; e tomaremos parte do exército de companheiros de Francisco de Assis, elementos sonhados anos antes, quando partia para a guerra, em solo italiano.

O pequeno frade nos ensinou que Estudar e Trabalhar; Trabalhar e Estudar são fundamentais para Servir melhor ao próximo.

E Servir melhor ao próximo é:

AMAR
AMAR
AMAR

terça-feira, 3 de novembro de 2015


Vídeo - Jacob Melo dissertando sobre como receber o passe magnético



Publicado em 3 de set de 2012
Palestra apresentada por Jacob Melo em 11.Mai.2012 na entidade espírita Irradiação Espírita Cristã (Goiânia-GO - www.iecv.org).

Nos idos de 1948 os fundadores da casa davam os primeiros passos para sua realização e estruturação. Inicialmente o nome dado ao grupo foi Tenda do Caminho e no campo espiritual seus trabalhos eram na linha da Umbanda. A partir de 1953, já instalada em sede definitiva, passaria a prestar inúmeros e inestimáveis serviços à comunidade, quer no campo do atendimento espiritual, quer na área da assistência e promoção social. Em 1962 o nome da entidade foi alterado para Irradiação Espírita Cristã, regendo-se a partir de então pela orientação Kadercista.

Jacob Melo (Teresina-PI, 1952 - http://jacobmelo.webs.com) foi criado em lar espírita e sempre esteve vinculado aos grupos de estudos e de divulgação da Doutrina Espírita. Foi marcante sua presença na criação do Fórum Espírita de Natal (FOREN), evento de grande porte que dirigiu por 8 anos consecutivos. No embalo desses eventos, surgiu o GENE, uma organização que reunia os organizadores e dirigentes de grandes eventos doutrinários espíritas no Nordeste. Junto com amigos fundou em 1990 na cidade de Natal (RN) o Grupo Espírita Allan Kardec (GEAK), Lar Espírita Alvorada Nova (LEAN), instituição da qual é dirigente. Com apoio da Federação Espírita Brasileira (FEB) em 1992 publicou "O Passe -- Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática", seu primeiro livro. Foi um grande best-seller, com mais de 100.000 exemplares vendidos, e tornou-se referência para todo aquele que pretende estudar os passes e o Magnetismo.

O arquivo de áudio em formato MP3 está disponível em:
Palestra Espírita - Jacob Melo - O Passe - Como aproveitar bem o passe
http://www.4shared.com/mp3/fdp8i7cx/1...

Desobsessão rápida



Autor Thiago D. Trindade





Entendemos o processo obsessivo como a incidência mental de um indivíduo, ou grupo, sobre um terceiro, podendo ser os envolvidos encarnados ou desencarnados.

Consideramos ainda a auto obsessão, quando a própria pessoa volta contra si mesmo sua força mental, prejudicando a si mesma. Nesse contexto, avaliamos ainda que a auto obsessão, quase sempre abre espaço para a aproximação de espíritos sofredores sobre o espírito auto obsediado.

O tratamento para todos os casos é a desobsessão, que é uma série de ensinamentos – e vivências práticas, o que é pouco considerado ultimamente – baseados na grande virtude do Perdão incondicional, um dos sinônimos do Amor Fraternal. No Capítulo 5 do Evangelho Segundo o Espiritismo, que trata sobre as aflições, percebemos a grande importância de se perdoar as ofensas.

A literatura Espírita é riquíssima de elucidações a respeito da desobsessão e de seus fatores correlatos. Há livros de André Luiz, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno, Joanna de Angelis, Emmanuel, dentre outros, que narram uma parcela das sagas evolutivas de pessoas, que se entrelaçam em teias de rancor e ódio. Sentimentos baixos que atravessam os séculos da Terra.

Há obras que versam diretamente sobre o tema, de André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier e Waldo Vieira (Desobsessão, editora FEB, 1° edição, 1964, 1° edição especial, 2010, 274 páginas), e, mais recentemente, de Suely Caldas Schubert (Obsessão/desobsessão – profilaxia e terapêutica espíritas, 2° edição, 2010, 239 páginas), que “destrincham” essa nebulosa questão evolutiva para todos nós.

Em quase todos os casos, percebemos que o processo desobsessivo é lento e gradual. Uma parte depende do obsediado em aceitar o tratamento indicado, que é perdoar e instruir-se. A outra depende do obsessor(es), que se julgam, na maioria das vezes, vingadores de causam que jazem sob o pó dos anos terrestres, mantendo assim o ciclo de dor e sofrimento que se arrasta sem previsão de encerramento.

Não obstante, a Umbanda (assim como outras religiões) trabalha intensamente com a desobsessão. Investe na Educação Moral de seu adepto, e do grupo de Espíritos que lá chega em busca de alívio e esclarecimento.

Nos casos da desobsessão mais propriamente dita, onde o Espírito sofredor é confrontado com a Verdade do Bem, vemos a Umbanda atuando de forma diferente, se compararmos com a metodologia “Kardecista”. O obsessor é literalmente afastado do obsediado e encaminhado para estâncias onde receberá o cuidado necessário, enquanto ao obsediado ficará com a orientação para desenvolver-se moralmente.

“Vá e não peques mais”.


Muitos Espíritas argumentam que a prática da Umbanda, nessa área, vai contra a Lei Divina, afetando o Livre Arbítrio de cada um e, não há moralização do obsessor, que pode voltar para sua prática descabida.

Consideremos que Espírito desorientados, dementados em vários graus, não possuem lucidez no uso de seu Livre Arbítrio, sendo escravos de si mesmos, ou seja, também auto obsediados.

A literatura Espírita é cheia de casos, onde não se “respeitou” o Livre Arbítrio do obsessor, ou ainda, há a utilização do engodo, ou farsa. No livro “Loucura e Obsessão” (editora FEB, 11° edição, 2010, 334 páginas), de Manoel Philomeno e Divaldo Franco, que se passa em um Terreiro de Umbanda, vemos um grande número de obsessores sendo tratados por entidades de aparência indígena, que eram os guardiães da Casa. Alguns médiuns incorporavam os espíritos sofredores, aplicando o choque anímico sobre os desencarnados ou forçando-os a se exaurirem energéticamente. Sem cerimônia, os trabalhadores espirituais levavam os “nocauteados” para ambientes específicos, verdadeiros ambulatórios.

Percebemos a forma segura com que a Espiritualidade Superior conduz os sofredores dentro do preceito da Caridade ensinado pelo Cristo. Igualmente, encontramos o uso de mentiras para conduzirem desencarnados aturdidos por si mesmos, como podemos estudar em “Recordações da Mediunidade” (editora FEB, 4° edição, 2011, 254 páginas), de Yvonne do Amaral Pereira, quando ela narra o caso de Pedro, um desencarnado que involuntariamente obsedia um conhecido a saudosa médium.

Os livros supracitados vieram à Terra pelas mãos de respeitados médiuns e foram tutelados, não só por Manoel Philomeno (sendo que este Espírito até se reconheceu preconceituoso a tudo que não fosse caracterizado com Espiritismo, conforme o próprio considerou) e Charles, respectivamente, mas sim por Adolfo Bezerra de Menezes e Leon Denis, como verificamos nas apresentações das duas obras editadas pela Federação Espírita Brasileira.

Não podemos cair no corporativismo cego que hasteia bandeiras de preconceitos, atrasando a nós mesmos. As informações da Verdade vêm há dois mil anos e até hoje escolhemos o que queremos, deixando de lado o que nos é inconveniente.

Não devemos medir esforços em auxiliar nossos Amigos Espirituais, melhorando, em primeiro lugar, a nós mesmos, para assim realizarmos as verdadeiras obsessões que permeiam esse mundo, todas baseadas no orgulho.




Rápido e rasteiro






“Ah, o Perdão! O Perdão é a chave para o fim da dor.”
Espírito Joaquim