sábado, 31 de maio de 2014

sábado, 24 de maio de 2014

Tijolos

                                                          Autor Thiago D. Trindade



Muito se fala em praticar a Caridade, o Perdão e tudo o mais...Bem, todos nós que alegamos estar na Seara do Bem, argumentamos que fazemos tudo certinho dentro do centro espírita. Só dentro do centro espírita por quê?

Se Jesus tivesse ficado dentro da carpintaria de José, apenas na teoria, não teria mudado o mundo... Então larguemos os tijolos dos nossos centros e ganhemos o mundo, não impondo, mas somando.

Que nós possamos encontrar Jesus à beira das camas dos enfermos, nas calçadas das ruas, onde mendicantes esperam o pão da matéria e o pão da alma, no semblante das crianças vítimas de toda a sorte de brutalidades, nos jardins da alma do próximo!

Ah, não foi num jardim que o Mestre proferiu um de seus mais belos ensinamentos?

Pois bem, que nós pratiquemos os Ensinos Dele nos jardins também!

Aja!


sexta-feira, 16 de maio de 2014

A ignorância e o MEDO


Vale à pena ler, refletir e pensar, se amanhã não será a sua vez de ser acossado...



A intolerância religiosa e os preconceitos em relações ao candomblé e à umbanda sempre infiltraram os poderes da República e as instituições do Estado que se pretende laico. E talvez pelo fato de essa infiltração ter sido sempre negligenciada, apesar dos seus efeitos nocivos, ela tenha feito desabar um cômodo do Judiciário: a Justiça Federal do Rio de Janeiro definiu que umbanda e candomblé "não são religiões". Tal definição - que mais se parece com uma confissão pública de ignorância - se deu em resposta a uma decisão em primeira instância do Ministério Público Federal que solicitou a retirada, do Youtube, de vídeos de cultos evangélicos neopentecostais que promovem a discriminação e intolerância contra as religiões de matriz africana e seus adeptos, já que o Código Penal, em seu artigo 208, estabelece como conduta criminosa, “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.
Em vez de reconhecer a existência da ofensa - e não há dúvida para qualquer pessoa com um mínimo de discernimento e senso de justiça de que a ofensa existe - a Justiça Federal do Rio de Janeiro desqualificou os ofendidos; considerou que não "há crime se não há religião ofendida". Para tanto, a Justiça Federal do Rio conceituou umbanda e candomblé como cultos a partir de dois motivos absolutamente esdrúxulos (ou seria melhor dizer a partir de dois preconceitos?): 1) candomblé e umbanda deveriam ter um texto sagrado como fundamento (aqui a Justiça Federal ignora completamente que religiões de matriz africana são fundadas nos princípios da transmissão oral do conhecimento, do tempo circular, e do culto aos ancestrais); e 2) candomblé e umbanda deveriam venerar a uma só divindade suprema e ter uma estrutura hierárquica (aqui a Justiça Federal do Rio atualiza a percepção dos colonizadores do século XVI de que os indígenas e povos africanos não tinham fé, não tinham lei nem tinham rei). Pergunto: Há, na decisão da Justiça Federal, pobreza de repertório cultural, equívoco na interpretação da lei ou cinismo descarado?
A decisão judicial fere claramente dispositivos constitucionais e legais, além de violar tratados internacionais como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica, ratificada pelo Brasil em 1992 e que dispõe sobre a garantia de não discriminação por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões, políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. Esse pacto diz ainda que o direito à liberdade de consciência e de religião implica na garantia de que todos são livres para conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como na liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos afirma que ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente às limitações existentes em leis e que se mostrem necessárias à proteção da segurança, da ordem, da saúde ou da liberdade.
Ou seja, se há uma liberdade religiosa a ser limitada é a daquelas religiões que usam dos meios de massa para difamar e promover a intolerância contra outras religiões e divulgam práticas que põem em risco a saúde coletiva, como pedir que pessoas abandonem tratamento de câncer ou aids em nome de orações!
Ao ratificar esse Pacto, o Brasil assumiu desde 1992 o papel de um país que tem a obrigação de respeitar direitos. Infelizmente, o Poder Judiciário, que tem a função de "dizer o direito", de aplicar as leis, assim não o fez, simplesmente negando a interpretação dos ditames constitucionais e disposições supranacionais de direitos humanos.
Já foi noticiado que o Ministério Público Federal recorreu dessa decisão, mas precisamos ficar atentos a essas manobras que perseguem, acuam e tentam destruir o que não está de acordo com o que o fundamentalismo religioso determina como correto. E não resta dúvida de que essa decisão judicial é fruto do fundamentalismo religioso que avança sobre os poderes da República. Não podemos nos esquecer de que todos estamos sob a garantia de que podemos promover reuniões livremente para realizar cultos de qualquer denominação - um direito individual e coletivo previsto na Constituição Federal, artigo 5º, inciso VI.
O ataque à umbanda e ao candomblé é também um ataque de viés racista por se tratar de religiões praticadas sobretudo por pobres e negros. Mas é, antes, uma disputa de mercado. O que os fundamentalistas pretendem com os ataques à Umbanda e ao Candomblé é atrair os adeptos - e, logo, o dinheiro deles - para suas igrejas. E como vivemos sub uma cultura cristã hegemônica, que se fez na derrisão e repressão das religiões indígenas e africanas, é óbvio que as igrejas fundamentalistas levam a melhor nessa disputa de mercado e em suas estratégias de difamação.
O que esperamos do Judiciário é o mínimo de justiça que possa colocar freios à intolerância e à ganância dessas igrejas e seus pastores; e possa assegurar a pluralidade religiosa pautada no respeito e sem hierarquias entre as religiões.
Este texto está, também, publicado em minha coluna na CartaCapital:http://goo.gl/w3xncV

terça-feira, 13 de maio de 2014

Vídeo - Um magnífico vídeo que trata de espiritualidade e o dia 13 de maio


Hoje é 13 de maio, uma data de fato e de direito que faz alusão direta a Consciencia Humana, onde há todo um contexto sobre libertação.

Libertação não só do corpo, mas Libertação da alma. Libertação onde nós devemos buscar abandonar os grilhões do EGO e atingir a plenitude do Homem Integral.

Nesta data, as senzalas, há mais de um século, deveriam expulsar os últimos escravos. Não importa se o decreto da Princesa Isabel foi feito por amor ou por mera questão política, pouco importa. Importa é que foi feito.

E, mesmo assim, a escravidão física perdurou e perdura até hoje mundo afora. A escravidão da carne e a escravidão Moral.


Festejemos com seriedade, pois é uma data significativa. Libertemo-nos de nossos grilhões morais, impedindo que a escravização de uma raça, de um povo, de uma classe de indivíduos, de pensamento, possoa acontecer.

Liberdade!


Joaquim, em 13.05.2014





 Abaixo, um vídeo que trata de intolerância, preconceito e Amor. Vale à pena conferir







sábado, 3 de maio de 2014

Muitos serão os chamados

autor Alexandre Giovanelli

Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará vossa alegria. Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma.” (João, 16: 21-23).

Essa é uma reflexão sobre os tempos atuais, dois mil anos após a mensagem do Cristo. Muito se fala, atualmente, da degeneração de costumes da população. Há uma percepção generalizada de uma falta de cuidado, de compaixão, com o próximo. Principalmente nos grandes centros urbanos sente-se uma absoluta frieza nas relações interpessoais. A competitividade está extremamente arraigada nos corações das pessoas, fazendo com que se voltem exclusivamente para si mesmos. Primeiro a busca pela realização pessoal e depois a busca por mais realização pessoal. Sobra muito pouco a oferecer ao próximo. Essa é uma crença de fato perniciosa, pois implode a própria sustentação da sociedade que são os laços de solidariedade.
Por sua vez, temos os meios de comunicação que expõem de forma dramática as mazelas sociais: corrupção, violência, crimes bárbaros, descaso de instituições que deveriam velar pela saúde, educação e segurança da população. Junte-se a isso um excessivo foco na sexualidade, em suas manifestações doentias ou exageradas.
Contudo, a literatura espírita persiste em nos dizer que o planeta ruma de uma condição de ambiente de provas e expiações para uma sociedade de regeneração. Ou seja, deveria estar ocorrendo uma evolução da humanidade como um todo. Segue, então, a pergunta: Porque a sociedade, ao contrário do esperado, tem caminhado para o caos, a violência e a decadência de costumes, como todos podemos perceber?
Creio que a pergunta esteja errada, pois já aponta para um caminho: a certeza da degeneração, o que se coloca como um paradoxo trazido pela doutrina espírita. Mas não há uma degeneração de costumes, então? Acredito sinceramente que não. E aí vocês me perguntariam: mas como não? Tentarei explicar, mas o que peço inicialmente é que aceitem refletir sobre uma pergunta parecida, mas que muda a concepção preconcebida que temos da possível resposta. A pergunta é: Porque temos a clara impressão de que a sociedade tem caminhado para o caos, a violência e a decadência de costumes?
Para responder a essa pergunta é importante que relembremos alguns fatos relevantes. Se voltarmos menos de 150 anos veremos o serviço humano compulsório como fato consolidado pelas leis regulares. A escravidão era algo tão comum e difundida que não só senhores de grandes fazendas tinham escravos, mas também a gente abastada, como comerciantes ou funcionários públicos que viviam na cidade. Aliás, o sonho de algumas pessoas era juntar dinheiro durante toda a vida para, ao final, adquirir um ou dois escravos para serem alugados. Era um tipo de “aposentadoria”. Por sua vez, o direito das mulheres à escolha de representantes de governo não tem 90 anos e seu exercício amplo tem menos tempo ainda. Até as primeiras décadas do século XX era comum encontraram-se crianças de 10 anos ou menos trabalhando em fábricas e oficinas, em regimes de trabalho pouco diferenciado de adultos, ou seja, em períodos que não raro superavam as 10 horas de atividades. Há cerca de 50 anos atrás a educação era algo ainda restrito às camadas mais favorecidas da sociedade, de maneira que metade da população era constituída de analfabetos. Neste mesmo período, algumas religiões como a Umbanda eram durante perseguidas pela polícia. Os valores de igualdade e liberdade anunciados pela Revolução Francesa viriam a ganhar corpo somente nas ultimas décadas.
A conquista de liberdade em todas as suas múltiplas formas de expressão - liberdade de escolha dos governantes, liberdade de expressão, liberdade de opção religiosa, política e sexual – foi um movimento que demandou muitos conflitos sociais e até sangue derramado. Da mesma forma se deu a conquista da igualdade: gênero, sexo, etnia. É certo que mesmo hoje, temos muitos avanços a serem feitos devido à perpetuação de valores culturais discriminatórios que ainda persistem no imaginário social. Entretanto, nem de perto tais tendências têm a força de décadas atrás. Atualmente, ninguém em sã consciência defenderia a volta da escravidão, por exemplo. Da mesma forma não seria levado a sério aquele que se opusesse ao voto feminino. Encontrar um adolescente analfabeto é motivo de escândalo. O racismo ainda apresenta raízes ocultas e persistentes nas camadas profundas da psicosfera humana, mostrando-se sorrateiramente nas relações desiguais de oportunidades de trabalho e acesso à informação. Entretanto, já não encontra eco nas publicações científicas sérias que implodiram, inclusive, o conceito de raça biológica nas populações humanas.
É preciso lembrar que a luta por estas conquistas, fez com que houvesse o choque natural com camadas sociais resistentes à mudança, porque cristalizadas no preconceito garantidor de privilégios e do culto à vaidade. A resposta, quase automática foi o acirramento de certas tendências, as quais extrapolariam os limites do razoável. Assim é que o anseio pela liberdade acabou por levar à autodestruição e ao desrespeito pelo espaço do outro. Uma ânsia pela liberdade total tomou conta de todos, gerando um vale-tudo incapaz de perceber os ditames morais e éticos que deveriam permear as relações humanas. A busca pela igualdade promoveu o enquistamento de grupos sociais, acirrando, paradoxalmente, as diferenças e fazendo delas bandeiras bradadas violenta e acintosamente contra inimigos declarados. A justa luta pelos direitos individuais descambou para a satisfação do indivíduo a qualquer custo, de maneira que a conquista da felicidade individual desvinculou-se da preocupação com a felicidade da coletividade. “Cada um por si”, tornou-se o lema dominante. O aumento da oferta de serviços e produtos que deveria ser mero instrumento para que o homem tivesse mais tempo e menos preocupações a fim de mergulhar nas perscrutações internas e nas investigações das leis divinas tornou-se fim em si mesmo. A partir disso consolidou-se uma eterna busca pela posse interminável de bens materiais. Esta estratégia não anulou o vazio existencial do homem, que tem se tornado uma verdadeira voçoroca em expansão à medida que o coração humano, tal qual terra desnuda, recebe em seu imo mais e mais enxurradas de desejos a serem satisfeitos.
O resultado tem sido angústia e desesperança existenciais que se espalham rapidamente pela sociedade moderna, posto que as conquistas sociais alcançadas não cumpriram as promessas de plenitude do ser humano. Falta algo. E esta coisa é a fraternidade que ficou esquecida dentre os demais ideais levantados por ocasião da revolução que marcou uma era - iniciada em França - e logo difundiu-se aos quatro cantos do mundo. Parece que a humanidade ruma inexoravelmente para uma encruzilhada em que decisões deverão ser tomadas. O passado mostrou a importância da liberdade, mas trouxe consigo as inquietudes da responsabilidade das ações humanas para com o próximo e a Natureza. A igualdade despontou como condição sine qua non para as noções de justiça e equilíbrio social; entretanto entrou em cena o problema complexo da convivência com as diferenças, em espaços de manifestação cada vez mais reduzidos.
O caminho a ser escolhido deve necessariamente passar pela aprendizagem, mais cedo ou mais tarde, dos laços de fraternidade. Os tempos atuais poderiam ser traduzidos pelas palavras de Paulo, hoje mais do que nunca “Toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia” (Romanos, 8:22). A sociedade atual, após todo o aprendizado acumulado, parece estar em dores de parto, ansiando pelo nascimento de um novo Homem. Um Homem que seja mais amoroso, mais cuidadoso, que busque a realização do “eu’ no encontro fraterno com o “outro”.
Dentro deste contexto, estamos nós – os homens de hoje – tão mergulhados nos mares conflituosos de época que não percebemos o longo caminhar da humanidade e sua evolução moral e social nestes últimos séculos. Afogamo-nos em nossas próprias angústias, dúvidas e lutas, de maneira a nos desesperarmos perante os naturais expurgos sociais. Ao ouvirmos os lamentos repetidos pelos companheiros de jornada, dilatamos nossa certeza de que a Terra ruma para o caos e a destruição. Imersos que estamos nos problemas não percebemos que os sinais atuais nada mais são que a dores de parto condizentes com o advento da nova era. Mas em nossa cegueira, insistimos em perguntar: Porque a sociedade, ao contrário do esperado, tem caminhado para o caos, a violência e a decadência de costumes? E ao fazermos isso estamos a alimentar expectativas sombrias e formas pensamentos deletérias. Afinal de contas, cremos ou não no Consolador Prometido que nos diz que em breve passaremos do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração?

Importa, agora, que façamos a nossa parte. Que cada um tome sua cruz e siga os exemplos do Mestre, reformando primeiro a si mesmo. Aprendendo a amar e perdoar. Fortalecendo os laços de solidariedade, através da tolerância e da ajuda ao próximo, independentemente de condição social ou opção religiosa. O mundo, a cada dia, exige mais fraternidade de todos nós. Aqueles que forem capazes de aprender essa lição ensinada e exemplificada há mais de dois mil anos, serão os eleitos deste novo mundo que se prepara para nascer. Porque muitos estão a serem chamados, mas poucos serão os escolhidos...