quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ESTUDO SOBRE ALGUNS TRABALHADORES ESPIRITUAIS DESCRITOS ATRAVÉS DA TINTA DE YVONNE DO AMARAL PEREIRA EM TRÊS OBRAS DE SUA PSICOGRAFIA



A nobre Yvonne A. Pereira, desencarnada em 1984, nos deixou uma extensa obra, sendo intermediária de ilustres vultos do Espiritismo, como Bezerra de Menezes, Leon Denis e Charles, além de tantos outros trabalhadores do Além. Em sua jornada na Terra, descrita em belas biografias, percebemos que a médium conviveu com uma variada gama de Espíritos em diversas condições morais. Pouco afeita ao formalismo e a teorias sem prática, Yvonne abraçava fortemente as Máximas do Cristo: Amar a Deus sobre todas as coisas, e Amar ao Próximo como a si mesmo, e isso trouxe a ela uma visão singular da prática doutrinária.

Esse posicionamento libertário de formas, mas não de conteúdo, fez, nos últimos anos, alguns integrantes do Movimento Espírita perceberem que o caminho adotado por ela, que tão somente seguia a Doutrina de Jesus, o preconceito que se encontrava permeado nas fileiras, cada vez mais eruditas e menos afeitas ao trabalho braçal da Caridade. Preconceito este direcionado aos Trabalhadores do Bem que não se apresentavam como doutores, sábios de porte europeu, mas cujo empenho no Serviço do Mestre Carpinteiro era fundamental para o resgate de irmãos absolutamente imersos na infelicidade. Muito preconceito, por parte desses “espíritas” (a inicial é minúscula propositalmente) é dirigido aos falangeiros do Bem que se apresentam através de fala simples, caminhar descalço, ou ainda de aspecto intempestivo, pretensamente selvagem, esquecendo-se que muitos chefes de falanges infelizes se apresentam como doutores imersos em beleza e fala macia, dominando até mesmo os conceitos dos Ensinos de Jesus.

Esse modesto estudo visa trazer à observação crítica, logo não está fechado, retornando à luz dos dias atuais, que estão repletos de obras Espíritas e Espiritualistas que alardeiam novidades sobre a Vida no mundo Espiritual, mas que há várias décadas um pequeno grupo de médiuns corajosos e guias amorosos já apresentavam, mas que por alguma razão, tais conteúdos passavam pela sombra dos olhos da maior parte dos leitores. Também não desejamos apontar dedos de julgamentos para nenhum lado, apenas visualizar que as Entidades do Bem trabalham independentemente do lugar ou situação. Nós, encarnados, que criamos frágeis considerações que acabam por dificultar o progresso de nós mesmos, através do preconceito.

Agradecemos ao Umbandista, Pesquisador e autor de Umbanda, da série Umbanda Sem Medo, Cláudio Zeus, e ao Espírita, Palestrante e Articulista Alexandre Giovanelli pelas sugestões e apontamentos.

Registramos aqui nosso agradecimento a Yvonne do Amaral Pereira, pessoa simples, devotada ao Bem, que iluminou a Terra com sua presença bela.

















Memórias de um suicida

Pelo Espírito Camilo Castelo Branco (orientada pelo Espírito Leon Denis), 20ª edição, 1998 (1ª edição em 1955), Editora FEB, 568 páginas.

Essa inesquecível narrativa, testemunho detalhado e emocional do Espírito suicida Camilo Castelo Branco, nos revela suas vivências logo após o terrível ato contra si mesmo, que o retirou bruscamente do mundo dos encarnados. Ao longo de suas experiências comoventes, acompanhamos o trabalho de muitos Emissários do Bem, liderados por Maria de Nazaré, dirigente de uma grande organização de amparo junto ao Vale dos Suicidas.

No início da obra, após detalhar alguns tormentos que assombravam o endividado Espírito Camilo, percebemos, na página 28, a descrição de poderosa comitiva, que chega ao Vale dos Suicidas, para resgate de alguns dos que ali estavam. Ocorre que na página supracitada, durante a caracterização dessa Força Humanitária, somos surpreendidos pela descrição de soldados armados de lanças.

“Precedia, porém, a coluna, pequeno pelotão de lanceiros, qual batedor de caminhos, ao passo que vários outros milicianos da mesma arma rodeavam os visitadores, como tecendo um cordão de isolamento, o que esclarecia serem estes muito bem guardados contra quaisquer hostilidades que pudessem surgir do exterior. Com a destra o oficial comandante erguia alvinitente flâmula, na qual se lia, em caracteres também azul celeste, esta extraordinária legenda, que tinha o dom de infundir insopitável e singular temor: Legião dos Servos de Maria.”

Observamos que nos anos 50, a saudosa Yvonne já nos atentava para uma reflexão sobre alguns procedimentos da Espiritualidade Benfeitora junto aos desamparados. Enganamo-nos, mediante esse vívido relato, que os Bons Espíritos se valiam somente de preces e aparência venerável para poder, ao menos, se aproximarem de irmãos sofredores. É claro que a força Moral do Espírito se sobressai a tudo, mas o entendimento de que há presença de força militar, com armas bastante conhecidas e ameaçadoras é mais compreensível a quem está imerso em dores espirituais. Acrescentamos ainda, que tal compreensão não se dá somente para os sofredores, mas também por parte de alguns dos Trabalhadores do Bem que ainda estão nos estágios iniciais de sua Caminhada para a Perfeição.

Percebemos ainda, o uso ostensivo de uma insígnia, a cruz de cor azul celeste, como emblema da Legião dos Servos de Maria. A cruz, ao longo das Eras da Humanidade, aqui na Terra, possuiu – e possui – significados diversos, mas o maior deles é associá-la à figura do Cristo. Um símbolo que significa a redenção Humana, da verdadeira paz. Portanto, assim como na Terra e na Espiritualidade, a cruz é facilmente reconhecível. Porém é interessante notar a forma do uso deste símbolo por parte dos Legionários: para infundir insopitável e singular temor. Ou seja, para reconhecer os Servos de Maria e respeitá-los como força. No Espiritismo “Kardecista”, não há muitos relatos de situações assim, ou seja, o uso de elementos visuais para reconhecimento por parte dos Espíritos de qualquer grau evolutivo. Na Umbanda, os símbolos visuais são amplamente utilizados, não só a fins de reconhecimento de Entidades, mas também para evocação de forças, ou melhor, concentração de força mental. A Fraternidade Branca, as Nações Afrobrasileiras (Gêge, Ketu, e outras), a Jurema, Tambor de Mina, Terecô, Xambá, Xangô do Nordeste, o Catimbó e o Vale do Amanhecer, dentre outras organizações do Astral, também se valem largamente de símbolos. Até mesmo o uso da cor azul, por parte dos Legionários tem importância, já que é muito mais significativo do que ser o fato desta coloração utilizada para o manto da Virgem Maria em milhares de imagens religiosas pelo mundo. Na Umbanda esta cor é comumente associada ao Orixá Oxum, sendo sincretizada com Nossa Senhora Aparecida, ou seja, Maria. A cor azul celeste induz harmonia e serenidade, segundo fontes escritas e relatos de Entidades variadas.

Mais adiante, ainda na mesma preciosa página, visualizamos a figura do lanceiro, bem como ao comandante daquela missão de socorro:

“Os lanceiros, ostentando escudo e lança, tinham tez bronzeada e trajavam-se com sobriedade, lembrando guerreiros egípcios da antiguidade. E chefiando a expedição, destacava-se varão respeitável, o qual trazia avental branco e insígnias de médico a par da cruz já referida. Cobria-lhe a cabeça, porém, em vez do gorro característico, um turbante hindu, cujas dobras eram atadas à frente pela tradicional esmeralda, símbolo dos esculápios.”

A interessantíssima descrição dos soldados pode impressionar o leitor ligeiramente desavisado, que poderia estar lendo alguma obra meramente espiritualista. Mas trata-se de uma obra editada pela Federação Espírita Brasileira, pela tinta de respeitável médium. A apresentação de tais Espíritos já fora comentada, no que concerne a função, mas não refletimos ainda sobre a aparência de tais Entidades. Eram, pois, detentores de aparência perispiritual egípcia, pois era um antigo povo terreno, celebrado pelas conquistas das ciências matemáticas, médicas e também militares. Não significa, porém, como percebemos nessa imprescindível obra de formação moral e intelectual, que outras Entidades possuíssem aparências distintas. Como é o caso do líder da expedição, médico hindu, rememorando antiqüíssima civilização de filósofos, que contrariando, mais uma vez, as convenções Kardequianas, esta Entidade usava uma esmeralda em sua fronte, o que poderiam considerar como ostentação vulgar. Muitas entidades, sobretudo os Mestres Ascencionados da Fraternidade Branca, bem como alguns dos Médicos do Espaço portam esmeraldas, rubis, e porque não inserir nesse mesmo contexto, togas, robes, mantos, cetros, cajados e jalecos brancos? Devemos observar o que tal símbolo – e retornamos assim ao breve estudo da cruz, feito acima – representa não para o portador somente, mas também para os que estão mais atrás na cadeia evolutiva.

Em seguida, acompanhando a página seguinte, compreendemos melhor o desfecho do resgate dos sofredores, ainda no Vale dos Suicidas, quando os enfermos são levados a belas carruagens, puxadas por animais:

“...Brancos, leves, como burilados em matérias específicas habilmente laqueadas, eram puxados por formosas parelhas de cavalos também brancos, nobres animais cuja extraordinária beleza e elegância incomum despertariam nossa atenção se etivéssemos em condições de algo notar para além das desgraças que nos mantinham absorvidos dentro de nosso âmbito pessoal. Dir-se-iam, porém, exemplares da mais alta raça normanda, vigorosos e inteligentes, as belas crinas ondulantes e graciosas enfeitando-lhes os altivos pescoços quais mantos de seda, níveos e finalmente franjados.”

É idéia geral de que os animais, ao desencarnarem, irem ao chamado Espírito Grupo, perdendo, portanto, sua individualidade. O fragmento acima citado se ajusta com o relato do Espírito André Luiz, na obra Nosso Lar (editora FEB, 1997, 46ª edição; 1ª edição em 1944) que cita a presença de animais domésticos na referida colônia espiritual. Na Umbanda e em outras Religiões, é muito comum ao médium vidente, observar espíritos de cães, cobras, pássaros, onças em companhia de Espíritos dos Caboclos e Pretos Velhos. Existem argumentações que tais criaturas espirituais são formas pensamentos, mantidas pela força mental da Entidade, sendo, desta forma, um tema assaz, polêmico e digno de estudos mais profundos. Interessante e digno de nota que em 1955, na Doutrina Espírita, já havia relatos de espíritos animais, à serviço do Bem.

Parte II do estudo sobre três obras da médium Yvonne do Amaral Pereira

Dramas da obsessão

Pelo Espírito Bezerra de Menezes, 3ª edição, 1976 (1ª edição em 1963), Editora FEB, 209 páginas.

Obra que trata de dois casos de obsessão coletiva e os esforços da equipe dirigida pelo Benemérito Bezerra de Menezes em levar o Amor aos corações endurecidos.

Na primeira parte, Intitulada “Leonel e os Judeus”, descerramos um caso que atravessou os séculos, numa rixa obsessiva que se iniciou no período da Inquisição em Portugal, no século XVI.

Ao descrever, na página 15, a equipe espiritual que o auxiliaria, o Bondoso Mentor, apresentou-nos Roberto, assistente dedicado, que fora judeu em pretérita encarnação, e, Peri, indígena da tribo Tamoio.

“Eu levara, no entanto, em nossa comitiva, um indígena brasileiro da raça Tamoio, Espírito hábil, honesto e obediente, que voluntariamente se associara à nossa falange, desejando servir ao Bem, e mais o nosso assistente Roberto, a quem eu muito amava e confiava plenamente.”

Alguns leitores podem se perguntar do porque de tão elaborada apresentação de Peri e até concluir que esse Espírito, era um mero subalterno, por se apresentar com a aparência perispiritual de um índio. Mais à frente, porém entenderemos melhor do porque de Peri assim se apresentar. No entanto, chamamos a atenção para a forma de Bezerra descrever a índole do indígena. É exatamente igual a todos os servidores do Bem: hábil, honesto e obediente. Exatamente como o Apóstolo da Caridade, Adolfo Bezerra de Menezes, Servidor do Cristo. A intenção, claríssima, do Mentor é quebrar preconceitos em relação ao trabalho de Espíritos que se apresentam fora dos ditos “padrões de apresentação de Trabalhadores do Bem”.

Mais adiante, na página 20, Bezerra caracteriza a lida com os obsessores: “Geralmente, a caça a obsessores mui trevosos é levada a efeito por entidades pouco envolvidas, conquanto já regeneradas pela dor dos remorsos e pela experiência dos resgates, ansiosas pela obtenção de ações meritórias com que adornem a própria consciência, ainda tarjada pela repercussão dos deméritos passados (1). Efetuam-na, porém, invariavelmente, sob direção de entidades instrutoras mais elevadas, subordinadas todas as leis rígidas, invariáveis, as quais serão irrestritamente observadas. Essas leis são, como bem se perceberá, as normas divinas do Amor, da Fraternidade e da Caridade, que obrigarão os obreiros em ações mais patéticas e desvanecedoras atitudes de renúncia e abnegação, a fim de que não deixem jamais de aplicá-las, sejam quais forem as circunstâncias. Muitos desses operadores possuem método próprio de agir e os instrutores responsáveis pelo trabalho deixam-nos à vontade dentro dos critérios das leis vigentes, tal como a equipe de professores que ensinassem letras, ciências, etc., mantendo cada um o seu próprio método, embora observando todas as leis da pedagogia ou do critério particular de cada matéria”.

Nesse precioso parágrafo, visualizamos claramente o trabalho dos Espíritos na busca da cura de suas dores através do trabalho árduo, considerado atividade “braçal” ou de menor grau moral-evolutivo, embora que francamente ascendente. Na Umbanda, esses Trabalhadores são chamados de Exus Batizados, enquanto no Movimento Espírita são denominados Guardiões. Como bem esclarece o Benemérito Mentor, seus instrutores lhes dão liberdade para agir, dentro das Normas do Bem, importando tão somente a prática e o senso de Fraternidade, independente da forma.

Segundo Cláudio Zeus (2012) essas Entidades, denominadas Exus Batizados, são diferentes de exus (note que a inicial é minúscula propositalmente) que criam suas próprias leis e falanges, de forma Amoral ou Imoral. São os Exus Batizados, ou Guardiões, que dão sustentação ao trabalho de muitos Pretos Velhos e Caboclos, trabalhando de forma incógnita. Os Pretos Velhos costumam, em muitos casos, se referir a eles como MISINFINS.

Na nota explicativa (1), lemos: “Os médiuns bastante dedicados à Causa, e cujas experimentadas forças morais e psíquicas lograrem possibilidades, igualmente prestam tais serviços, durante o sono noturno, que os instrutores espirituais tratam de aprofundar quanto possível.”.

Esse registro vai de acordo com inúmeros relatos de médiuns, que chegam a descrever detalhadamente as circunstâncias da atividade executada em desdobramento. Porém, maior é o número de Seareiros que relatam não se recordarem de nada, exceto que “trabalharam”, ou ainda, apresentam “vaga idéia” do que se passou. Entendemos que tantos os médiuns, quanto os trabalhadores espirituais são equiparados moralmente, estando igualmente tutelados pelos Mentores.

Na página 21, observamos “...Então, dispúnhamos de individualidades da categoria de Peri, a qual, bondosa e incapaz de arbitrariedades, exercia a energia militar sempre que necessário – como antigo chefe de hordas guerreiras da Arábia, que fora em existência remota e, mais tarde, como cacique da tribo dos Tamoios (2)”. E seguimos, na página seguinte, a forma de atuação deste Espírito: “... Peri era especializado em tarefas tais (lida com espíritos endurecidos, inferiores em caráter, grifo nosso) e possuía métodos particulares, os quais aplicava com eficiência, sempre que necessário. Trazia às suas ordens pequeno pelotão de auxiliares, que obedecendo-lhes fielmente, tais os milicianos ao seu general, junto dele desempenhavam concurso valioso de proteção ao próximo, enquanto, assim agindo em defesa dos mais fracos, reparavam deslizes graves de um passado reencarnatório remoto, como explicamos lá atrás”.

A atividade executada pelo Espírito Peri é a mesma executada pela grande maioria dos Espíritos que na Umbanda são chamados de Caboclos, entidades que se valem de aparência indígena ou de militares romanos, no caso dos Espíritos que se apresentam como Oguns. Coordenam variado número de trabalhadores que podem apresentar roupagem fluídica diferente da deles, que são os Guardiões, ou Exus de Umbanda. Costumam atuar nas áreas mais densas, seja na Espiritualidade ou mesmo na Terra. No caso em tela, os auxiliares de Peri possuíam aparência fluídica de soldados árabes (fato este confirmado na página 31).

Na nota explicativa (2): “O nome Peri encobre a individualidade espiritual indígena, que não desejamos identificar, já reencarnada. Sua existência nas matas brasileiras traduz estágio de repouso e esconderijo, necessária para se furtar às continuadas perseguições obsessoras que, como antigo chefe de tribos árabes guerreiras, adquirira com as atrocidades praticadas. Não seria, portanto, Espírito primitivo, como também acontecia com muito outros índios brasileiros e escravos africanos no Brasil”.

Considerando que a anonimicidade é fato importante para a melhor prática da Caridade, favorecendo o despojamento do ego percebemos que a prática de adoção de pseudônimos é comum, por parte de muitos trabalhadores espirituais, para evitar adulações, incompreensões em geral, até mesmo movimentação de eventuais parentes ainda encarnados. André Luiz é outro Espírito que adotou essa prática logo no início dos seus trabalhos junto ao médium Francisco Cândido Xavier. Na Umbanda, as Falanges, ou grupamento de Espíritos que se afinizam ao Trabalho no Bem, possuem em suas práticas específicas, nomes adotados que são considerados simplórios aos olhos dos mais eruditos. A intenção é justamente atrelar a simplicidade, desde a denominação de um indivíduo e sua forma de trabalho no Bem a maneira mais humilde possível. Quanto ao nome fictício Peri, de origem realmente indígena, observamos expressiva Falange Umbandista, muito antiga, que opera com esse nome, embora não signifique que este Espírito fizesse formalmente parte deste grupamento espiritual.

Ao iniciar o trabalho de resgate da pequena e arrivista falange de obsessores, podemos ver Roberto preparando-se para a missão, na página 41; “Roberto fora hebreu em certa existência vivida em Portugal e na Espanha e fácil lhe seria valer-se da circunstância para atingir os nobres fins que trazia em mira. Fez, portanto, que retroagissem ao passado as próprias forças mentais (fenômeno de regressão da memória, tão conhecido nos dias atuais, passível de realização tanto entre os encarnados como entre os desencarnados), pela ação de irradiação da própria vontade... e voltou a ser o judeu de outrora, o homem oprimido e ameaçado a cada passo por um seqüestro e quiçá pela morte, sob os tratos do Santo Ofício”.

Nessa passagem, o Espírito Roberto torna-se mais aceitável socialmente para contato com os obsessores, no caso, antigos judeus do século XVI. É uma prática muito comum por parte da Espiritualidade, despojada de valores inferiores como preconceito racial. Muitos Espíritos, como forma de trabalho, adquirem aparência perispiritual de Pretos Velhos e Índios para lembrar, dentre outras coisas, que no passado, esses dois povos foram considerados desprovidos de almas e pouco mais do que animais irracionais, selvagens ao extremo e incapazes de compreender a civilização. É através da simplória aparência e forma de comunicação que revelam grande sabedoria e ensejo de auxiliar os tutelados na melhor forma de compreensão dos mesmos, ajudando a quebrar preconceitos, sobretudo no que confere a vaidade.

X

No segundo relato, intitulado “A severidade da Lei”, trazido pelo Benfeitor Bezerra de Menezes, situado, inicialmente, em 1910, trata da saga de uma mulher, que após grave incidente reajustador, atravessa longos anos acamada. Com paciência, humildade e fé, a personagem principal vence, ao fim. Mas não antes de um rosário de dor ser desfiado. Encontramos também a descrição da Falange chefiada por “Santo” Antonio de Pádua, que junto ao autor espiritual desta importante obra, é responsável pelo grupamento em que a narrativa se insere, e descortinamos mais um pouco o conhecimento, deixado aqui na Terra nos anos 60, sobre o trabalho dos Espíritos Benfeitores.

Na página 157, após o convite feito a Bezerra de Menezes, que se encontrava em prece na Erraticidade, vemos que o Médico dos Pobres se torna ciente de mais um intrincado caso de obsessão que se arrastava por séculos, desde o tempo da Inconfidência Mineira, pelos idos dos anos de 1700. O nobre Espírito, embevecido, narra delicadamente a Falange das Crianças, chefiada por Antonio de Pádua, pertencente à Corte Celeste. Acompanhemos: “...Não pertenço, como não pertencia então, a essa doce falange que também integra crianças angelicais e lindas como os próprios lírios que carregam, lírios que, no Espaço, as tornam reconhecíveis como elementos, ou pupilas de Antonio, Espíritos evoluídos que, no Além, sob formas perispirituais infantis, rodeiam o ilustre varão celeste, obedecendo-lhe ás ordens no setor beneficente (29)”. Mais adiante, na página 202, ainda emocionado, o autor espiritual narra: “... A seu lado, três lindas crianças, pobrezinhas, mas lucilantes, angelicais, pés desnudos, lírios entre as mãos”.

Não é muito comum a descrição de Espíritos infantis no meio Espírita, embora seja reconhecido como existente. Todavia, na Umbanda, a Falange das Crianças, ou Ibeijadas, é amplamente difundida. Trabalhando ativamente na Cura da Alma dos encarnados, esses Espíritos Evoluídos apresentam diversidade de formas fluídicas, embora sempre juvenis: negras, indígenas, mestiças e caucasianas.

Percebemos, na nota 29 da médium, a profunda emoção desta ao contemplar essas crianças, mediante auxílio mediúnico do Amigo Espiritual: “A magnanimidade do Espírito Bezerra de Menezes deu-nos a visão dessas crianças citadas. Representam crianças pobres, trajadas humildemente, pés descalços, cabelos despenteados. Não obstante, rebrilham de claridades celestes e sobraçam lírios. Dão-se as mãos para caminharem, mui gentilmente, e um luzeiro rosa envolve-as, distendendo-se em torno. Não nos foi possível conter as lágrimas diante de tão sublime quadro espiritual”.

Não é obra do acaso, as Falanges de Crianças na Umbanda serem reconhecidas pelas flores que gostam de portar, quando incorporadas, e pelas cores que adotam: o rosa e o azul claro. Muitos médiuns videntes costumam perceber essas luzes no ambiente, identificando que Espíritos dessa Falange estão presentes.

É importante ressaltar que as Crianças de Umbanda (Ibeijadas) nada tem a ver com as Entidades conhecidas como Erês, que atuam nas Nações. O proceder desses dois grupamentos é completamente diferente e a única semelhança que possuem é a forma infantil de apresentação.

Parte final do estudo sobre três obras da médium Yvonne do Amaral Pereira

Recordações da Mediunidade

Yvonne do Amaral Pereira (Orientada por Bezerra de Menezes), Editora FEB, 4ª edição, 2011 (1ª edição 1966), 256 páginas.

Obra que trata das experiências da médium, tutelada por Bezerra de Menezes, que faz referências a encarnação pretérita da autora, bem como suas conseqüências para sua última existência terrena. Vislumbra seu mandato mediúnico, seu esforço para praticar o Bem e assinala algumas das entidades espirituais com as quais conviveu, Certamente, hoje em dia, muitos deles seriam impedidos de trabalhar junto a Casas Espíritas, ou mesmo alguns médiuns, por não possuírem a aparência e/ou o linguajar adequados.

Iniciando pela página 112, observamos a caracterização de um Espírito Amigo, familiar da médium Zulmira Teixeira, que se apresentava como índio, adotando o nome Emanuel.

“Na mesma reunião foi também materializado o espírito familiar da médium o índio brasileiro ‘Emanuel’, o qual tantas e tão belas curas em enfermos e obsidiados realizou com o concurso da mesma intérprete (3). Assim humanizado, o índio ‘Emanuel’ dir-se-ia estátua de bronze lucilante, tão bela era a sua aparência. Meio desnudo, trazia como único vestuário os acessórios da condição indígena. E o seu talabarte, o depósito das flechas, as próprias flechas, o arco, o diadema e as pequenas penas que o enfeitavam lucilavam em reflexos brancos, azuis e amarelos. Era jovem e seus cabelos escuros e longos, também reluzentes, caíam pelos ombros. Trazia como estampada em toda a sua configuração a raça indígena a que pertencera: Tamoio.”

Esse curioso fragmente nos dá uma extensão muito interessante sobre as atividades e até da aparência desse Espírito, chegando mesmo a sua etnia, ou quem sabe, Falange espiritual. Muitos caboclos de Umbanda são exímios curadores de enfermidades terrenas, além de hábeis no trato com espíritos obsessores, e, sua apresentação perispiritual é idêntica a apresentada na caracterização de ‘Emanuel’. Interessante ressalvar o diadema portado pelo Espírito indígena. Os relatos que existem no Brasil, a respeito do uso desse adorno, por parte dos índios, refere-se a objetos criados com penas, presas de animais, algumas pedras semipreciosas, que eram dispostas artísticamente em um conjunto único. Pelo dicionário Aurélio (Editora Nova Fronteira, 3ª edição,1993), diadema é um sinônimo de coroa, estando assinalado o seguinte “1. faixa ornamental com que os soberanos cingem a cabeça; 2. adorno circular que as mulheres usam no penteado.” Atualmente, o conceito mais empregado para diadema, é a de jóia preciosa, presa por um arco, disposto sobre a testa de seu portador. Notoriamente, Entidades de Umbanda se apresentam com diademas na fronte. Mais impressionante ainda, pelo relato no supracitado livro, Emanuel não foi visto por vidência, mas sim por materialização diante de várias testemunhas.

No item (3) do fragmento acima exposto, a autora esclarece que ‘Emanuel’ não é a mesma entidade evangelizadora ‘Emmanuel’ mentor de Francisco Candido Xavier, que a esse tempo não havia iniciado seus trabalhos mediúnicos junto ao público. O significado desse nome é ‘Deus conosco’ denotando o enorme comprometimento destas Entidades com o Bem.

Mais adiante, Yvonne aponta um longo e instigante relato, nas páginas 141 e 142, que fragmentaremos para melhor observação:

“A velhas ex-escravas, porém, morreram, levando para o Além a afeição e a gratidão que nos consagravam, e como Espíritos desencarnados, continuaram nossas amigas, desejosas de retribuírem o carinho que lhes dávamos, outrora, auxiliando-nos durante os momentos difíceis que mais tarde sobrevieram em nossas vidas.”

Yvonne não nos fala de servidão espiritual, uma relação de poder temporal, mas sim de gratidão espontânea. Notemos que os dois Espíritos não poderiam ser descritas como “Entidades Pretas Velhas” por não terem suas atividades coesas na prática da Caridade, dentro da chamada Lei de Umbanda. Delfina e Germana, como eram chamadas, eram generosas e amáveis, mas não deviam, talvez, distinguir o que é correto do que é errado, realizando todo o possível a para Yvonne e família por amor, quem sabe até mesmo atrapalhando indiretamente na evolução moral da família Pereira. Nas linhas seguintes, perceberemos que essas duas entidades se ajustaram em falanges afins. Como eram recém desencarnadas, não teriam, ainda, o cabedal de conhecimento para melhor ajudar, e mais, a condição mental de sustentar um processo de formação moral. Complementa-se ainda que essas duas Entidades recém desencarnadas não apresentavam condições para atuarem como Guias, nem mesmo como Protetores de alguém, por não possuírem nenhum conhecimento sobre o Plano Espiritual.

“E parece mesmo que as duas antigas amigas, uma vez desencarnadas, carrearam para nós grupos afins espirituais seus, pois, além delas sempre me causou enternecida estranheza o fato de me ver frequentemente assistida por Espíritos de antigos escravos da raça africana e de índios naturais de antigas tribos brasileiras.”

Percebemos que esse vínculo, além de possíveis carregos espirituais da família Pereira, cujos pais abrigavam desabrigados de todos os matizes, os próprios espíritos familiares dos encarnados beneficiados, que, por gratidão aos bondosos anfitriões, passavam a ajudá-los também. Nesse caso, provavelmente, alguns destes Espíritos, de formação moral mais elevada poderiam organizar os demais e assim facilitar o imenso trabalho fraterno que o pai da autora liderava junto de sua esposa, tanto que observamos o auxílio deles nos desdobramentos mediúnicos de Yvonne:

“No que me diz respeito, porém, essa assistência se exerce de preferência hoje como nunca, durante os fenômenos de desdobramento em corpo espiritual, quando, às vezes, me encontro como que perdida em regiões tenebrosas do mundo invisível ou mesmo da Terra, á mercê de perigos imprevisíveis. Sou mesmo inclinada a crer que, assistindo-me em ocasiões tais, as ditas entidades, já esclarecidas e portadoras de muito boa vontade para acertar nos caminhos da evolução, mais não fariam do que o cumprimento de sagrado dever, porquanto, segundo minhas próprias observações, todas elas formaria falange como que de milícia policial do mundo invisível, combatendo distúrbios que muito se alastravam pelas duas sociedades se não fossem de algum modo combatidos, milícia que seria dirigida por Entidades mais elevadas na hierarquia de Além Túmulo. Poderíamos dar-lhes ainda o qualitativo de ‘assistentes sociais’ do Invisível, de vigilantes, etc.”

Encontramos nesse belo depoimento, além da gratidão da autora, a descrição desses espíritos a partir de seu ingresso em um grupamento espiritual. Realizam tarefas mais simples, mas de alto valor moral. Se esforçam para auxiliar, mas sem interferir no livre arbítrio da médium, nem ir contra as Leis Divinas. Possuem código de ética rigoroso, e possuem forma de ação variada. No início deste modesto estudo, já verificamos essas características, e aqui ratificamos. Na Umbanda, tais procederes, são encargos dos Exus Batizados com expressivo grau de evolução moral, tornando-se de fato Protetores; ou, no Espiritismo, Guardiões. Nas linhas seguintes, já na página 142, Yvonne cita que existem outras formas de atuação assistencial, por parte da Espiritualidade, bem como nunca haver conversado com esses Espíritos trabalhadores em sessões mediúnicas, sendo discretos e humildes. Somente nos transes da autora, sem a presença direta dos mentores, é que se manifestam com poucas palavras, na mesma linguagem que ela.

Relembrando sua origem familiar-terrena, Yvonne A. Pereira, relata que sua bisavó, uma legítima índia Goitacás (do tronco Tamoio) fora-lhe um baluarte de sincero amor cristão. E na página 143, a célebre médium apresenta ao leitor a figura de José, um índio Goitacás, que mais adiante se revela irmão de sua prezada bisavó.

“Eu me admirava, pois, de notar ao meu lado, de quando em vez, a título de ajuda e proteção, a figura espiritual de um índio brasileiro, jovem e gentil, aparentando dezoito ano a vinte anos de idade, cujo semblante apresentava melancolia profunda, enquanto as atitudes eram sempre discretas e afetuosas.” E segue: “Como Espírito desencarnado, porém, a dita Entidade não perdera ainda, talvez por ser essa a sua própria vontade, ou talvez por impossibilidades acima da minha capacidade de apreciação, não perdera ainda o complexo mental da última encarnação terrena, pois seu aspecto era o do comum dos índios brasileiros, discretamente enfeitado com plumagens de aves e flechas coloridas, e os cabelos compridos caídos pelos ombros revelando antiga raça dos nossos nativos. Sua configuração espiritual, por isso mesmo, nada apresentava de tênue à minha visão, quer durante os transes mediúnicos quer em vigília.”

Esse amigo espiritual da autora, fazendo às vezes de protetor, ou guardião pessoal, embora tomasse a aparência indígena, não funcionava dentro do arquétipo do Caboclo de Umbanda. Emanuel e Peri, já citados, teriam muito mais cabedal para essa correlação haja vista a evolução moral que dispunham e também pela forma e trabalharem: na cura e no trato com obsessores. Nesse caso, percebemos a indagação de Yvonne ao se manifestar a respeito da eventual incapacidade de José (que se apresenta assim na página 145, mediante questionamento da médium) de alterar sua aparência perispiritual, o que no caso dos outros Trabalhadores do Bem supracitados, não foi cogitado por conta do vulto moral desses dois Emissários. No entanto, na página 149, a médium descobre que o Amigo Espiritual optava por assumir aquela aparência, sendo Espírito antigo e civilizado, que reparava erros cometidos, da mesma forma que Peri.

No caso do Espírito José, cuja derradeira encarnação fora de índio Goitacás, podemos inseri-lo como um Guardião ou Protetor Particular. A melhor forma de refletirmos sobre Exu é considerar seu nível evolutivo: como alienado da Lei do Progresso (como um Amoral ou Imoral, que negociam pagamentos com eventual consulente, dentro do pensamento apresentado na página 8) ou de Aprendiz da Lei do Progresso, sem muitas certezas sobre ela, mas ainda assim um estudioso e praticante da Lei (moralizando ou moralizado, que não negocia pagamentos).

Nas “Nações afrobrasileiras” Exu tem conceito completamente diferente, exceto por ser Amoral, sendo sempre Exu, e seu culto/forma de se relacionar é muito diferente do que ocorre na Umbanda, até porque nos chamados Candomblés não se trata de um Egum (palavra de origem Yorubá para designar desencarnado) e sim um ser diferenciado, como os demais Orixás/Voduns e outros, conforme a Religião em questão, pela ótica Ketu, Gêge, etc... (para maiores entendimentos sobre, recomenda-se as obras clássicas do autor Pierre Verger) que, por sua vez, são diferentes da Umbanda e outros cultos, exceto por alguns nomes. E para se compreender das possíveis razões para essas diferenças e semelhanças, serão necessários outros estudos.

Para entender melhor a conceituação de Guardião, termo mais adotado pelos Espíritas Kardecistas, este é um Protetor, podendo se apresentar na Umbanda como Exu, Preto Velho e Caboclo (como veremos logo abaixo), desde que se posicionem na tarefa de guarda/proteger particularmente uma pessoa, grupo ou local. Quando nos referimos a Guia, de fato e de direito, independente de sua forma perispiritual (Pretos Velhos e Caboclos, ou ainda Crianças, em se falando de Umbanda), sua evolução moral é superior à do tutelado, auxiliando de várias maneiras a evolução do pupilo.

No Livro Loucura e Obsessão (editora FEB, 11 ª edição, 2010; 1ª edição 1988), de Manoel Philomeno de Miranda e Divaldo Pereira Franco, sob a tutela de Bezerra de Menezes, podemos ler sobre um forte destacamento de índios atuando na proteção de um terreiro de Umbanda chefiado por uma Entidade conhecida como Preta Velha (que é o cenário central do referido livro), que detém influência benigna junto a entidades sofredoras. Conversando com antigos médiuns de Umbanda, descobrimos que espíritos de índios faziam a proteção dos terreiros. Eram entidades mais simples e de trato direto dos mentores da casa. Com o passar dos anos, surgiram as Falanges conhecidas como Exus e Pombogiras, que assumiram esta função de defesa do terreiro e proteção. Ou seja, mudou-se a aparência perispiritual e nomes das Entidades, mas não sua função. Em outro momento, estudaremos as ricas obras desse autor Espiritual para analisarmos com mais profundidade, sobretudo este livro supracitado.

Na página 149, podemos perceber, que a médium, talvez movida por algum preconceito doutrinário insconsciente, tenta alertar o índio José para sua forma espiritual:

“- Se já foste civilizado, como encarnado, porque conservas, agora, a configuração indígena, que é tão primitiva? Não é tempo de corrigir os complexos mentais?... Ou as antigas existências são hoje odiosas ás tuas recordações, e por isso preferes a aparência indígena?... – ousei perguntar, valendo-me do direito que a prática do Espiritismo faculta pra instrução doutrinária.”

Nesse polêmico fragmento, vemos que Yvonne, talvez, atrelada a sentimentos por seu ancestral familiar, já que José fora irmão terreno de sua bisavó, e tendo convivido com a própria autora ao longo dos séculos (página 148) se apega ao formalismo superficial, esquecendo-se, momentaneamente, da importância do conteúdo, em relação à forma. Delicadamente, porém com firmeza, o Espírito José, respondeu:

“- Sim – respondeu – a atual aparência é-me mais grata, porque não posso desaparecer de mim mesmo, sou eterno e há necessidade de que eu seja alguma coisa individualizada... Foi como indígena brasileiro que iniciei a série de reparações das faltas cometidas no setor civilizado. Mas, ainda que eu desejasse modificar a minha aparência, não o poderia, por uma questão de pudor e honradez. Como aparecer a mim mesmo ou a outrem com a personalidade de um déspota, um tirano, um celerado? Terei de desempenhar longa série de tarefas nobres, nos setores obscuros que me couberem, em desagravo aos males outrora causados no setor civilizado... A punição continua, ainda não estou liberto do pecado... “

Essa firme resposta à nossa doce Yvonne nos faz lembrar da Lei da Ação e Reação, e Yvonne, que já havia descrito situações assim nas obras supracitadas, e mais, com as devidas observações, deu-se por entendida. Ao longo da página seguinte, tocada em sua fibra íntima, a médium procura saber do Espírito José, qual sua efetiva ligação, o que é negado pelo Protetor. Entendamos que a nobre Yvonne é humana, e percebemos sua grandeza espiritual ao publicar as linhas, encontradas na referida página, sem receios de eventual má interpretação ou má fé. Vemos uma pessoa sensível, que movida por afeição e curiosidade, tentou modificar, ainda que levemente, o entendimento da missão do Espírito José.

Mais adiante, na página 166, passamos a conhecer o Espírito José Evangelista, que se apresentava como homem negro, tendo sido escravo brasileiro nos tempos da Monarquia:
“... José Evangelista, ter sido homem de cor, quando encarnado, e escravo de descendência africana no Brasil, ao tempo da monarquia. Muito inteligente, mesmo culto, esse Espírito conservou-se um enigma para mim durante algum tempo, pois somente nos dois últimos anos me foi dado conhecer os motivos pelos quais se apresentava senhor de tanta cultura. É, no entanto, grande trabalhador e frequentemente se comunica em nosso núcleo espírita, trabalhando dedicadamente a bem do próximo, às vezes mesmo sob direção de mentores mais elevados, não obstante possuir métodos particulares para agir nos serviços da Lei da Fraternidade Universal faculta liberdade de métodos aos seus obreiros, desde que os princípios da mesma sejam observados.”

Neste fragmento de apresentação, encontramos um Espírito de homem negro de vasta moral, detentor de metodologia própria de ação no Bem. Essa afirmação é somada a tantas outras iguais, ao longo da obra de Yvonne Pereira, desmistificando que a estrutura de Ação Fraterna tem que ser a mesma, seja no mundo denso, seja na Espiritualidade. Da mesma forma que outros Espíritos, como o próprio Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, o Espírito José Evangelista atua sob orientações de Espíritos mais elevados, desqualificando-o como Espírito iniciante em sua escalada de Crescimento Moral, em comparação com os Espíritos Delfina e Germana.

“O Espírito José Evangelista, no entanto, em se afirmando ex-escravo no Brasil, não apresentava complexos conservados do estado de encarnação, por isso que se exprimia naturalmente, sem o palavreado da raça, senão em estilo clássico, pelo menos de modo normal, embora fácil.”

Esse trecho interessantíssimo vai de acordo com o conhecimento, por parte de Umbandistas estudiosos que as Entidades que nela militam não se fixam cegamente às suas expressões de comunicação. O falar arcaico, mesmo errado, serve tão somente para demonstrar que, através de uma humilde manifestação verbal simples, existe todo um conhecimento benéfico que está sendo passado. E sempre de forma compreensível ao consulente. De nada adiantaria, o idioma português escorreito a uma pessoa de pouca formação acadêmica que não iria compreender. E mais, a forma de se expressar aproxima as partes em questão, o Espírito, e o consulente, facilitando a troca magnética por empatia. Não raro, porém, as Entidades de Umbanda se comunicarem sem floreios ou deficiência no vocabulário, expressando-se de acordo com as normas cultas da gramática, dominando terminologias específicas das ciências modernas.

Uma das características mais marcantes das Falanges dos Pretos Velhos é o domínio da Psicologia, pode ser analisada através da tinta de Yvonne Pereira, no seguinte fragmento, registrado na página 174:

“- O bom José Evangelista será também profundo psicólogo, não obstante sua humilde condição de ex-escravo de raça africana. Ele sabe que até mesmo...”

Um bom psicólogo independe de sua condição racial, depende de sua formação moral e intelectual, sendo, portanto desnecessário o emprego desta frase, por parte de nossa Yvonne, talvez, espantada por testemunhar tão brilhante trabalho de amparo ao Espírito Pedro, também negro – o que pareceu não surpreender a médium – que obsediava inconscientemente um conhecido da querida seareira do Bem.

Entendemos que, embora fosse libertária, a autora, devido, certamente, à influenciações que já em sua época grassavam a eventuais preconceitos quanto à forma e conteúdo, e sua humildade em reconhecer-se pequena ante a grandeza da Obra Divina, faz compreender algumas citações, que acreditamos serem desnecessárias. Para comparações eventuais, ao assunto que nos referimos, não lemos em nenhuma obra a ressalva que Cairbar Schutel, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo eram brancos. Esses baluartes do Bem trabalhavam em nome do Cristo de forma impressionante, a despeito de sua condição social e raça. Simplesmente trabalhavam.

Mais adiante, de forma brilhante, a saudosa médium, trata junto ao Espírito José Evangelista, a forma como esta Entidade Benemérita resolvera a questão do Espírito Pedro, tocando pelo viés artifício:

“Caro irmão José Evangelista – comecei – o Sr. Entende por verdadeiramente lícita, perante os códigos espirituais, a farsa da compra da propriedade do nosso Pedrinho, para obrigá-lo a sair dela? – pois sinceramente acredito, com Allan Kardec, que todos nós, experimentadores espíritas, temos o direito de procurar instruir-nos com os Espíritos que nos honram com suas atenções, visto que a própria Doutrina Espírita nos faculta tal direito, para que as dúvidas não persistam obumbrando nosso raciocínio.”

Legitimamente, a médium, em meados do século XX demonstrava preocupação com a prática da “farsa” muito comum nos casos de desobsessão, seja no Espiritismo (Kardecismo), seja na Umbanda, seja até mesmo nas Igrejas Protestante e Católicas, conforme temos por relato de Entidades que trabalham nessas Searas.

“Responderei a sua pergunta depois que a senhora me disser como entende a questão da Caridade e me indicar que ‘propriedade’ nosso amigo Pedro possuía, sendo Espírito desencarnado...” Mais adiante, o sábio Espírito prosseguiu, elucidativo: “- Sim, pode ser isso também, mas é muito, muito mais do que isso, porque a Caridade é Amor e o Amor é infinito e indefinível. Então, pois, a ‘farsa da compra’ não foi Caridade, segundo minhas próprias possibilidades, para com nosso amigo Pedro? Não foi Caridade com o pobre ‘C’, chefe de família carregado de responsabilidades, necessitando trabalhar para manter os seus, e que havia três meses que sofria os terríveis reflexos das vibrações negativas daquele cujo corpo físico tombara com um câncer generalizado? Não foi Caridade com o próprio Pedro, livrá-lo da fixação mental nesse câncer, que o fez desencarnar há tanto tempo, mas sua lembrança o afligia ainda, conservando-o imaginariamente doente? Não foi Caridade com a família de ‘C’, que sofria por vê-lo sofrer e temendo o desenlace do corpo carnal, e que se fatigava nas lides e peripécias que a grave enfermidade do seu chefe arrastava? E não foi Caridade também com a senhora, que se esgotava fisicamente nos serviços de ajuda ao enfermo e aos labores domésticos, e à noite continuava a se esgotar mental e psiquicamente, no penoso contacto com uma entidade endurecida nas próprias opiniões, enredada em distúrbios mentais provindos da amargura do ódio e do agarramento à matéria? Com a senhora, incumbida de ensiná-lo a amar e perdoar, dedicando-se a ele com paciência maternal, e que levou cerca de dois meses nesse penoso trabalho, quando outras tarefas lhe competiam junto a outros sofredores, talvez mais graves do que o mesmo Pedro? Às vezes, minha filha, nós, os servos desencarnados, nos vemos na contingência de nos valermos de ‘farsas’ desse tipo para impedir que o mal se alastre, provocando crises imprevisíveis, e para preparar o ensejo de o amor resplandecer e a verdade se manifestar, reeducando o ignorante.”

A ‘farsa’ conforme elucidou o Espírito José Evangelista é um meio muito empregado, e como escrito acima, nas Casas de Religião em geral. Dificilmente, um encarnado participa ativamente delas e Yvonne Pereira é um caso especial, trazendo à baila, ainda nos distantes anos 60 (década de publicação desta obra, e salientamos, que este caso talvez tenha acontecido em período anterior), essa temática assaz importante nos dias de hoje. A Espiritualidade Superior, em seus programas de Caridade, dispõe de um vasto leque de opções, enquanto o Astral Inferior também detém suas formas de obsessão. Cumpre-nos entender essa verdade e auxiliar ao máximo os Benfeitores, comprometendo-nos no exercício irrestrito de amar ao próximo, com Instrução e Reforma Íntima.

X

Concluímos esse modesto estudo, acima de tudo, agradecendo pelo legado que a sensível Yvonne do Amaral Pereira nos deixou seu exemplo de Amor e persistência no Bem. Observamos que nos dias de hoje, essa saudosa médium seria confundida, caso seu nome fosse omitido e chamado de ‘X’. Nesse caso, pelas suas histórias narradas nos livros, seria facilmente considerada médium de Umbanda ou de algum segmento Espiritualista, ficando o Espiritismo “Kardecista” fora de cogitação, conforme foi constatado em algumas oficinas de estudo, onde assim se procedeu. Entendamos que Yvonne pouco se preocupava com rótulos, trabalhando tão somente na Caridade Cristã. Na verdade as raras vezes que essa doce seareira da Luz se voltou para roupagens superficiais, foi conduzida a reflexão produtiva pelos Amigos Espirituais, como vemos ao longo do presente estudo. Não foi por acaso que essa senhora lidou com vasta gama de Espíritos, conhecendo suas Falanges variadas, e seus registros na forma de livros, postos à público através das décadas, são preciosos e devem ser sempre estudados, refletidos. As linhas que a querida Yvonne trouxe à matéria terrena é livre de dogmas, permeada pelo sentimento de Humanidade Fraterna, eloqüente, cheia de informações preciosas para nosso crescimento moral, livre de preconceitos, cismas, entraves religiosos, ou seja, totalmente condizentes com as máximas do Cristo.




http://www.reflexoesecaminho.blogspot.com.br/


para baixar gratuitamente os livros da série Umbanda Sem Medo: http://umbandasemmedo.blogspot.com.br/

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O centurião



autor Thiago D. Trindade




Interessante estudar o caso do centurião (Mateus, 8: 5-13) que vai até Jesus pedir a recuperação de seu servo enfermo. Um homem da elite do exército romano, portanto, um invasor, que contra todas as expectativas resolveu pedir por alguém cujo povo jazia esmagado sob as sandálias férreas do Império Romano. E, atravessando o mar de aflitos que o Mestre Galileu curava, o soldado veterano rogou pelo servo ao estranho Rabi, que se voltou para ele com doçura e deferência, para espanto geral.

Tenhamos em mente que o soldado, líder de um feroz destacamento de cem guerreiros, poderia ter mandado buscar Jesus. Ou ainda, iria com parte de sua belicosa tropa até onde o grupo se reunia e obrigado o Cristo a fazer o que quisesse.

Sendo Jesus o Amor na Terra, certamente iria à casa do centurião, se fosse convocado. Caso fosse abordado com truculência, ainda assim iria curar o servo do soldado. No entanto, não aconteceu assim. O que fez o centurião, sozinho, deixar seu posto e atravessar o mar de gente hostil e ir até um entranho judeu que falava sobre um reino dos céus?

Primeiro, entendamos a relação entre os escravos e senhores na antiguidade romana. Aos escravos domésticos havia confiança e entendimento, na maioria dos casos. Não raro os senhores eram aconselhados pelos servos que lhes dedicavam afeto sincero. Muitos escravos chegavam a cuidar das feridas dos amos e a administrar alguns dos seus negócios. Em muito pouco lembra a escravidão que vigorou entre os séculos XVI e XIX, incluindo aí o Brasil, embora aos escravos domésticos fosse dado uma pequena confiança por parte dos senhores.

Mas, voltemos ao caso do centurião.

O servo doente devia gozar da confiança e afeição de seu senhor, e certamente, ao ouvir sobre os feitos de Jesus e sua Boa Nova, fez crescer no humilde escravo judeu uma nova esperança. Com essa Fé crescente, o servo fiel instaurou no centurião a idéia de que Jesus, que a todos curava, pudesse salvar seu amigo.

A Fé do escravo fez o centurião romano guiar-se até o Divino Médico e por fim o próprio legionário encontrou a si mesmo.

Decidido, o soldado trajou-se com sua lendária armadura, cingiu seu gládio à cintura, e certamente essa arma se banhara em sangue inúmeras vezes, e então, partiu para pedir ajuda para seu amigo agonizante.

“Como a Fé nesse esfarrapado judeu pode sustentá-lo? Que Deus é esse, a quem esse tal Jesus tanto fala?”

Certamente o centurião deve ter se perguntado coisas assim enquanto caminhava pelas ruas empoeiradas da Cafarnaum. Muito provavelmente seus pares iriam receber a notícia de que ele se misturara ao estranho povo bárbaro, ainda mais por um escravo. Isso, como os Registros assinalam, foi posto de lado pelo guerreiro.
Sozinho, munido pela compaixão por seu amigo doente, o centurião viu a aglomeração e no meio dela, Jesus. Um último obstáculo. Teria sido mais fácil matar uma pomba a um dos deuses romanos. Mas não era isso que o servo precisava. O servo precisava de Jesus e então era Ele que o centurião iria oferecer ao amigo.

Em passo de marcha, inicialmente, e depois abrindo caminho lentamente por entre a massa de judeus, o legionário se viu diante do Mestre Nazareno.

Imaginemos o encontro de ambos: Dois conquistadores. Um, conquistador de corpos, acostumado ao trabalho da espada. O outro, conquistador de almas, acostumado ao trabalho do Amor.

Toda e qualquer dúvida que o soldado pudesse ter em seu coração, desfez-se em pó.

Escandalizados, os discípulos se agitaram. Afinal o centurião era um gentio, ou seja, um não judeu, e estava entre eles. E ainda mais era um vil romano!

Jesus, por sua vez, parecia que esperava a chegada daquele que possivelmente era o primeiro gentio a abraçar a Boa Nova.

Com um sorriso, o Rabi anunciou que a Fé do guerreiro curara o servo, e que a determinação do centurião fora fundamental para o processo. No fim, o legionário encontrara a cura para si mesmo.

Aturdido, o velho soldado fez o caminho de volta e reencontrou o amigo recuperado. Particularmente, me pergunto onde estaria o centurião, e o que ele sentiu, quando o Cristo fora destroçado por seus companheiros romanos, certamente seus conhecidos...mas deixa pra lá, não é mesmo?

Todos nós somos como esse centurião. Temos alguém que amamos e que precisa de nossa ajuda. Alguém cuja Fé é tamanha que nos inspira a caminhar em busca de socorro para ele. E nesse percurso acabamos por nos encontrar. Quase sempre temos à mão a espada que toma, que conquista. Mas ao optar por seguirmos a trilha da Fé sincera, atingimos o Objetivo Maior. O mar de adversários que nos separam da Luz Maior, nos servem para lembrar nosso propósito que é servir ao próximo, independentemente do que dizem ou pensam.

O legionário venceu sua maior batalha ao pedir por aquele a quem amava. Chegando a Jesus e a Boa Nova, o romano nunca mais se afastou da Luz Maior.

E como eu sei disso?
Quem conseguiu passar ileso de um encontro com o Mestre?



Vídeos - Vida e obra de Yvonne do Amaral Pereira, um dos maiores baluartes espíritas



Vale à pena conhecer a vida e a obra desta notável brasileira e sua imprescindível obra.


http://www.youtube.com/watch?v=jvNjAmlVldQ


http://www.youtube.com/watch?v=j2poSXNCE5Y


Vídeo - Jerônimo Mendonça, o Gigante Deitado


Excelente palestra, sobre o espírita Jeronimo, e seu trabalho no BEM.



http://www.youtube.com/watch?v=IiFFaPENtFs

Vídeos - Ana Prado, médium pioneira em materialização no Brasil.


No estado do Pará, houve uma médium caracterizada, dentre muitos feitos, pela materialização. Esta jovem foi estudada pelo estudioso espírita Gabriel Dellane.


Vale à pena conferir essa palestra.

http://www.youtube.com/watch?v=2t9y-nqd_P0

Vídeo - De Kardec aos dias de hoje



Em comemoração ao Bicentenário de Nascimento de Allan Kardec (1804-2004), o Codificador do Espiritismo, a Federação Espírita Brasileira (FEB), em parceria com a Versátil Home Video, apresenta O Espiritismo - De Kardec aos Dias de Hoje. Esta edição especial tem menus e legendas em oito línguas, incluindo Esperanto. O filme traz uma visão geral sobre os preceitos básicos da Doutrina Espírita e sua contribuição para o progresso e a felicidade do ser humano. Abrangendo desde as obras que compõe a Codificação do Espiritismo por Allan Kardec ao Movimento Espírita da atualidade, o DVD é uma excelente introdução à Filosofia, à Ciência e à Religião Espírita.



http://www.youtube.com/watch?v=YUuiAIGHYIc

Marlene Nobre comentando a importância da obra de André Luiz



http://www.radiofraternidade.com.br/ - Palestra contribuição das Obras de Andre Luiz para a Ciência, Marlene Nobre SP, 07/12/13, Uberaba MG, Grupo Espírita da Prece


http://www.youtube.com/watch?v=DKQTyAwxjd0&feature=youtu.be

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A salvação de todos

Autor Thiago D. Trindade



É crença comum de que todo aquele que disser que é cristão será salvo. Um grande equívoco já que o Mestre afirma que nem todo aquele que disser “Senhor! Senhor!” será salvo, conforme assinala Mateus (7: 21-23).

Falar da boca para fora é fácil, simples. Antes de exaltar a própria – e pretensa – salvação, ao contrário de como muitos tem feito por aí aos berros, aliás, um sinal retumbante de orgulho, é necessário agir.

Agir como?

Vestir-se como o Cristo, apontar dedos para aqueles a quem julga pecadores, ou pior, impor seu ponto de vista como único e verdadeiro?

Não.

O doce Carpinteiro nos ensinou, através de gestos e parábolas, que o verdadeiro Cristão é reconhecido pelas suas obras.

É aquele que pratica a Caridade em toda sua concepção: a material, onde o Cristão divide o que tem com aquele desprovido de bens materiais; e a moral, que se faz com a doçura da palavra amiga, o saber ouvir, a doação de um conselho progressista, uma prece...

Essas são as obras que o Cristo se referiu. Tomemos, pois, a lição da viúva (Marcos, 12: 41-44), que dividiu o que tinha com algum desconhecido e tratemos de sermos verdadeiramente salvos.


"Jesuses"

Autor Thiago D. Trindade

Existem muitos “Jesuses” por aí: o que era Médium supremo de Deus; Deus Encarnado que se dividiu em Três; Oxalá em algumas Umbandas; um simples profeta como tantos outros; um farsante; uma entidade que possuía somente corpo fluídico e que por isso não podia morrer na carne; um símbolo criado para se propagar uma doutrina...

Na verdade, nunca chegaremos a um acordo com nosso próximo sobre quem foi Jesus... Devemos é nos preocupar em praticar os Ensinamentos que Ele deixou para que nós caminhássemos. E cada um fique com “seu” Jesus!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Vídeo - Peixotinho, um dos maiores médiuns de materialização


A história e a missão do maior médium de materialização do Brasil. Acompanhe o início dos fenômenos, a repercussão pelo Brasil e o impacto causado em quem presenciou casos de cura, exemplos de abnegação ao Espiritismo e materializações de Espíritos como Scheilla, Zé Grosso, Nina Arueira e Clarêncio, ministro da cidade espiritual "Nosso Lar". Os relatos são dos próprios familiares do médium, testemunhas oculares e do biógrafo de Peixotinho contando casos ocorridos em uma época de fundamental importância para o início da divulgação das ideias espíritas no Brasil.





http://www.youtube.com/watch?v=bl51O_26hxw

Vídeo - A vida de Eurípedes Barsanulfo


Com apresentação e narração do ator Lima Duarte, Eurípedes Barsanulfo - Educador e Médium é dirigido pelo pesquisador Espírita Oceano Vieira e mostra a trajetória de um dos maiores nomes da Educação e do Espiritismo no Brasil: Eurípedes Barsanulfo (1880 - 1918). O vídeo traz ainda depoimentos sobre os médiuns Mariano Cunha e Frederico Peiró, dois nomes de fundamental importância no apoio a Eurípedes; além de vídeos extras sobre seu discípulo, Dr. Tomás Novelino.

Como educador, Eurípedes colocou a educação a serviço das crianças mais pobres e adotou métodos de ensino humanistas no Colégio Allan Kardec em Sacramento (MG). Métodos esses revolucionários para a época e muito utilizados agora, como a adoção de classes mistas, fim dos exames tradicionais, abolição de castigos e recompensas, aulas de Filosofia, Botânica, Arte Dramática, Zoologia, Astronomia, Anatomia e História das Religiões.

Como médium, desenvolveu suas faculdades mediúnicas e seguiu rigorosamente os ensinamentos da Doutrina Espírita. Curou gratuitamente milhares de pessoas e foi processado por prática ilegal de medicina. O legado de Eurípedes continua até os dias de hoje nas instituições, obras assistenciais e de ensino em Sacramento.

Não deixem de assistir ao vídeo, pois é maravilhoso.

Excelente qualidade de imagem e áudio.





http://www.youtube.com/watch?v=Y96W13lGxQE