quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Julgamento


Autor Thiago D. Trindade



Costumamos, diariamente, brincar de juiz. Apontando a falha, algumas vezes de forma fria e outras de maneira ardente, acabamos por atentar mais uma vez contra os Ensinos de Jesus.

Lembramos da mulher pecadora, posta por Simão, o fariseu, em sua própria casa com o objetivo de enganar o Mestre Galileu, conforme vemos em Lucas (8:36-50). A mulher, diante do Mestre, lavou os pés do Cristo com suas lágrimas e secou-os com os próprios cabelos.

Esse quadro comovente, era, aos olhos do infeliz fariseu, um crime hediondo, já que pessoas consideradas impuras “infectavam” os homens de bem.

“Como o Messias não haveria de ter identificado a impureza da pobre mulher?” Deve ter pensado o fariseu.

Jesus sabia dos pecados da mesma, e em nome do Pai, informou-lhe que sua Fé a livrara dos laços tenebrosos que a prendiam. O Amor da mulher simples a salvara.

Sem julgamentos.

Somente Fé, um dos sinônimos do Amor.

Simão, por fim, aprendeu que gestos sinceros de Fraternidade aniquilam a soberba.

O fariseu julgou Jesus e a mulher.

Achava o Mestre um farsante.
Achava a mulher uma escória.

Em sua cegueira, o rico fariseu percebeu apenas tênues sombras ante a majestade de duas luzes.

Jesus, a Luz que descia à Terra para iluminar.
A mulher, a Luz recém nascida que buscava se unir à Luz Maior.

O fariseu Simão, por sua vez, apagava-se ainda mais. Não por muito tempo, porém, pois o Cristo iria também Esclarecer o irascível judeu.

Segundo os relatos do Evangelista, o fariseu entendeu o recado, dado diretamente pelo Mestre, quando usou uma parábola que citava dívidas e devedores – ilustração cotidiana do opulento judeu.

Incorporando em nós o arquétipo de Simão, o fariseu, julgamos nossos companheiros de Caminhada. Desaprovamos sua conduta, sem considerar que condições o pretenso “impuro” apresenta.

Quão ignorante ele é em termos morais?
Que acesso aos Ensinos de Jesus ele possui?

Alguém até poderia citar:
“Ele(a) sabia o certo, mas fez o errado”.

Ainda assim não podemos nunca tomar nas mãos uma pedra e atirá-la contra alguém. Saibamos não só lembrar, mas praticar os Ensinos do Cristo.

Emmanuel, guia do querido Francisco Cândido Xavier, considerado por muitos como o Quinto Evangelista, cita em praticamente todas as suas comunicações:

“Instruir sempre.”

“Perdoar sempre.”

“Amar sempre.”

O calceta no erro, certamente, precisa de provas mais rigorosas e maior disciplina, a fim de que a Verdade, por fim ultrapasse a couraça de ignorância preguiçosa.

Afinal, o bom pastor, que se movimenta seguindo os passos do Mestre Jesus, guia com mais firmeza as ovelhas mais bravias.

É comum vermos nas Casas de Religião membros mais rebeldes. São encarados com desconfiança e até desdém. Em alguns lugares são até incentivados a saírem dali.

Tenhamos certeza, Jesus de Nazaré, Excelso Governador deste mundo de imperfeitos, não aprecia essas ações, conforme podemos encontrar no relato de Lucas (7: 37), que faz citação direta ao julgamento.

Alguns poderiam afirmar:
Mas é melhor para não comprometer os outros”.

Pensemos.

O remédio não é para o São (Lucas 6:31), logo, se houver prejuízo no grupo é por que há uma falha NA execução do Programa, e não NO Programa, que é Servir o Próximo.

E quem, no planeta Terra, está isento do Divino Remédio trazido por Jesus?

Quem ousa, por isenção de erro, atirar a primeira pedra?

Reflitamos.

A prática do Amor, ao invés de permanecer tão somente na retórica, é a solução para os males que encontramos, muitas vezes orquestrados pelo Astral Inferior.

Desarmar nosso próprio coração de toda má intenção ao referir-se a alguém.

Quando a ovelha se afasta do rebanho e regressa, ainda que ferida e assustada, o pastor não agradece a Deus pelo retorno da preciosa criatura, tal como fez o pai com o filho pródigo? (Lucas, 15:3-7 e 11 a 32).

Não é fácil, portanto, não julgar.
Talvez seja a atividade mais difícil deste mundo.

Jesus não julgava, em desacordo com os pensamentos de muitos, mas impulsionava todos ao Bem, inspirando a Consciência – o Verdadeiro Juiz – de cada um.

Pedro que o diga!
Tomé que o diga!
Simão, o fariseu, que o diga!
E tantos outros, como nós aqui...

Quando vemos as prisões, recheadas de homens e mulheres cuja moral ainda é primitiva e rude, podemos até pensar que seria injusto retê-los lá, uma vez que esse texto diz que é errado julgar.

A maior finalidade desses lugares é forçar esses indivíduos, através da confrontação extremamente rígida e momentânea com seus graves feitos, a buscar reflexão de seus atos. Um remédio mais amargo.

“Mas o Sistema Prisional não funciona!” Brada alguém.

Mais uma vez: há uma falha NA execução do Programa e não NO Programa!

Temos de nos dedicar mais a esses enfermos da alma, com mais firmeza – o que não é brutalidade – e também mais doçura.

Temos de lembrar que já estivemos no lugar deles, se ainda, realmente, não formos exatamente iguais a eles.

Nunca com julgamento no coração.



sábado, 12 de agosto de 2017

Existe algum jeito de prevenir uma obsessão?!

A vela e a escuridão – serenidade e violência


Autor Thiago D. Trindade



É um tema difícil de se refletir. Falar de violência, ou guerra, muitas vezes causa constrangimento. Mas, para falar de Amor, algumas vezes é necessário lembrar que a guerra, ou violência, é um instrumento que faz crescer na direção da Luz Maior.

Na questão 742 vemos que a nossa natureza animal predomina sobre nossa natureza espiritual. No estado evolutivo de barbárie só se conhece a lei do mais forte. Mas que lei é essa? Na verdade é uma ideia de pouca substância, já que a verdadeira força é a Moral. A força que adquirimos quando nos aproximamos do Cristo.

Temos um claro exemplo da supremacia da força moral do Cristo sobre a força da barbárie quando vemos Jesus, em uma atividade caritativa que hoje chamamos de sessão espírita, mais especificamente, uma desobsessão. O Mestre, nessa sessão desobssessiva, afastou sete Espíritos desorientados que atormentavam Maria de Magdala, ou Maria Madalena

Já estudamos em outro momento, o caso narrado pelo Espírito André Luiz, na obra clássica “Libertação”, quando o Espírito iluminado de Matilde se manifesta, através do mentor e líder da missão espiritual, o Espírito Gúbio. A referida Missão se passava em um tenebrosa região umbralina e consistia, basicamente, em libertar o filho de Matilde, de uma das reencarnações, e alvo de seu amor fraternal. O filho do Espírito Matilde, era o implacável chefe de toda uma falange de Espíritos sofredores, abraçados ao mal e seu único “ponto fraco” era o amor pela sua mãe. O Espírito Gregório, vendo seus domínios invadidos, caça Gúbio, André Luiz e seus auxiliares, somados a um grande grupo de Espíritos resgatados. Em uma narrativa arrebatadora de André Luiz, comovente em cada palavra de angústia e esperança ante a fuga desesperada da cidade das sombras, chegamos ao auge da história quando, cercados e com quase todos sem esperanças, inclusive do autor espiritual, Gúbio cai de joelhos perante o terrível Espírito. Matilde, Espírito muito evoluído e incapaz de ser percebida pelos Espíritos de moral inferior, se manifesta através de Gúbio, fazendo Gregório irromper em lágrimas de amor por sua mãe, fazendo todo o exército do mal debandar.

Percebemos, diante do citado acima, que a autoridade, ou patente Moral, sobrepuja qualquer pessoa irradiando vibrações negativas. A serenidade e a paciência derrubam as chamas do ego, nosso grande inimigo.
 Na questão 743, estudamos que a violência, ou guerra, irá desaparecer deste mundo e de suas regiões espirituais. Pode parecer utopia, já que estamos sempre vendo guerras pela televisão e jornais. Dentre do que tolamente aceitamos, abraçamos rituais, que chamamos de esporte, e temos homens e mulheres que se agridem fisicamente, até que um caia, fique muito machucado ou, literalmente, destroçado.

Pode parecer, em verdade, que as coisas estão piorando. Não é assim. Vivemos em uma época de esclarecimento, onde Espíritos muito brutos convivem com os mais esclarecidos, em vários graus evolutivos. Todos se ajudam no Caminho do Progresso.

Todos tem as mesmas chances de crescer moralmente. Divaldo Pereira Franco costuma contar uma história que aconteceu com ele: No orfanato, certa vez, que ele cuida, havia um menino verdadeiramente cruel. Quando atingiu a maioridade, o rapaz, diante de um choroso Divaldo, anunciou que iria matar alguém. Desesperado, o médium, suplicou ao rapaz, que quando fosse ficar diante de sua eventual vítima, visse nela seu rosto, pois o caridoso servidor do Cristo acreditava que falhara em moralizar o jovem e via-se culpado. Tempos depois, na rua, o rapaz encontrou Divaldo e houve muitas lágrimas. O rapaz, homem trabalhador e honesto, dissera que tentara a pífia carreira de criminoso, mas quando apontara a arma para sua vítima, vira o rosto do único pai que conhecera, o único que o amara.

Mas a violência é necessária? Sim. Neste mundo de expiações e provas a violência é necessária. Ela nos lança a liberdade verdadeira, ou seja a Moralização. Não são nas horas de crises que vemos atos de Amor sublime? Na Segunda Guerra Mundial, uma jovem e promissora enfermeira polonesa, chamada Irene Sendler, visitou um campo de concentração urbano, denominado gueto, na cidade de Varsóvia. Até então a jovem acreditava nas palavras sedutoras de Adolf Hitler, mas jamais tinha visto uma criança ser torturada. Seu choque foi avassalador. Então, pedindo emprego naquele lugar tenebroso, Irene passou a colocar crianças pequenas nos sacos de lixo, sob suas saias, e conseguiu libertar algumas crianças judias e ciganas. Encaminhou muitos a pessoas caridosas ou a parentes dos órfãos. Criou uma rede de contatos em meio a guerra de espionagem. Muitas crianças ela mesma criou. Ao fim da Guerra, foi descoberta e capturada. Teve suas pernas quebradas. Faleceu em 2008, aos 98 anos de causas naturais. Irene salvou cerca de 2500 crianças, que a chamam, ainda hoje de mãe. As crianças salvas pela enfermeira são chamadas de “meninos do Holocausto”. Milhares de pessoas, em todo o mundo, descendem daquelas que a enfermeira resgatara do Gueto de Varsóvia, todas elas frutos de Amor sublime de uma pacata mulher.

Com esse exemplo, vemos que a luz de uma pequena vela pode afastar a mais temível escuridão, conforme assinala o provérbio atribuído ao mestre chinês Confúcio, quinhentos anos antes do Cristo.

Irene nunca culpou os soldados por terem lhe quebrado as pernas. Chamava-os de irmãos perdidos e carentes. Mas a enfermeira tinha dois pesares em seu nobre coração: não ter podido criar todas as crianças e a dor de escolher aquelas que podia salvar. Irene, para o resto de sua vida carnal, carregou os olhares daquelas que não puderam ser salvas. Mas, sem dúvida, essa alma nobre, fez o que pôde, amparando e consolando. A enfermeira perdoou seus algozes. Irene amou e ainda ama nos planos espirituais onde se encontra agora.

A autoridade Moral de Matilde, de Divaldo e Irene venceram a brutalidade do ódio. A serenidade cristã, ainda que tênue como uma solitária vela, venceu inexoravelmente a escuridão dolorosa da violência, servindo de exemplo da todos nós, inspirando-nos a crescer.

É hora de deixarmos as rusgas, os rancores de lado. A exemplo de Divaldo e Irene, devemos servir até o limite de nossas forças. Perdoar é o mais sublime gesto de Amor e como esses seres humanos perdoaram seus detratores.

Atualmente muitos de nós, senão todos nós, estão envolvidos em obsessões, falsamente chamadas de ajustes de contas. Que ajustemos as contas no Perdão, na Humildade e Fé. Divaldo e Irene, como nós, tem seus defeitos e desafios, mas na hora decisiva se colocaram no lado certo de Jesus.

A Verdadeira Felicidade não é deste mundo, mas está relacionada diretamente com nossas ações de agora. Devemos atravessar as angústias com a certeza de que serão passageiras e chegaremos ao oásis da Paz de Espíritos.


Que encontremos naqueles que nos querem, momentaneamente, mal a oportunidade de crescermos, angariando luzes para nós mesmos e iluminando esse mundo em transição.






segunda-feira, 31 de julho de 2017

Samaritano


Autor Thiago D. Trindade



Certo dia, um homem sem rosto, sem nome, sem sabermos se era pobre ou rico, judeu ou gentio, saiu de Jerusalém para Jericó. O tal homem acabou assaltado e, por alguma razão, foi gravemente ferido. Não sabemos se o viajante tentou reagir, ou se ele reconheceu alguns dos assaltantes.
Deixado para morrer, o viajante sem nome ficou estirado ao chão poeirento do canto mais pobre do Império Romano.
Veio então um sacerdote, um membro da elite judaica, um pilar da sociedade, pois cabia a essa classe de cidadãos a guarda das tradições, da religiosidade. Para o povo, os sacerdotes eram os representantes de Deus! E o tal nobre passou pelo homem ferido e seguiu seu caminho.
Mais tarde, um levita chegou pela estrada. Os levitas também tinham sua vida em volta do templo. Os levitas eram os auxiliares dos sacerdotes, servindo como guardas, padeiros, pintores, cuidadores dos animais, etc. Esses cidadãos tinham o mesmo compromisso que os sacerdotes em zelar pela manutenção das tradições, e dentro dessa premissa, estava a religião. E o levita passou pelo homem ferido e continuou seu caminho.
Depois, veio um homem. Não se sabe se veio de Jericó ou Jerusalém. Ele apenas surgiu. Mas sabe-se que veio da Samaria, uma região mal vista pelos hebreus desde a morte do Rei Salomão. Inclusive, os povos da Judéia, Peréia e Galiléia, afirmavam que os samaritanos não eram parentes, alegando que esse povo deturpara as tradições em algum momento da história local. Esse homem discriminado, sem rosto, sem condição social definida, viu o viajante caído e foi até ele. O homem caído foi resgatado por outro, marginalizado por muitos.
O samaritano limpou as feridas com óleo e vinho, que aliás eram os medicamentos antissepticos usados à época, e um bem muito valioso para os oprimidos pelos romanos. Corajosamente, o filho de Samaria levou o desconhecido a uma estalagem e pagou para que cuidassem do homem que jamais vira em sua vida.
Que lição poderosa essa!
Essa lição, ou parábola, está no livro de Lucas (10: 25 até 37). Jesus proferiu essa parábola a um doutor da lei, que indagou ao Nazareno como ele deveria proceder para alcançar a vida eterna, ou seja, o Reino de Deus.
Mas será que esta parábola se adéqua ainda aos dias de hoje?
Que papel desempenhamos? O sacerdote? O levita? O samaritano, talvez? Ou a do estropiado?
Bem, conhecemos a Lei do Amor, que nos manda amar a Deus, amar o próximo. Sabemos que o perdão é a chave para a evolução, pois perdoar é o mais gesto de amor. Os sacerdotes eram os responsáveis por zelar pelos Ensinamentos de Deus. Nós somos como os sacerdotes. E fazemos como os sacerdotes da parábola quando nos levamos pelo rancor, inveja, ciúme, vingança, deixando ao relento algum irmão tão ou mais carente do que nós.
Temos um templo externo para manter, como os levitas. O maior templo é o lar e o segundo é a Casa Religiosa. O lar, santuário doméstico, muitas vezes é conspurcado pela intolerância e tirania, enquanto ao templo religioso é espaço para frieza, soberba e discriminação contra aqueles que pensam diferente do outro. E abandonamos à própria sorte nossos familiares, nossa grande obrigação, e aos confrades jogados à triste cisão.
Podemos também agir como o samaritano. Ajudar o caído com ações e palavras. Podemos limpar as chagas abertas com o óleo da misericórdia e lavar as feridas com o vinho do amor fraternal. Discretamente podemos acalentar um espírito em sofrimento.
Mas e quanto ao estropiado? Esquecemos dele? Somos, certamente, estropiados morais. Somos tomados por viciações variadas, tais como o rancor, a inveja, o ciúme e por aí vai. E ficamos estirados ao chão poeirento e duro da existência que impomos a nós mesmos, se recusando a levantar em nosso benefício.
Somos, em verdade, esses quatro personagens da parábola dita por Jesus. Temos que vencer o sacerdote e o levita em nós. Temos que robustecer o samaritano com a fé e a caridade que irão nos impulsionar para o Alto. Temos que nos reconhecer estropiados morais para aceitar, de fato o tratamento ofertado por algum samaritano que o Caminho trouxe até nós. Desta forma, alternamos o samaritano e o estropiado e assim iremos fortalecer o primeiro e curar o segundo, até que por fim, repitamos, com pureza e verdade, a fala de Paulo de Tarso: “travei o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (II Timóteo) que faz alusão direta em vencer as próprias viciações, se aproximando, ainda que um pouquinho, da angelitude.
Os Samaritanos (com “S” maiúsculo mesmo) estão por aí, nas ruas frias, nos hospitais, nas favelas. Não escolhem lugares luminosos, sob muitos olhares e não negociam suas ações. Tanto encarnados quanto desencarnados, tais servidores do Cristo, tal como o homem sem rosto da parábola, são discretos e longe da perfeição. São pessoas comuns que, no esforço de vencerem suas más tendências, criam condições de melhoria material e moral de terceiros que muitas vezes não conhecem. Tais Samaritanos, o verdadeiros, não esperam agradecimentos e quase sempre são incompreendidos por aqueles que o cercam. Mas seus tímidos sorrisos de esperança brotam quando um olhar de gratidão pelo amparo é dirigido a eles.

Que nós estudemos mais a parábola do Samaritano, e mais, que possamos seguir seu exemplo, lembrando sempre que o maior Samaritano de todos é Jesus de Nazaré.


terça-feira, 18 de julho de 2017

Como reconhecer uma boa obra espírita?

Forçal mental

Autor Thiago D. Trindade

A força mental é, talvez, a maior das Habilidades que Deus nos concedeu. Essa Potência pode fazer um sol brilhar à nossa volta, ou ainda, criar um terrível buraco negro que a tudo destrói.

A capacidade criativa é fundamental na psique Humana. Cria benéfico ambiente interno que nos impulsiona na Caminhada. Em casos negativos, cria amarras férreas, quase sempre chamadas, no meio espírita, de auto obsessão e obsessão sobre terceiros, em vista dos pensamentos negativos, infelizes e destrutivos.

Eis o Céu e o Inferno que Kardec se refere!

Quase sempre, a pessoa que cultiva dolorosamente seu buraco negro pessoal não credita a si tal responsabilidade. É sempre culpa do outro, encarnado ou não.

O Consolador Prometido – e enviado no século 19 –objetiva, acima de tudo, iluminar o Caminho a ser percorrido por cada um de nós. O Consolador, chamado também de Doutrina Espírita, funde Instrução e Sentimento Fraterno. O Consolador tira a responsabilidade de terceiros e a põe nos ombros a quem é direito: cada um de nós.

Esse entendimento é fundamental.

O esclarecimento visa reforçar as bases de nossa força mental e orientar seu bom uso, nos alertando das conseqüências de sua aplicação desregrada.

A força mental deve ser empregada, para simplificar, em serviço ao próximo, e assim estará aplicando em si mesmo.

Usá-la tão somente em benefício próprio é egoísmo e a responsabilidade disso será duramente cobrada por nós mesmos quando o véu da prepotência for rasgada perante nossos olhos.

Analisemos:

Fé, em essência, é a certeza de um futuro melhor.

Força mental é a aplicação da energia que temos.

Concluímos, portanto, que ao usarmos nossa força mental, a transformamos em Fé.

Como isso é mal usado! E não é coisa dos dias de hoje. Desde os tempos bíblicos, passando pelas Cruzadas, até os dias de hoje vemos pretensos líderes usando mal sua inteligência e Livre Arbítrio, associando-se a irmãos espirituais desequilibrados. E eles se valem dos mais simples para manipular-lhes a Fé e com isso direcionar a força mental ali trabalhada para uso egoísta, até mesmo para prejudicar diretamente alguém.

“Trabalhos” para cercear o Livre Arbítrio de determinada pessoa, conforme lemos pelos jornais Brasil à fora.

“Correntes” de oração, vistas à larga em programas neopentecostais de televisão que objetivam “derrubar” os inimigos dos adeptos e o enriquecimento material.

“Novenas” de rezas, ou promessas aos santos, por pessoas que desejam obter, por exemplo, emprego, sem esforço maior, sem por os pés na rua atrás de trabalho.

Negociam o inegociável. Negociam a Consciência que possuem ao se voltarem para o egoísmo.

As práticas acima citadas, realizadas em várias Religiões, ou melhor, pretensas Religiões, pois não levam seus adeptos a se Religarem com Deus, tem práticas similares e condenáveis.

E graças a Deus, esses verdadeiros ataques de força mental mal direcionada, é impedida pelos Servidores da Luz, caso contrário, todos nós viventes na Terra – em ambos os planos da Vida – viveríamos sob o controle implacável de alguém. Todos nós, estaríamos amarrados, derrubados e ricamente empregados e que se lixe o Livre Arbítrio e mais, a Missão de cada um! Infelizmente, porém, nos cumpre reconhecer que alguns crimes desse feio balaio chegam a termo, e é essa minoria que estampam as propagandas.

Não nos enganemos, esse crime nunca, jamais, em tempo algum, passará impune e a pena imposta pela Consciência de cada um será cobrada de acordo com o grau de Conhecimento que o indivíduo possui sobre os Ensinos de Mestre Jesus.

Devemos, pois, usar os “trabalhos”, “correntes” e “novenas” não para “amarrar”, “derrubar” e “trazer” para nós. Mas sim para pedir por saúde física e mental, criar condições para nosso irmão Caminhar da melhor forma possível, sobretudo, aquela pessoa que nos é um momentâneo desafeto.

Paradoxal?
Não mesmo!

A verdadeira prosperidade, tão repetida pelas verdadeiras Religiões, é querer o Bem de todos, sem exceção. Afinal, fazer ao próximo o que gostaria que nos fizessem (Lucas, 7:35). Um singelo Carpinteiro disse isso e essa passagem, apesar de ser até bem lembrada, é muito pouco praticada.


Usemos melhor nossa força mental, distribuindo vibrações salutares para todos à nossa volta. Pela Lei da Sintonia, ou como preferem alguns, Lei da Ação e Reação, só iremos atrair aquilo que doamos e, creio, que ninguém gostaria de ter um buraco negro dentro de si.



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Julgamento



Autor Thiago D. Trindade




“Não direi para não julgar. Mas antes de julgar, imagine um espelho diante de si. Se ver alguma perfeição em ti, então julgue.” 
Espírito Joaquim
 (livro Reflexões e Caminho Volume II)


Costumamos, diariamente, brincar de juiz. Apontando a falha, algumas vezes de forma fria e outras de maneira ardente, acabamos por atentar mais uma vez contra os Ensinos de Jesus.

Lembramos da mulher pecadora, posta por Simão, o fariseu, em sua própria casa com o objetivo de enganar o Mestre Galileu, conforme vemos em Lucas (8:36-50). A mulher, diante do Mestre, lavou os pés do Cristo com suas lágrimas e secou-os com os próprios cabelos.

Esse quadro comovente, era, aos olhos do infeliz fariseu, um crime hediondo, já que pessoas consideradas impuras “infectavam” os homens de bem.

“Como o Messias não haveria de ter identificado a impureza da pobre mulher?” Deve ter pensado o fariseu.

Jesus sabia dos pecados da mesma, e em nome do Pai, informou-lhe que sua Fé a livrara dos laços tenebrosos que a prendiam. O Amor da mulher simples a salvara.

Sem julgamentos.

Somente Fé, um dos sinônimos do Amor.

Simão, por fim, aprendeu que gestos sinceros de Fraternidade aniquilam a soberba.

O fariseu julgou Jesus e a mulher.

Achava o Mestre um farsante.
Achava a mulher uma escória.

Em sua cegueira, o rico fariseu percebeu apenas tênues sombras ante a majestade de duas luzes.

Jesus, a Luz que descia à Terra para iluminar.
A mulher, a Luz recém nascida que buscava se unir à Luz Maior.

O fariseu Simão, por sua vez, apagava-se ainda mais. Não por muito tempo, porém, pois o Cristo iria também Esclarecer o irascível judeu.

Segundo os relatos do Evangelista, o fariseu entendeu o recado, dado diretamente pelo Mestre, quando usou uma parábola que citava dívidas e devedores – ilustração cotidiana do opulento judeu.

Incorporando em nós o arquétipo de Simão, o fariseu, julgamos nossos companheiros de Caminhada. Desaprovamos sua conduta, sem considerar que condições o pretenso “impuro” apresenta.

Quão ignorante ele é em termos morais?
Que acesso aos Ensinos de Jesus ele possui?

Alguém até poderia citar:
“Ele(a) sabia o certo, mas fez o errado”.

Ainda assim não podemos nunca tomar nas mãos uma pedra e atirá-la contra alguém. Saibamos não só lembrar, mas praticar os Ensinos do Cristo.

Emmanuel, guia do querido Francisco Cândido Xavier, considerado por muitos como o Quinto Evangelista, cita em praticamente todas as suas comunicações:

“Instruir sempre.”

“Perdoar sempre.”

“Amar sempre.”

O calceta no erro, certamente, precisa de provas mais rigorosas e maior disciplina, a fim de que a Verdade, por fim ultrapasse a couraça de ignorância preguiçosa.

Afinal, o bom pastor, que se movimenta seguindo os passos do Mestre Jesus, guia com mais firmeza as ovelhas mais bravias.

É comum vermos nas Casas de Religião membros mais rebeldes. São encarados com desconfiança e até desdém. Em alguns lugares são até incentivados a saírem dali.

Tenhamos certeza, Jesus de Nazaré, Excelso Governador deste mundo de imperfeitos, não aprecia essas ações, conforme podemos encontrar no relato de Lucas (7: 37), que faz citação direta ao julgamento.

Alguns poderiam afirmar:
Mas é melhor para não comprometer os outros”.

Pensemos.

O remédio não é para o São (Lucas 6:31), logo, se houver prejuízo no grupo é por que há uma falha NA execução do Programa, e não NO Programa, que é Servir o Próximo.

E quem, no planeta Terra, está isento do Divino Remédio trazido por Jesus?

Quem ousa, por isenção de erro, atirar a primeira pedra?

Reflitamos.

A prática do Amor, ao invés de permanecer tão somente na retórica, é a solução para os males que encontramos, muitas vezes orquestrados pelo Astral Inferior.

Desarmar nosso próprio coração de toda má intenção ao referir-se a alguém.

Quando a ovelha se afasta do rebanho e regressa, ainda que ferida e assustada, o pastor não agradece a Deus pelo retorno da preciosa criatura, tal como fez o pai com o filho pródigo? (Lucas, 15:3-7 e 11 a 32).

Não é fácil, portanto, não julgar.
Talvez seja a atividade mais difícil deste mundo.

Jesus não julgava, em desacordo com os pensamentos de muitos, mas impulsionava todos ao Bem, inspirando a Consciência – o Verdadeiro Juiz – de cada um.

Pedro que o diga!
Tomé que o diga!
Simão, o fariseu, que o diga!
E tantos outros, como nós aqui...

Quando vemos as prisões, recheadas de homens e mulheres cuja moral ainda é primitiva e rude, podemos até pensar que seria injusto retê-los lá, uma vez que esse texto diz que é errado julgar.

A maior finalidade desses lugares é forçar esses indivíduos, através da confrontação extremamente rígida e momentânea com seus graves feitos, a buscar reflexão de seus atos. Um remédio mais amargo.

“Mas o Sistema Prisional não funciona!” Brada alguém.

Mais uma vez: há uma falha NA execução do Programa e não NO Programa!

Temos de nos dedicar mais a esses enfermos da alma, com mais firmeza – o que não é brutalidade – e também mais doçura.

Temos de lembrar que já estivemos no lugar deles, se ainda, realmente, não formos exatamente iguais a eles.

Nunca com julgamento no coração.




Pessoas que nao saem do tratamento desobssessivo

terça-feira, 27 de junho de 2017

Simão e Pedro



Autor Thiago D. Trindade





Simão estava com seus pés limpos. Seus dedos nodosos e inquebráveis estavam fixos ao chão poeirento. Certamente angustiado, o pescador de Cafarnaum se vira sem seu doce Mestre, que só após ressurgir do túmulo, permaneceu com ele e os demais pupilos por mais alguns dias, conforme asseverou Mateus, em seu Evangelho. Cabia então ao áspero hebreu fazer-se, de fato, seguidor do Cristo e levar seus ensinamentos adiante.
Certamente Pedro devia se perguntar do por que fora escolhido por Jesus para levar a Boa Nova ao mundo, e mais, com posição de liderança. Logo ele, que fora um aprendiz teimoso, tendo fracassado em inúmeras provas, como por exemplo, o episódio em que afundou no mar da Galiléia, diante de Jesus. Falhara em curar enfermos, se entregara a violência e ao ciúme. E ainda mentiu três vezes, negando ao Cristo.
Nem por isso, mesmo tendo falhado tanto, Pedro abandonou a Seara do Cristo. Discordando de Tiago e Paulo, e talvez até mesmo de si mesmo, debatendo com seus conflitos internos, onde ainda havia o Homem Velho, ou Simão o Pescador de Cafarnaum, o apóstolo de Jesus fez o que pôde, levando a Boa Nova dentro de si e a espalhando pelo mundo.
Simão Pedro não era perfeito. Jesus não exigia que Pedro fosse perfeito. O Nazareno estimulava Pedro a se esforçar a vencer suas imperfeições para um dia ser perfeito. E Pedro compreendia isso, trabalhando incessantemente.
Jesus nos incentiva a refletirmos sobre excelsa relação com Simão Pedro. Somos rústicos, ciumentos, vingativos, mentirosos por conta de nossa moral deficiente. Quantas vezes renegamos o Cristo? Quantas vezes O traímos, apontando dedos inquisidores? Quantas vezes desembainhamos espadas de ódio? Quantas vezes afundamos no mar da descrença? Quantas vezes nos enterramos no lodaçal da ingratidão?
Nos prendemos a debates estéreis, cheios de retóricas, onde não procuramos aprender, mas sim empurrar nossa visão pessoal, muitas vezes deturpadas e egocêntricas.
Somos, portanto, Simão, o Pescador Material. Porém, com Jesus, podemos – e devemos – ser como Pedro, o Pescador de Almas, ajudando aos outros em nome do Cristo e, com isso, ajudando a nós mesmos.
Pedro sabia que Jesus estava sempre com ele onde quer que fosse, e, no seu derradeiro momento encarnado, diante dos implacáveis romanos, o Pescador de Almas não temeu. A coragem dos honestos e a serenidade dos justos acalentavam seu coração repleto de compaixão.
É possível, com um pouco de poesia, imaginar o reencontro, no Plano Espiritual, entre Jesus e Pedro. Jesus, em meio ao Mar da Genezaré, fitando o amado amigo de braços abertos. Pedro, por sua vez, seguia, com passos firmes e sorriso de triunfo no rosto, inebriado pelo calor do reencontro sobre as águas. Mestre e pupilo se abraçam sobre o mar sagrado e tudo é luz.

Pedro venceu como nós iremos vencer, se seguirmos Jesus.




quinta-feira, 15 de junho de 2017

Acreditar

Autor Thiago D. Trindade



A lição aprendida por Tomé é uma grande realidade para nós, que não convivemos com a presença material de Jesus, mas acreditamos em sua existência e ensinos.

Jesus não é invisível, pelo contrário.

Nós, porém, O deixamos invisível por conveniência.

Mas... pensemos...

Quantas vezes desafiamos o Cristo, senão o próprio Deus, quando queremos algo difícil de conseguir?

“Se Deus existe, eu terei o que quero!”

“Jesus, se você está aqui, me ajude!”

Essas duas afirmativas, muitas vezes ditas mundo a fora, realça o argumento de que todos somos “Tomés”, já que condicionamos nossa crença a uma prova de cunho comercial. Aliás, esse é o tipo de coisa – o toma lá dá cá – que leva muitas pessoas a abraçar as trevas.

Intimamos o Excelso Mestre e o próprio Criador a nos servir de forma ignóbil, egoísta.

Desafiamos para aplacar nosso orgulho, como Tomé fez.

Como temos de evoluir!

Se caímos, creditamos nossa fugaz e dolorosa derrota ao desleixo de Deus e de seu Filho Mais Velho.

Ainda bem que Deus e Jesus são substanciados por Amor, caso contrário...

Jesus veio à Terra para ensinar o Amor Verdadeiro. Como citei antes, um trabalho de Paciência, Humildade, Perseverança e Fé.

Todos nós, praticamente, em algum momento de nossas vidas, fomos (ou somos) tal como Tomé. Pela simples razão de sermos céticos a quase tudo que se relaciona a Fé.

Tomé seguiu Jesus por três anos, comendo com Ele, rindo com Ele, aprendendo com Ele.

No entanto, as evidências apontam da incredulidade do homem que vira o Mestre multiplicar pães, acalmar tempestades, curar leprosos, despertar Lázaro e a filha de Jairo do “sono mortal”.

Sendo ligeiramente irônico, podemos afirmar que Tomé só gostava de acompanhar Jesus pelo agito que Ele causava. Digo isso, pois se nem o episódio do Gólgota, o agente transformador para os discípulos, funcionou para aquele que era chamado de Dídimo.

Tomé não acreditou nem mesmo quando seus companheiros, que antes ouviram de Maria de Magdala – a primeira a rever o Mestre – que o Cristo retornara diante de seus olhos angustiados (João, 21: 19-22).

Desafiador, o discípulo bradou que só acreditaria se tocasse nas feridas de Jesus (João, 21:25).

Dias depois (João, 21:26) Jesus surgiu diante de Tomé e o advertiu duramente, conforme registrou João (21: 27 e 29), e o cético põe seus dedos nas feridas do Cristo de Deus.

Com a lição dada, cabe a nós fazer valer a Lei através do empenho – e êxito – em vencermos a nossas más inclinações.

E se nós, por preguiça, permanecemos parados?

Com amor, recebemos umas broncas, como todo pai e mãe zelosos fazem com seus rebentos teimosos.

“Bem aventurados os que não viram e creram”

Com essa simples frase, observada no livro do Evangelista João, o Mestre lembrou a Tomé quem Ele era. O que era apresentar feridas no corpo, para o vil toque curioso, se comparado a tudo que o próprio Dídimo participara como coprotagonista ao lado do Cristo?

Pois é.

Nos apegamos a mesquinharias e nos recusamos a avaliar nossa própria história e encontrar nela a Bondade Divina.

Temos o Consolador Prometido nas mãos. É preciso sentir o Consolador em nossos corações.

Acreditar de verdade.

Acreditando de verdade nos Ensinos do Mestre, será irrefreável a vontade de trabalharmos na causa do Cristo.

Acreditar é doar-se ao próximo com gestos e sentimentos, seja para quem for, e de preferência para aqueles que são tão ou mais enfermos do que nós.

Acreditar de verdade é permitir que a Luz do Cristo brilhe dentro de nós.