sábado, 12 de agosto de 2017

Existe algum jeito de prevenir uma obsessão?!

A vela e a escuridão – serenidade e violência


Autor Thiago D. Trindade



É um tema difícil de se refletir. Falar de violência, ou guerra, muitas vezes causa constrangimento. Mas, para falar de Amor, algumas vezes é necessário lembrar que a guerra, ou violência, é um instrumento que faz crescer na direção da Luz Maior.

Na questão 742 vemos que a nossa natureza animal predomina sobre nossa natureza espiritual. No estado evolutivo de barbárie só se conhece a lei do mais forte. Mas que lei é essa? Na verdade é uma ideia de pouca substância, já que a verdadeira força é a Moral. A força que adquirimos quando nos aproximamos do Cristo.

Temos um claro exemplo da supremacia da força moral do Cristo sobre a força da barbárie quando vemos Jesus, em uma atividade caritativa que hoje chamamos de sessão espírita, mais especificamente, uma desobsessão. O Mestre, nessa sessão desobssessiva, afastou sete Espíritos desorientados que atormentavam Maria de Magdala, ou Maria Madalena

Já estudamos em outro momento, o caso narrado pelo Espírito André Luiz, na obra clássica “Libertação”, quando o Espírito iluminado de Matilde se manifesta, através do mentor e líder da missão espiritual, o Espírito Gúbio. A referida Missão se passava em um tenebrosa região umbralina e consistia, basicamente, em libertar o filho de Matilde, de uma das reencarnações, e alvo de seu amor fraternal. O filho do Espírito Matilde, era o implacável chefe de toda uma falange de Espíritos sofredores, abraçados ao mal e seu único “ponto fraco” era o amor pela sua mãe. O Espírito Gregório, vendo seus domínios invadidos, caça Gúbio, André Luiz e seus auxiliares, somados a um grande grupo de Espíritos resgatados. Em uma narrativa arrebatadora de André Luiz, comovente em cada palavra de angústia e esperança ante a fuga desesperada da cidade das sombras, chegamos ao auge da história quando, cercados e com quase todos sem esperanças, inclusive do autor espiritual, Gúbio cai de joelhos perante o terrível Espírito. Matilde, Espírito muito evoluído e incapaz de ser percebida pelos Espíritos de moral inferior, se manifesta através de Gúbio, fazendo Gregório irromper em lágrimas de amor por sua mãe, fazendo todo o exército do mal debandar.

Percebemos, diante do citado acima, que a autoridade, ou patente Moral, sobrepuja qualquer pessoa irradiando vibrações negativas. A serenidade e a paciência derrubam as chamas do ego, nosso grande inimigo.
 Na questão 743, estudamos que a violência, ou guerra, irá desaparecer deste mundo e de suas regiões espirituais. Pode parecer utopia, já que estamos sempre vendo guerras pela televisão e jornais. Dentre do que tolamente aceitamos, abraçamos rituais, que chamamos de esporte, e temos homens e mulheres que se agridem fisicamente, até que um caia, fique muito machucado ou, literalmente, destroçado.

Pode parecer, em verdade, que as coisas estão piorando. Não é assim. Vivemos em uma época de esclarecimento, onde Espíritos muito brutos convivem com os mais esclarecidos, em vários graus evolutivos. Todos se ajudam no Caminho do Progresso.

Todos tem as mesmas chances de crescer moralmente. Divaldo Pereira Franco costuma contar uma história que aconteceu com ele: No orfanato, certa vez, que ele cuida, havia um menino verdadeiramente cruel. Quando atingiu a maioridade, o rapaz, diante de um choroso Divaldo, anunciou que iria matar alguém. Desesperado, o médium, suplicou ao rapaz, que quando fosse ficar diante de sua eventual vítima, visse nela seu rosto, pois o caridoso servidor do Cristo acreditava que falhara em moralizar o jovem e via-se culpado. Tempos depois, na rua, o rapaz encontrou Divaldo e houve muitas lágrimas. O rapaz, homem trabalhador e honesto, dissera que tentara a pífia carreira de criminoso, mas quando apontara a arma para sua vítima, vira o rosto do único pai que conhecera, o único que o amara.

Mas a violência é necessária? Sim. Neste mundo de expiações e provas a violência é necessária. Ela nos lança a liberdade verdadeira, ou seja a Moralização. Não são nas horas de crises que vemos atos de Amor sublime? Na Segunda Guerra Mundial, uma jovem e promissora enfermeira polonesa, chamada Irene Sendler, visitou um campo de concentração urbano, denominado gueto, na cidade de Varsóvia. Até então a jovem acreditava nas palavras sedutoras de Adolf Hitler, mas jamais tinha visto uma criança ser torturada. Seu choque foi avassalador. Então, pedindo emprego naquele lugar tenebroso, Irene passou a colocar crianças pequenas nos sacos de lixo, sob suas saias, e conseguiu libertar algumas crianças judias e ciganas. Encaminhou muitos a pessoas caridosas ou a parentes dos órfãos. Criou uma rede de contatos em meio a guerra de espionagem. Muitas crianças ela mesma criou. Ao fim da Guerra, foi descoberta e capturada. Teve suas pernas quebradas. Faleceu em 2008, aos 98 anos de causas naturais. Irene salvou cerca de 2500 crianças, que a chamam, ainda hoje de mãe. As crianças salvas pela enfermeira são chamadas de “meninos do Holocausto”. Milhares de pessoas, em todo o mundo, descendem daquelas que a enfermeira resgatara do Gueto de Varsóvia, todas elas frutos de Amor sublime de uma pacata mulher.

Com esse exemplo, vemos que a luz de uma pequena vela pode afastar a mais temível escuridão, conforme assinala o provérbio atribuído ao mestre chinês Confúcio, quinhentos anos antes do Cristo.

Irene nunca culpou os soldados por terem lhe quebrado as pernas. Chamava-os de irmãos perdidos e carentes. Mas a enfermeira tinha dois pesares em seu nobre coração: não ter podido criar todas as crianças e a dor de escolher aquelas que podia salvar. Irene, para o resto de sua vida carnal, carregou os olhares daquelas que não puderam ser salvas. Mas, sem dúvida, essa alma nobre, fez o que pôde, amparando e consolando. A enfermeira perdoou seus algozes. Irene amou e ainda ama nos planos espirituais onde se encontra agora.

A autoridade Moral de Matilde, de Divaldo e Irene venceram a brutalidade do ódio. A serenidade cristã, ainda que tênue como uma solitária vela, venceu inexoravelmente a escuridão dolorosa da violência, servindo de exemplo da todos nós, inspirando-nos a crescer.

É hora de deixarmos as rusgas, os rancores de lado. A exemplo de Divaldo e Irene, devemos servir até o limite de nossas forças. Perdoar é o mais sublime gesto de Amor e como esses seres humanos perdoaram seus detratores.

Atualmente muitos de nós, senão todos nós, estão envolvidos em obsessões, falsamente chamadas de ajustes de contas. Que ajustemos as contas no Perdão, na Humildade e Fé. Divaldo e Irene, como nós, tem seus defeitos e desafios, mas na hora decisiva se colocaram no lado certo de Jesus.

A Verdadeira Felicidade não é deste mundo, mas está relacionada diretamente com nossas ações de agora. Devemos atravessar as angústias com a certeza de que serão passageiras e chegaremos ao oásis da Paz de Espíritos.


Que encontremos naqueles que nos querem, momentaneamente, mal a oportunidade de crescermos, angariando luzes para nós mesmos e iluminando esse mundo em transição.