sábado, 29 de outubro de 2016

Magoa


Autor Thiago D. Trindade


autor Thiago D. Trindade




Pelo dicionário Aurélio, mágoa significa desgosto, amargura, descontentamento, desagrado. Magoar, por sua vez, entende-se por ferir, melindrar, ofender.

A mágoa, ou desgosto está presente no cotidiano humano. Diariamente magoamos ou somos magoados. E geralmente por pequenas coisas. Costumamos ferir para que nosso ego brilhe.

Mas o dedicado aprendiz do Evangelho do Cristo entende que a mágoa dificulta o crescimento espiritual. Como assim? Como ficar magoado, ou desgostoso, pode atrasar nossa vida?

Simples. A pessoa magoada direciona uma certa quantidade de energia mental ao ofensor, prejudicando-o, e assim aumentado-se o débito kármico. Para fixar melhor de como nós devemos proceder quanto a não nos tornarmos pessoas continuamente magoadas, ou infelizes, ficamos com três frases de Jesus:

“Perdoar setenta vezes sete vezes”
“ Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem.”
“Ficarão aqui até que paguem o último centavo.”

Podemos resumir essas três imortais frases do Cristo em uma palavra só:
PERDOAR
A mágoa gera quase todos os casos obsessivos. Começa mais ou menos assim: uma pessoa ofende a outra, por determinado motivo e o ofendido sufoca-se em mágoa. E assim alternam as reencarnações, com a tristeza afogando a ambos. Somente o perda sincero pode dar um basta nesse ciclo de sofrimento.

E é bom lembra que a pessoa imersa em mágoa intoxica tanto seu corpo espiritual, que acaba por exteriorizar no corpo material.  Saibamos que todos os nosso males estão em nossa mente enferma. Algumas pessoas chegam a desencarnar por conta do ressentimento, e vão parar nas zonas umbralinas como suicidas, devido a destruição do próprio corpo.

A saudosa médium Yvonne Pereira, na excelente obra “Dramas da Obsessão”, de autoria espiritual de Bezerra de Menezes, vemos um caso que se iniciou na tenebrosa era da Inquisição. Nessa trama, vemos uma família de judeus, povo perseguido duramente por séculos, ser massacrada da pior forma por alguns líderes religiosos que cobiçavam o patrimônio material e a jovem filha do chefe do clã.
Séculos depois, os Espíritos dos antigos judeus, deformados pela mágoa, obsediavam os inquisidores reencarnados, que já sofriam penosamente pelos seus atos do passado, sem a necessidade do ataque do Espírito Aboab, convertido em perigosíssimo obsessor. Com a orientação dos Espíritos Bezerra de Menezes e Ester (a jovem moça que não se entregara ao desespero e por conta disso, conseguiu evoluir espiritualmente), Aboab e seus filhos libertaram a si mesmos da mágoa opressora, permitindo qu os antigos inquisidores prosseguissem o resgate de seus pesados débitos. Ressaltamos que o perdão foi fundamental no processo e que a linha norteadora do trabalho foi o Evangelho do Cristo. Nesse livro, e é bom que se diga, foi editado pela Federação Espírita Brasileira, encontramos o nobre Espírito de Santo Antônio de Pádua, que coordena uma grande falange de Espíritos de Crianças, que se manifestam com as cores rosa e azul, com flores nas mãos e muita delicadeza. Tal falange tem por missa acalentar os corações doloridos. Qualquer comparação com os Espíritos que se manifestam como Crianças na religião Umbanda não é mera coincidência.

Temos de aceitar que não existem vítimas de um lado e algozes do outro. Existem irmão que precisam de carinho. Precisam de perdão. Nós temos a responsabilidade de dar o primeir passo, já que nos propomos a seguir o Cristo. Devemos quebrar as correntes que nos prendem as dores  sermos livres em nossa consciência. E, para quebrar as correntes da dor, lembremos Jesus:
“ Perdoar setenta vezes sete vezes.”
“Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem.”
“Ficarão aqui até que paguem o último centavo de nossas dívidas.”

Ou seja, AMAR.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Fala, Kardec!


O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
Estudo #13
Capítulo IV – Sistemas
Estranhos fenômenos do Espiritismo começaram a se produzir e suscitaram dúvidas sobre a sua realidade e mais ainda sobre a sua causa.
Quando averiguados por testemunhos irrecusáveis e através de experiência que todos puderam fazer, acontece que cada um os interpretou a seu modo de acordo com suas crenças, idéias pessoais e seus preconceitos, surgindo daí diversos sistemas, que eram uma tentativa de explicar os fenômenos.
Os adversários do Espiritismo logo perceberam as divergências de opinião e aproveitaram para dizer que os próprios espíritas não concordavam entre si.
A medida que os fatos se completam e são melhor observados, as idéias prematuras se desfazem e a unidade de opinião se estabelece, quando não sobre os detalhes, pelo menos sobre os pontos fundamentais.
Foi exatamente dessa maneira que aconteceu com o Espiritismo, que não podia escapar a essa lei comum e que devia mesmo, por sua natureza, prestar-se ainda mais à diversidade de opiniões.
Nesse sentido o seu avanço foi bem mais rápido que o de ciências mais antigas, como a Medicina por exemplo.
Seguindo uma ordem progressiva de idéias, de maneira metódica, convém colocar em primeiro os chamados sistemas negativos dos adversários do Espiritismo.
Os fenômenos espíritas são de duas espécies: os de efeitos físicos e os de efeitos inteligentes. Não admitindo a existência dos Espíritos, por não admitirem nada além da matéria compreende-se que eles neguem os efeitos inteligentes.
Quanto aos efeitos físicos, eles os comentam à sua maneira e seus argumentos podem ser resumidos nos quatro sistemas seguintes.
Sistema do Charlatanismo:
Muitos dos antagonistas atribuem esses efeitos à esperteza, pela razão de alguns terem sido imitados.
Essa suposição transformaria todos os espíritas em mistificados e todos os médiuns em mistificadores, sem consideração pela posição, ou caráter, o saber e a honorabilidade das pessoas.
Sistema de Loucura:
Alguns, por condescendência, querem afastar a suspeita de fraude e pretendem que os que não enganam são enganados por si mesmos, o que equivale a chamá-los de imbecis.
Quando os incrédulos são menos maneirosos, dizem simplesmente que se trata de loucura, atribuindo-se sem cerimônias o privilégio do bom senso. Essa forma de crítica se tornou ridícula pela sua própria leviandade e não merece que se perca tempo em refutá-la.
Sistema de Alucinação:
Outra opinião, menos ofensiva porque tem um leve disfarce científico, consiste em atribuir os fenômenos a uma ilusão dos sentidos. Assim o observador seria de muita boa fé, mas creria ver o que não vê.
Quando vê uma mesa levantar-se e permanecer no ar sem qualquer apoio, a mesa nem se moveu. Ele a vê no espaço por uma ilusão ou por um efeito de refração, como o que nos faz ver um astro ou um objeto na água, deslocado de sua verdadeira posição.
Sistema do Músculo Estalante:
Se assim fosse no que toca à visão, não seria diferente para o ouvido, mas quando os golpes são ouvidos por toda uma assembléia, não se pode razoavelmente atribuí-los à ilusão. Afastamos aqui qualquer idéia de fraude, considerando uma observação atenta em que se tenha constatado que não havia nenhuma causa fortuita ou material. Um sábio médico deu ao caso uma explicação decisiva, segundo pensava: "a causa, disse ele, está nas contrações voluntárias ou involuntárias do tendão muscular do pequeno perônio" e, depois de tentar explicar as minúcias anatômicas da produção dos estalos, acaba concluindo que os que ouvem os golpes numa mesa são vítimas de uma mistificação ou de uma ilusão. Segundo A. Kardec, é uma explicação apressada que o homem de ciência dá sobre o que não conhece, mas que os fatos podem desmentir.
Bibliografia:
Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns,
Kardec, Allan - O que é o Espiritismo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Dia perfeito



autor Thiago D. Trindade

Muitos se perguntam o que seria o tal “dia perfeito”. Um dia passado com alguém que se ama? Um dia em um lugar especial? Um dia com muito dinheiro no bolso? Outra idéia? Bem, nós que estamos nesse planeta de provas e expiações não podemos esperar nada além do autoesforço para um dia chegar à condição Crística.

Sabemos que enfrentar os problemas com Razão, Fé e Caridade, e sem esquecer o Perdão, é trilhar o caminho para a Verdadeira Vitória, o que não é lembrado quando as coisas ficam feias e difíceis. Temos então o chamado “dia de cão”, e certamente, nossos amigos caninos devem ficar insatisfeitos com a péssima definição de nossos problemas usando seu nome. Sem dúvida, ironicamente, os cães devem ter seu “dia de humano” quando são levados contra a vontade a lojas onde são banhados com produtos que ofendem seu acurado olfato e lhes vestem com roupinhas coloridas. Até sapatilhas estão a por nos pés, digo patas, dos queridos caninos...Mas isso é outra história.

Escrevemos acima que atravessamos momentos difíceis em nossas vidas e há quem diga que a quantidade destes é muito superior aos momentos de alegria. Pessoas lembram-se apenas de nascimentos, casamentos (se bem que cada vez menos pessoas citam isso), promoções profissionais, até momentos esportivos. Essas pessoas, geralmente se apegam a momentos efêmeros da matéria. Na verdade, ouso até com segurança, que esses momentos fugazes de alegria são válidos!

E como!

Para aqueles que ainda não despertaram para as doces sutilezas dos Ensinos do Mestre, grupo vasto na qual me incluo, essas situações são um lenitivo sim! Mas a partir do momento em que procuramos estudar – e praticar – os Ensinos do Cristo, passamos da condição de ultra ignorantes para a de grandes ignorantes em processo de resgate. Um dia seremos apenas ignorantes, e depois esclarecidos e felizes. A informação – o Conhecimento – gera um compromisso com a Verdade. Para nós, faz parte da Verdade procurar ser aquilo que se propõe ser, o Homem Perfeito, conforme o Cristo afirmou.

O conhecimento que Jesus nos trouxe estimula, ou melhor, nos obriga a procurar naqueles momentos mais difíceis, onde a dor parece excruciante, a doçura das crianças – as verdadeiras Herdeiras do Reino dos Céus.

A força do Amor, ensinado pelo Cristo, que teve de ir ao Gólgota para dar a prova definitiva de comprometimento com o Bem para que acreditássemos em suas palavras. Essa força é tão grande que cura todos os males. Nós é que, egoísticamente, não entendemos isso. Por nosso egoísmo, transformamos o “dia de cão” em “vida de cão”. Fazemos de nossa existência uma tragédia sem tamanho e, surdos e cegos, viramos as costas para o Dia que podemos – e devemos – fazer.

Aí é que entro nos dizeres do título deste modesto texto. Dia Perfeito? Como é isso? É sorrir tolamente quando estivermos afundando em problemas? Negar as dificuldades e pintar o céu de cor de rosa? Não!

O Dia Perfeito é obtido quando enfrentamos o problema com Paciência e Reflexão. É encarar o tal “dia de cão” de frente, já que nesta reencarnação é inevitável escapar dele. Somente a compreensão dessa Verdade nos levará ao Aperfeiçoamento.

Então, de posse da Conscientização de si mesmo, acabaremos naturalmente com o “dia de cão” e o transformaremos em “Dia de Lição”. Quebraremos, com isso, o ciclo autotorturante e deixaremos de ofender nossos queridos entes caninos.

Em seguida ao “Dia de Lição” encontraremos o “Dia Perfeito”, onde nos encantaremos com as luzes das estrelas e da lua. Iremos nos emocionar o canto dos pássaros livres nos primeiros raios da alvorada. Teremos a capacidade para reverenciar a serena sabedoria dos irmãos envelhecidos, que se encontram no inverno da matéria, e exultaremos a alegria daqueles que estão na primavera da carne.

Nesse “Dia Perfeito” não iremos nos render a ilusões transitórias e jubilaremos a Criação e sua imensurável Paciência para conosco, seus filhos teimosos. Nesse “Dia Perfeito” vibraremos à luz bendita que será capaz de ajudar a outros irmãos nossos, ainda abraçados a “dias tenebrosos”, ajudando-os a encontrar o alívio, da mesma forma que nós também precisamos de auxílio em certo momento de nossa existência.

Uma vez atingindo o Dia Perfeito, que nós possamos prolongá-lo em Dois, Três... uma Vida Perfeita, que na verdade será apenas uma vaga idéia da real Felicidade que nos espera no Mundo Maior, mas que ainda será o bastante para nossas limitadas capacidades.


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Um certo jovem de Assis



Autor Thiago D. Trindade

Antes de refletirmos sobre Giovanni di Pietro di Bernardone, ou Francisco de Assis, como preferem alguns, devemos primeiro entender brevemente o contexto histórico em que esse homem viveu, que pode ser observado em qualquer livro de História do Ensino Médio.

A espiritualidade europeia estava auto aprisionada em mosteiros, desenvolvendo-se de forma introvertida e contemplativa. O pensamento erudito era pessimista em relação ao mundo e a Humanidade. Para eles, o mundo e a Humanidade, em essência, eram maus.

Mas esses mosteiros eram ainda centros de conhecimento profundo, com vastas bibliotecas e muito do que se conhece de literatura e História é graças ao trabalho dos mestres copistas, que também dominavam o pensamento abstrato, o teológico e também a Psicologia.

Embora os monges fossem pessoalmente pobres, suas Ordens eram ricas, proprietárias de terras e ouro, graças as doações na nobreza e do povo.

O pensamento corrente era de que a vida de monge era garantia para a entrada no Paraíso. Muitos leigos, após uma vida imoral, doavam grandes somas de dinheiro e iam para a clausura eclesiástica, certos de que o Paraíso lhes aguardava como príncipes.

Podemos observar que esse pensamento até então em vigor vai contra o pensamento do Cristo. E um franzino italiano iria lembrar a dominante Igreja disso.

Na época de Giovanni Bernardone, o modelo feudal declinava em favor da burguesia mercantil. Seu pai, Pietro Bernardone, era um poderoso comerciante.

Nascido em berço de ouro, o jovem Giovanni, que era apelidado de Francesco (que significa francês em italiano), ou para nós, Francisco, cresceu ao sabor do desregramento.

Com gosto pelas fortes emoções, foi soldado. Acabou prisioneiro e contraiu problemas de saúde que o acompanharam pelo resto de sua encarnação.

Mas, espera aí! Um homem que é até hoje conhecido pela sua mansidão era um arruaceiro e soldado mercenário? É, ele foi.

Se observarmos a História Cristã, vemos que muitos dos maiores auxiliares de Jesus eram os mais mundanos que a Humanidade tinha a oferecer: Pedro, era violento, teimoso e preconceituoso; Mateus e Zaqueu, temíveis publicanos, e, Paulo, que fora fariseu e implacável perseguidor de cristãos são alguns exemplos a serem lembrados aqui.

O Cristo sempre gostou de pegar um punhado de carvão, pretensamente, insignificante, e o transformava em reluzente diamante, que refratava as luzes celestes.

Simples assim.

Como sabemos, o Mestre Galileu chegou a cada um desses citados de forma única. E foi quando Francisco partia para sua segunda guerra, após sonhar com uma bela donzela, um opulento castelo e com um exército a lhe servir, que uma voz lhe indagou: “Quem te pode ser de maior proveito, o senhor ou o servo?” Sem hesitar, o jovem escolheu o “senhor”, mas a “voz” o estimulou a regressar ao lar com a promessa de que haveria uma orientação a ser dada.

Essa foi, certamente, a primeira vez que o povo olhou Francisco com desconfiança, pois praticamente  desertara. Seu pai, muito provavelmente, gastou uma razoável soma de dinheiro pagando propinas para que as autoridades esquecessem as acusações de deserção do exército papal.

Mas não foi daí que Francisco saiu praticando a Caridade.

Antes o jovem, em uma caverna, procurou entender o que se passava com ele. Procurou meditar, autoanalisar-se, ou, como dizemos hoje em dia, procurar sua Reforma Íntima (que aliás deve ser construída aos poucos).

Se para nós é difícil o conceito de Reforma Íntima, apesar de todas as informações que temos, imaginemos o quão difícil era para um jovem, na Idade Média, numa Era onde havia somente uma corrente de pensamento filosófico, e que qualquer coisa diferente era considerado crime passível de morte.

Embora Francisco não compreendesse sua própria vida, brotava nele o desejo de servir. Tanto que caminhando na mata, deparou com um leproso (que até hoje essa doença é vista como uma “maldição divina”) e deu-lhe seu rico manto. E mais, deu-lhe um beijo no rosto retorcido.

Foi um gesto impulsivo, como sabemos, mas que o satisfez. E essa sensação lhe era inédita e verdadeira.

Chegando à Igreja de São Damião, ouviu a Voz do Cristo, a partir de um pequeno crucifixo, que lhe pediu para reformar a igreja. Afoito, o jovem não refletiu sobre qual Igreja falara o Cristo, embora depois ele descobrisse que o Mestre se referia à reformar o mundo. Francisco saiu veloz da igrejinha e regressou à loja do pai, que estava ausente. Tomando os caros tecidos do negócio familiar, vendeu-os a baixo preço na feira para o povo, que logo após o taxou de louco e, em seguida, o apedrejou. Salvo pelo pai, foi confrontado por ele, que não compreendia o gesto e as motivações do filho.

Nesse momento, que é celebrado sempre que fala em Francisco de Assis, o jovem despiu-se de suas belas roupas que usava.

Agora sim, Francisco estava pronto para iniciar o serviço do Cristo, pois as vestes ricas, pesadas e limitantes, significavam o abandono do Homem Velho que todos nós devemos despojar.

Francisco, portanto, seguia o Ensinamento do Cristo: “... dê tudo que tens e me segue” (Mateus, 20:21). Mas esse revolucionário italiano precisava beber mais da fonte doutrinária de Jesus. Sua reestruturação mental e moral ainda estava frágil. Afinal era jovem e a rejeição de sua família e sociedade vergastavam-lhe a alma que ansiava por luz.

Buscou aprofundar suas meditações nos Ensinos do Cristo, mas não procurou mosteiro algum. Francisco procurou por Jesus nas vilas pobres, nos doentes e miseráveis de todas as cores. Encontrou na miséria do mundo a luz do Cristo.

Francisco entendeu que Jesus concedia a todos, sem distinção, a oportunidade de entrar no Reino dos Céus.

O missionário sabia que iria atravessar tempestades, pois o Evangelho de Jesus já era, há muito tempo, deturpado para atender interesses egoístas. Como solução, Francisco não procurou debates teóricos, pois sabia que não era páreo para os articulados doutores da Igreja.

Preferiu, o jovem, fazer do trabalho em nome do Cristo o seu cartão de visitas, logo, sua Tese.

Apesar das dificuldades, seu plano prosperou e chegou a fundar a Ordem dos Frades Menores, que fazia o impressionante voto de pobreza absoluta.

Francisco se preocupava bastante em seguir os Ensinos do Nazareno. Usava, a exemplo do Mestre Galileu, austeridade máxima consigo mesmo e de enorme condescendência para com o próximo.

Chamava o corpo de “Irmão Burrico” e o frade ensinava que a Moralização era fundamental para a Felicidade Futura. O jovem seguidor do Cristo ainda afirmava que o corpo era uma das mais belas obras de arte, já que tínhamos sido feitos à imagem e semelhança de Deus. Dessa forma, Francisco de Assis, se antecipou aos mestres renascentistas que só viriam séculos depois.

Para Francisco, o corpo é um Templo de Deus e o mundo em si é outro Templo que deve ser conservado e honrado em nome do Criador.

O frade se descobriu pequeno como um grão de mostarda ante a grandeza da Obra de Deus. Percebeu que era um integrante, e não o senhor da Natureza, como nos esclarece a questão 540 do Livro dos Espíritos e o Capítulo 10 de A Gênese, integrantes da Codificação Espírita. Para esse Servidor do Cristo, a Criação está intensamente conectada.

O manso italiano era, em plena Idade Média, o primeiro ecologista. Na obra conhecida como “O Cântico ao Irmão Sol” ou “Cântico das Criaturas”, vemos acertadamente o jovem de Assis chamar o vento, o sol, o lobo, as árvores de irmãos, já que como nós, foram criados pelo Amor Divino.

A Paciência, A Perseverança, A resignação, A Humildade e a Fé de Francisco eram admiráveis. Enfrentou as dificuldades com uma firmeza inferior somente à Paixão de Cristo e ao sofrimento dos primeiros mártires do Cristianismo, conforme assinalam alguns estudiosos.

Seu desconforto físico era uma constante. Sua visão, cada vez pior, somada aos problemas estomacais, lhe agrediam dia e noite. Muito semelhante a outro Francisco, nascido no Brasil, em início do século 20...

Quanto de nós ousam seguir o Evangelho do Cristo que nos manda amar irrestritamente?

Meditemos sobre isso.

Meditemos se nossa paciência, perseverança, resignação e fé não precisam ser mais desenvolvidas com estudo e trabalho.

Por que nós não tiramos de nossos desconfortos físicos a força necessária para trabalhar para nós mesmos e inspirar os outros?

Nos últimos anos, Francisco de Assis é lembrado somente como Protetor do Meio Ambiente. Na verdade, o frade trabalhou intensamente com leprosos, alienados e famintos. Chamava a Morte, o Desencarne, de Irmã e sorria para ela, pois sabia que era um gesto de Deus.

Francisco sabia que o desencarne era fundamental para o desenvolvimento Moral\Espiritual da Humanidade. Como Amigo da Morte, o frade levava a mensagem de Jesus de que nada se leva deste mundo se não as ações praticadas, fossem boas ou más. O Trabalhador do Cristo lembrava que a vida na Terra era o tempo de semear.

Certamente com um pouco de severidade, o leal Servidor ensinava ao povo que não se negociava o Reino dos Céus, apesar dos apelos da dominante Igreja, mas somente o serviço ao próximo era capaz de levar uma alma ao Paraíso. Francisco, em suas simples palavras, enfatizava o ensinamento de Jesus que fazia alusão que se fizesse o menor dos servidores, será digno do Reino dos Céus. (João, 13: 1-11).

Por gestos e palavras, Francisco ensinava que era necessário morrer para os excessos mundanos, entraves para a entrada no Reino dos Céus. Francisco ensinava que o mais sublime sinônimo de Amor é o Perdão, que tem por igualdade de significado: o Carinho, a Compreensão, a Empatia, o Servir.

Acreditamos que é assim que Francisco de Assis deve ser lembrado – e estudado – pelo seu exemplo em despir-se dos entraves limitantes de sua evolução pessoal.

Seguidores de seu exemplo em Servir, infelizmente, são poucos: Adolfo Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel, Eurípedes Barsanulfo, André Luiz, Chico Xavier, Irmã Dulce, Tereza de Calcutá, Gandhi, Frei Damião, e uns poucos...

E onde quer que esses Missionários estejam, nos conclamam a seguir o Cristo, primeiro dentro de nós mesmos e, em seguida, em nossa família.

E, quando menos esperarmos, estaremos contemplando a luz divina de braços dados com toda a Humanidade e, conheceremos a bela dama, de nome Felicidade; conheceremos o Castelo do Reino dos Céus; e tomaremos parte do exército de companheiros de Francisco de Assis, elementos sonhados  anos antes, quando partia para a guerra, em solo italiano.

O pequeno frade nos ensinou que Estudar e Trabalhar; Trabalhar e Estudar são fundamentais para Servir melhor ao próximo.

E Servir melhor ao próximo é:

AMAR
AMAR
AMAR

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Fala, Kardec!



Terceiro Diálogo – Um livre pensador

Do Livro “O Que é o Espiritismo” de Allan Kardec

Um livre pensador – Tendes proclamado, a toda hora, a liberdade de pensamento e de consciência, e declarado que toda crença sincera é respeitável. O materialismo é uma crença como qualquer outra; por que não gozaria ele da liberdade que concedeis a todas as outras?

Allan Kardec – Cada um é, seguramente, livre para crer no que lhe agrada, ou para não crer em nada, e não desculparíamos mais uma perseguição contra aquele que crê no nada depois da morte, que contra um cismático de uma religião qualquer. Combatendo o materialismo, nós atacamos, não os indivíduos, mas uma doutrina que, se é inofensiva para a sociedade quando se encerra no foro íntimo da consciência de pessoas esclarecidas, é uma calamidade social, se ela se generaliza.
A crença de que tudo termina para o homem depois da morte, que toda solidariedade cessa com a vida, o conduz a considerar o sacrifício do bem-estar presente em proveito de outro como uma intrujice; daí a máxima: cada um por si durante a vida, uma vez que nada há além dela.
A caridade, a fraternidade, a moral, em uma palavra, não têm nenhuma base, nenhuma razão de ser.
Por que se mortificar, se reprimir, se privar hoje quando, amanhã talvez, não existiremos mais?
A negação do futuro, a simples dúvida sobre a vida futura, são os maiores estimulantes do egoísmo, fonte da maioria dos males da Humanidade.
É preciso uma virtude bem grande para se deter sobre a inclinação do vício e do crime, sem outro freio além da força da vontade.
O respeito humano pode conter o homem do mundo, mas não aquele para o qual o temor da opinião pública é nulo.
A crença na vida futura, mostrando a perpetuidade das relações entre os homens, estabelece entre eles uma solidariedade que não termina no túmulo;
ela muda, assim, o curso das idéias.
Se essa crença fosse apenas um espantalho, seria temporária;
mas como sua realidade é um fato adquirido pela experiência, ela está no dever de a propagar e de combater a crença contrária, no interesse mesmo da ordem social.
É isso o que faz o Espiritismo, e com sucesso, porque dá as provas, e porque, em definitivo, o homem prefere ter a certeza de viver feliz em um mundo melhor, como compensação às misérias deste mundo, do que crer estar morto para sempre.
O pensamento de se ver aniquilado para sempre, de crer os filhos e os seres que nos são caros, perdidos sem retorno, sorri a um bem pequeno número, crede-me;
por isso os ataques dirigidos contra o Espiritismo em nome da incredulidade têm tão pouco sucesso, e não o abalaram um instante.

Algumas linhas sobre Allan Kardec




Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail, 03 de Outubro de 1.804 - 31 de Março de 1.869) foi um influente educador, autor e tradutor francês.
Notabilizou-se como O Codificador do Espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita (1).
Foi discípulo do reformador educacional Johann Heinrich Pestalozzi (2) e um dos pioneiros na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais (mais notadamente a Mediunidade), assuntos que antes costumavam ser considerados inadequados para uma investigação do tipo.
Adotou o seu pseudônimo para uma diferenciação da Codificação Espírita em relação aos seus anteriores trabalhos pedagógicos.
A vida de Allan Kardec pode ser contada de várias maneiras.
Para melhor compreensão de alguns aspectos, vejamos as duas fases de forma bem distinta uma da outra. A primeira fase em que, desde o seu nascimento até a idade dos 50 anos de idade, foi conhecido como Hippolyte Léon Denizard Rivail; e a segunda fase, quando tornou-se espírita e passou a assinar Allan Kardec.
Primeira Fase:
Allan Kardec nasceu em 3 de Outubro de 1.804 na cidade francesa de Lyon e foi registrado com o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Iniciou seus estudos na escola de Pestalozzi (em Yverdun, Suiça). A educação transmitida por Pestalozzi marcou profundamente a vida futura do jovem Rivail.
Tornou-se educador e entusiasta do ensino e por várias vezes foi convidado a assumir a direção da escola quando Pestalozzi precisou ausentar-se.
Durante 30 anos (de 1.824 a 1.854) dedicou-se inteiramente ao ensino e foi autor de várias obras didáticas que em muito contribuíram para o progresso da educação naquela época.
Segunda Fase:
Em 1.855 o então Prof. Rivail deparou-se pela primeira vez com o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam (3), em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida (4).
Passa então a observar esses fenômenos. Pesquisa-os cuidadosamente graças ao seu espírito de investigação que sempre lhe fora peculiar. Não elabora qualquer teoria pré-concebida, mas insiste na descoberta das causas.
Aplica a esses fenômenos o método experimental com o qual já estava familiarizado como educador. Partindo dos efeitos, remonta às causas e reconhece a autenticidade dos fenômenos.
Convenceu-se da existência dos espíritos e da comunicação deles com os homens.
Uma grande transformação ocorreu na vida do Prof. Rivail: convencido de sua condição de espírito encarnado, adota um nome já usado em uma existência sua anterior, no tempo dos druidas (5): Allan Kardec.
De 1.855 a 1.869 consagrou sua existência ao Espiritismo; sob a assistência dos Espíritos Superiores, representados pelo Espírito de Verdade, estabelece as bases da Codificação Espírita, em seu tríplice aspecto: Filosófico, Científico e Religioso.
Além das obras básicas da Codificação (também conhecida como Pentateuco Kardequiano), contribuiu com outros livros básicos de iniciação doutrinária, como: O que é o Espiritismo, O Espiritismo na sua mais simples expressão, Instruções práticas sobre as manifestações espíritas e Obras Póstumas.
A essas obras junta-se a Revista Espírita, uma espécie de jornal ou diário de estudos psicológicos lançado a 1º de Janeiro de 1.858 e que esteve sob a direção de Allan Kardec por 12 anos.
É também de sua iniciativa a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (6), em 1º de Abril de 1.858. Foi a primeira instituição regularmente constituída com o objetivo de promover estudos que favorecessem o progresso do Espiritismo.
Assim surgiu o Espiritismo: com a ação dos Espíritos Superiores, apoiados na maturidade moral e cultural de Allan Kardec no papel de codificador.
Com a máxima “Fora da caridade não há salvação”, Kardec procura ressaltar a igualdade entre os homens, perante Deus, perante a tolerância, perante a liberdade de consciência e perante a benevolência mútua.
E a esse princípio cabe juntar outro: “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face à face, em todas as épocas da humanidade”.
Esclarece Allan Kardec: “A fé raciocinada que se apoia nos fatos e na lógica, não deixa qualquer obscuridade; crê-se, porque se tem certeza e só se está certo, quando se compreendeu”.
Denominado “O Bom Senso Encarnado” pelo célebre astrônomo Camille Flammarion (7), Allan Kardec desencarnou aos 65 anos em 31 de Março de 1.869.
Em seu túmulo (8) no cemitério de Père Lachaise (Paris) uma inscrição sintetiza a concepção evolucionista da Doutrina Espírita:
“Nascer, Morrer, Renascer, ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.
Leia mais na Wikipedia: Allan Kardec
https://pt.wikipedia.org/wiki/Allan_Kardec
(1) A Doutrina Espírita foi codificada (ou seja, tomou corpo de doutrina - pela universalidade dos ensinos dos espíritos) depois que Allan Kardec observou e analisou as "mesas girantes". O então Professor Rivail ficou intrigado com o fato de que como poderia a mesa mover-se se não havia músculos, ou formular respostas a determinadas perguntas, se ela, a mesa, não tem um cérebro. E foi o próprio fenômeno que teria respondido: "Não é a mesa que pensa! Somos nós as almas dos homens que viveram na Terra".
Continue lendo na Wikipedia: Espiritismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo
(2) Johann Heinrich Pestalozzi (1.746 - 1.827) foi um pedagogista suíço e educador pioneiro da reforma educacional. Foi um dos pioneiros da pedagogia moderna, influenciando profundamente todas as correntes educacionais, e longe está de deixar de ser uma referência. Fundou escolas, cativava a todos para a causa de uma educação capaz de atingir o povo, num tempo em que o ensino era privilégio exclusivo.
Continue lendo na Wikipedia: Johann Heinrich Pestalozzi
https://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Heinrich_Pestalozzi
(3) Assista ao vídeo:
ESPIRITISMO - HUMOR - MEDIUNIDADE - SIM, AS MESAS GIRANTES TAMBEM ESCREVIAM E CORRIAM PELAS RUAS
https://www.youtube.com/watch?v=boNPTedf8SQ - (00:03:53)
(4) Assista ao vídeo:
ESPIRITISMO - MUNDO ALEM - ALEM DA HISTORIA - ALLAN KARDEC E O FENOMENO DAS MESAS GIRANTES
https://www.youtube.com/watch?v=u0kTt7ECoXU - (00:09:27)
ESPIRITISMO - TV FERGS - ALLAN KARDEC - O SURGIMENTO DO ESPIRITISMO
http://www.youtube.com/watch?v=KjhnqRHtknU - (00:08:02)
ESPIRITISMO - O INICIO DA CODIFICACAO - DEPOIMENTO DE ALLAN KARDEC
http://www.youtube.com/watch?v=Rpi9X0a0oP8 - (00:07:57)
(5) Os Druidas foram os povos de origem indo-européia que habitavam extensas áreas da Europa pré-romana. Eram sacerdotes do lendário povo celta. Eram pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento, ensino, jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta.
(6) Assista ao vídeo:
ESPIRITISMO - MEMORIA - CODIFICACAO ESPIRITA - IMAGENS DE PARIS, ALLAN KARDEC E COLABORADORES
http://www.youtube.com/watch?v=OaMCZZ0ztuk - (00:05:34)
(7) Camille Flammarion (Nicolas Camille Flammarion, 1.842 - 1.925), foi um astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês. Importante pesquisador e popularizador da Astronomia, recebeu notórios prêmios científicos e foi homenageado com a nomenclatura oficial de alguns corpos celestes. Sua carreira na pesquisa e popularização de fenômenos paranormais também é bastante notória.
Leia mais na Wikipedia: Camille Flammarion
https://pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Flammarion
(8) Assista ao vídeo:
ESPIRITISMO - TUMULO DE ALLAN KARDEC
http://www.youtube.com/watch?v=E4sW7YyNGZA -
ESPIRITISMO - MUNDO ALEM - ALEM DA ARTE - MUSICA MEDIUNICA - CORAL CARLOS GOMES - GLORIA A KARDEC
https://www.youtube.com/watch?v=wF8pSDA2Ftk - (00:04:36)
Assista também:
ESPIRITISMO - ALLAN KARDEC, O CODIFICADOR DA TERCEIRA REVELACAO
https://www.youtube.com/watch?v=UOMjFarcyWY - (00:02:20)
ESPIRITISMO - PROGRAMA TERCEIRA REVELACAO - 21 ESPECIAL - HOMENAGEM A ALLAN KARDEC
http://www.youtube.com/watch?v=fT2vdupjI1g - (00:26:06)
ESPIRITISMO - MUNDO ALEM - ALEM DO CINEMA - ALLAN KARDEC - O CODIFICADOR DA DOUTRINA ESPIRITA
https://www.youtube.com/watch?v=ZXs7uR2HD8k - (00:01:55)

Salve Kardec! Salve Zélio!



Hoje marca a data do nascimento do grande Allan Kardec, insígne Codificador da Doutrina Espírita!!!
E também marca a data do desencarne do nobre Zélio Fernandino de Morais, médium fundador da Umbanda.
Fora da Caridade não há salvação - Espiritismo.
Umbanda é a manifestação dos Espíritos para a Caridade - Umbanda.
Salve esses dois iluminados Servidores do Cristo!