sábado, 30 de novembro de 2013

Ouvir

Autor Thiago D. Trindade



Ouvir é uma forma de Caridade. E como nós somos surdos! Fazemos questão de não ouvir reclamações, sugestões, correções e até elogios, dentre outras coisas.

Selecionamos bem o que queremos ouvir. Aí que reside o perigo. A vaidade, antítese da Humildade é surda. E vaidosos como somos, logo, proporcionalmente surdos.

Ouvir um lamento, por mais repetitivo e longo que seja, tempera o caráter. Exerce em nós a Caridade, com a doce faceta da Paciência. Com a Paciência, quem sabe, podemos vencer o dissabor com o mel balsâmico que pode, ainda que lentamente, mudar um coração dolorido.

O coração adoçado, ao invés de ficar com diabetes, se tornará brando e ainda mais belo. A surdez da alma será rompida pela canção da Reflexão, que é o princípio da Caminhada para a alegria da Vida, repleta de vozes que falam somente de Amor.

Um novo olhar a respeito da Família


autor Thiago D. Trindade

O modelo daquilo que chamamos de família está em extinção. O modelo patriarcal, rígido, quase absolutista, está à míngua. Isso é bom? Aliás, pensemos se esse modelo era realmente bom e qual tipo de pessoa que ele gerou...

A tal modernidade, alimentada por mentes entorpecidas, tenta enfiar goela abaixo a idéia de que a família é algo descartável, ultrapassada. Não falo da estrutura: mamãe rainha do lar, papai sabe tudo e filhinhos perfumados. Me refiro ao grupo de espíritos endividados pela trama das encarnações.

Pensemos: se a família está descartável, logo as pessoas também...

José, o carpinteiro que criou Jesus, ficaria deslocado nos dias de hoje e Maria teria chorado muito mais, se isso for possível...

Muitos preferem dizer que nasceram nas famílias erradas e buscam terceiros para se satisfazerem. É uma visão equivocada, baseada na ignorância. É necessário, e a literatura espírita é rica em ilustrações, para determinando espírito nascer na respectiva família para que possa quitar pesados débitos, ou seja, aprender pela dor ou amor o Caminho do Perdão e da Redenção.

Kardec, muito sábiamente, realizou um estudo sobre a importância da família e a espiritualidade. Sem desvios de interpretação, a conclusão final é categórica: a responsabilidade evolutiva é individual, mas o desempenho do grupo é fundamental para êxito pleno.

Muitos irão afirmar: meu filho (a) está longe, ou meu pai (ou mãe) não quer me ver! Será isso mesmo ou a pessoa, egoísta, se põe numa atitude preguiçosa e arriscando-se a angariar novos – e pesados – débitos?

Ou ainda, a leniência com os desvios morais do companheiro de jornada, cerrando os olhos para os absurdos que eles cometem. Nesse caso, há também a repetição do egoísmo em não querer reconhecer o próprio erro em realizar dignamente a parte que lhe foi confiada na encarnação.

Zelar por um ente querido não é isolá-lo do mundo de provas e expiações (como se fosse possível...), mas sim fazer o necessário para o sucesso do empreendimento chamado encarnação.

Falhas acontecem. Repetir as falhas é onde reside o verdadeiro atraso nos planos evolutivos.

O futuro da família está onde sempre estive: em nossas mãos! A aplicação dos ensinos do Mestre da Galiléia é a força motriz que nos impulsionará para o Alto com o menor número de escalas na Terra o possível.

Se faz necessário compreender nossa parcela de responsabilidade e cumprir o necessário na Grande Escola da Vida.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mais um vídeo de Zélio de Moraes narrando sobre a Fundação da Umbanda na Terra, dentro do Espiritismo, que havia se tornado preconceituoso

Mais um vídeo excelente, que começa com Zélio e depois outras participações acerca das manifestações da Umbanda e do Espiritismo


https://www.youtube.com/watch?v=nRvjsKEGpPs#t=195

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Vós sois deuses?



Autor Alexandre Giovanelli





Vós sois Deuses e se o quiserdes podereis fazer o que eu faço e muito mais...” Essa é uma frase que realmente nos faz refletir sobre o poder divino de que somos portadores e do qual muitas vezes negligenciamos, seduzidos que somos pelas ilusões do mundo material. Vale a reflexão, embora esta frase não exista ipsis litteris na Bíblia.

Cabe aqui uma explicação. O trecho citado é composto por duas sentenças que foram apostas, mas que são encontradas em duas passagens bem distintas do evangelho de João e associadas a contextos diferentes. Na primeira, Jesus passeava no templo, no pórtico de Salomão, quando os judeus começaram a interrogá-lo se Ele seria mesmo o Cristo previsto nas escrituras antigas. No entanto, quando ouvem a confirmação de Jesus, pegam em pedras para apedrejá-lo uma vez que consideram uma blasfêmia um homem se intitular Deus?! Mas Jesus replica dizendo:
"Não está escrito na vossa lei: “Eu disse: Sois deuses?” Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele." (João, 10: 34 a 38)

Como em outros confrontos com representantes de diferentes seitas judaicas, Jesus faz uma citação de trecho do Velho Testamento, especificamente o versículo 6, capítulo 82 do Livro dos Salmos: “Eu disse: Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo”. Esta passagem é uma crítica explícita aos antigos juízes judeus que de forma maliciosa e interesseira favoreciam em suas sentenças os injustos e com isso oprimiam os pobres e humildes. Na época, tais juízes eram chamados de “deuses” e o salmista faz uma repreensão sobre os maus atos cometidos pelos tais juízes, tanto que no versículo seguinte ao citado é dito: “Contudo, morrereis como simples homens e, como qualquer príncipe, caireis”. Assim, Jesus sabiamente faz um jogo de palavras, em que, por um lado, critica veladamente os judeus que o reprovavam ao compará-los com os “deuses” ou juízes iníquos e ao mesmo tempo justifica sua afirmação dizendo que, se até mesmo homens iníquos podem ser chamados de deuses, que dirá um homem que faz boas obras e prega a palavra de Deus, como é o caso de Jesus, o qual havia acabado de curar um cego de nascença. Assim, o “vós sois deuses”, não é uma referência à nossa essência divina, mas sim um artifício retórico utilizado para rebater as críticas à missão do Mestre.

A segunda passagem do Evangelho de onde foi retirada a sentença: “podereis fazer o que faço e muito mais” pode ser encontrada no capítulo 14 de João:
“Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”. (João, 14: 12-13)

Aqui sim, Jesus faz uma promessa a seus discípulos de que pela fé ele sempre estaria junto aos seus e pela mesma fé, eles poderiam realizar as obras que Jesus confiou inicialmente aos seus seguidores. É importante ressaltar que naquele momento Jesus se despedia de seus discípulos, dizendo que em breve partiria para o plano espiritual. São os últimos momentos de Jesus, antes da captura e julgamento pelo Sinédrio. Para tanto, Jesus preparava o espírito de seus discípulos infundindo a fé e a confiança necessárias à missão que a partir dali seria desempenhada pelos seguidores de Jesus, sem a presença física do Mestre. Lembremos que, ainda no início do apostolado, os discípulos receberam a seguinte incumbência:
“Por onde andardes, anunciai que o Reino dos Céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça daí” (Mateus, 10: 7-8)

Embora os discípulos tivessem um papel ativo Jesus estava sempre junto deles irradiando bondade e sabedoria, instruindo e principalmente, corrigindo eventuais falhas que porventura os discípulos incorressem, como de fato ocorreu no caso do “endemoniado” que só foi curado pelas mãos de Jesus, pois que exigia “jejum e oração”. Mas com a partida de Jesus, não seria mais possível a intervenção direta do Mestre nas vidas daqueles homens. Assim, em sua sabedoria, Jesus deu uma chave para eles. A chave da fé. Através da fé eles conseguiriam entrar em comunhão com o Mestre em qualquer momento, mesmo nas situações mais difíceis e com isso o poder emanado dos planos superiores se manifestaria no momento de sua evocação. Essa era a nova etapa de aprendizagem dos discípulos.

Portanto, embora não exista a sentença: “Vós sois Deuses e se o quiserdes podereis fazer o que eu faço e muito mais...” há diversas outras passagens encontradas no evangelho que podem assemelhar-se ao sentido destas palavras. Portanto, não desanimemos e voltemos ao ponto central: Realmente nós teríamos uma potência divina? Em outras palavras: Trazemos em nós a centelha divina, a qual pode operar maravilhas?
Para isso voltaremos às palavras do Mestre. Fixemos novamente nossa atenção para situação semelhante à anteriormente citada. Estava Jesus cercado por fariseus, uma das várias seitas da época, os quais lhe indagaram quando viria o Reino de Deus. Jesus respondeu:
O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está dentro de vós” (Lucas, 20: 20-21)
Algumas traduções substituem o “dentro de vós” pelo “no meio de vós”
. Em todo o caso, o sentido é claro: quis Jesus dizer que o Reino de Deus está muito próximo do nosso alcance; está mesmo à nossa vista. Temo-lo tão perto, mas não conseguimos alcançá-lo...

O Mestre vai mais longe e nos ensina como receber a dádiva do Reino de Deus. Aliás, essa foi sua principal missão: ensinar-nos a entrar em comunhão com o nosso criador; transformarmo-nos em santuário onde Deus possa se manifestar. Jesus persistentemente falou sobre isso, de várias formas; através de parábolas, exemplos, exortações. Lembremos da parábola do semeador: “A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto...” (Mateus, 13:23). Ou da parábola do grão de mostarda: “O Reino dos Céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo. É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos” (Mateus, 13: 31-32). Poderíamos citar tantas outras passagens, todas apontando para a mesma realidade: deixemos que a palavra de Deus faça morada em nossa alma. A partir daí passaremos a produzir muitos frutos, o maior deles conhecido como o amor-compaixão, aquele que nos faz sentir ligados à toda a criação divina: homens, mulheres, animais, plantas, céus e terra... e ao próprio Criador. Mas também o fruto do amor-ação, também chamado caridade, o qual não se contenta com o sentimento de compaixão, mas busca compartilhar o conhecimento do Reino de Deus, ensinando a palavra de Deus, curando doentes, ressuscitando mortos, expulsando demônios, tal qual Jesus encomendou aos seus primeiros discípulos.

Eis aí o resumo do ensinamento do Mestre da Galiléia: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo: “Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e todos os Profetas” (Mateus, 22:40).

Sim, o Reino de Deus está dentro de nós. Basta que nos livremos de nosso egoísmo e vaidade, as principais chagas da humanidade, conforme nos lembram os espíritos que orientaram a obra O Evangelho segundo o Espiritismo. Basta que deixemos espaço para que o amor que existe em nós, filhos do Altíssimo, se manifeste. Somente então, tudo o que pedirmos nos será dado, porque conforme nos diz Jesus: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito” (João, 15:7).

Tomemos, apenas, o cuidado de não cairmos na tentação do poder, como no caso de Simão, o mago que havia se convertido ao cristianismo, mas que sucumbiu ao desejo ao ver que os apóstolos transmitiam o “espírito santo” pela imposição de mãos e quis comprar esse poder. Duplo erro: o de achar que as coisas de Deus podem ser compradas e o de acreditar que vaidade e trabalho espiritual podem conviver. Ou se serve a Deus ou a Mamon. Simão preferiu servir a Mamon. Fez sua escolha e toda escolha tem sua conseqüência. Ao aceitarmos o mundo da materialidade, rejeitamos o mundo do espírito. Portanto, não confundamos a palavra do Mestre quando diz que tudo o que quisermos será feito. A busca não é pelo poder: poder-ter, poder-fazer. Mas sim pelo Reino de Deus, pois aí nossa vontade será alinhada com a vontade da espiritualidade superior. Nesse caso, querer significa querer com Cristo, em Cristo, por Cristo.

Transformemos-nos, portanto, em obreiros do Senhor, acolhendo em nossa alma o Reino de Deus. E não temamos nenhum mal ou obstáculos, pois mesmo quando a dificuldade nos assolar, lembraremos dos últimos momentos de Jesus encarnado, despedindo-se de seus discípulos, mas prometendo que sempre estaria presente se tivéssemos a fé necessária, de tal maneira que seríamos capazes de fazer o que ele fazia e muito mais. Mas não é só isso. Jesus prometeu ainda, que Deus nos enviaria o Espírito da Verdade que iria ensinar todas as coisas e recordar tudo o que fora dito por Jesus. Espíritas, rejubilai-vos, pois que nossa geração já foi agraciada com as revelações do Espírito da Verdade, as quais nada mais são que as revelações do espiritismo. O espiritismo veio esclarecer muitos dos ensinamentos do Mestre que até então eram pouco claros; confusos mesmo, sem a devida chave de interpretação. O espiritismo é a chave que tem o poder de fortalecer nossa fé na justiça divina e fazer de nós servos de Deus, amigos de Jesus, médiuns da espiritualidade superior. E assim, ao invés de dizer: “somos deuses e podemos fazer tudo o que Jesus fez e muito mais”, repetiremos as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “...mas o Pai que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras” (João, 14:10).

sábado, 9 de novembro de 2013

Desobsessão rápida?!




autor Thiago D. Trindade



Entendemos o processo obsessivo como a incidência mental de um indivíduo, ou grupo, sobre um terceiro, podendo ser os envolvidos encarnados ou desencarnados.

Consideramos ainda a auto obsessão, quando a própria pessoa volta contra si mesmo sua força mental, prejudicando a si mesma. Nesse contexto, avaliamos ainda que a auto obsessão, quase sempre abre espaço para a aproximação de espíritos sofredores sobre o espírito auto obsediado.

O tratamento para todos os casos é a desobsessão, que é uma série de ensinamentos – e vivências práticas, o que é pouco considerado ultimamente – baseados na grande virtude do Perdão incondicional, um dos sinônimos do Amor Fraternal. No Capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo, que trata sobre as aflições, percebemos a grande importância de se perdoar as ofensas.

A literatura Espírita é riquíssima de elucidações a respeito da desobsessão e de seus fatores correlatos. Há livros de André Luiz, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno, Joanna de Angelis, Emmanuel, dentre outros, que narram uma parcela das sagas evolutivas de pessoas, que se entrelaçam em teias de rancor e ódio. Sentimentos baixos que atravessam os séculos da Terra.

Há obras que versam diretamente sobre o tema, de André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier e Waldo Vieira, e, mais recentemente, de Suely Caldas Shubert, que “destrincham” essa nebulosa questão evolutiva para todos nós.

Em quase todos os casos, percebemos que o processo desobsessivo é lento e gradual. Uma parte depende do obsediado em aceitar o tratamento indicado, que é perdoar e instruir-se. A outra depende do obsessor(es), que se julgam, na maioria das vezes, vingadores de causam que jazem sob o pó dos anos terrestres, mantendo assim o ciclo de dor e sofrimento que se arrasta sem previsão de encerramento.

Não obstante, a Umbanda (assim como outras religiões) trabalha intensamente com a desobsessão. Investe na Educação Moral de seu adepto, e do grupo de Espíritos que lá chega em busca de alívio e esclarecimento.

Nos casos da desobsessão mais propriamente dita, onde o Espírito sofredor é confrontado com a Verdade do Bem, vemos a Umbanda atuando de forma diferente, se compararmos com a metodologia “Kardecista”. O obsessor é literalmente afastado do obsediado e encaminhado para estâncias onde receberá o cuidado necessário, enquanto ao obsediado ficará com a orientação para desenvolver-se moralmente.

“Vá e não peques mais”.


Muitos Espíritas “kardecistas” argumentam que a prática da Umbanda, nessa área, vai contra a Lei Divina, afetando o Livre Arbítrio de cada um e, não há moralização do obsessor, que pode voltar para sua prática descabida.

Consideremos que Espírito desorientados, dementados em vários graus, não possuem lucidez no uso de seu Livre Arbítrio, sendo escravos de si mesmos, ou seja, também auto obsediados.

A literatura Espírita “kardecista” é cheia de casos, onde não se “respeitou” o Livre Arbítrio do obsessor, ou ainda, há a utilização do engodo, ou farsa. No livro “Loucura e Obsessão”, de Manoel Philomeno e Divaldo Franco, que se passa em um Terreiro de Umbanda, vemos um grande número de obsessores sendo tratados por entidades de aparência indígena, que eram os guardiães da Casa. Alguns médiuns incorporavam os sofredores, aplicando o choque anímico sobre os desencarnados ou forçando-os a se exaurirem energéticamente. Sem cerimônia, os trabalhadores espirituais levavam os “nocauteados” para ambientes específicos, verdadeiros ambulatórios.

Percebemos a forma segura com que a Espiritualidade Superior conduz os sofredores dentro do preceito da Caridade ensinado pelo Cristo. Igualmente, encontramos o uso de mentiras para conduzirem desencarnados aturdidos por si mesmos, como podemos estudar em “Memórias da Mediunidade”, de Yvonne Pereira, quando ela narra o caso de Pedro, um desencarnado que involuntariamente um conhecido a saudosa médium.

Os livros supracitados vieram à Terra pelas mãos de respeitados médiuns e foram tutelados, não só por Manoel Philomeno (sendo que este Espírito até se reconheceu preconceituoso a tudo que não fosse caracterizado com Espiritismo, conforme o próprio considerou) e Charles, respectivamente, mas sim por Adolfo Bezerra de Menezes e Leon Denis, como verificamos nas apresentações das duas obras editadas pela Federação Espírita Brasileira.

Não podemos cair no corporativismo cego que hasteia bandeiras de preconceitos, atrasando a nós mesmos. As informações da Verdade vêm há dois mil anos e até hoje escolhemos o que queremos, deixando de lado o que nos é inconveniente.

Não devemos medir esforços em auxiliar nossos Amigos Espirituais, melhorando, em primeiro lugar, a nós mesmos, para assim realizarmos as verdadeiras obsessões que permeiam esse mundo, todas baseadas no orgulho.

sábado, 2 de novembro de 2013

Excelente ! áudio de Zélio de Moraes falando sobre o Advento do caboclo das 7 Encruzilhadas


A narrativa de Zélio de Moraes, por ocasião da implantação da Umbanda na Terra, dentro do Centro Espírita Santo Agostinho, em Niterói, através da manifestação de um espírito das hostes de Santo Agostinho - o índio que acabou impedido de falar devido a sua aparência perispiritual pretensamente selvagem.


eis:

http://www.youtube.com/watch?v=YsOPVIjrsqw

A tempestade



autor Thiago D. Trindade

“Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam.” Mateus 6:19-20





Perdera tudo. Seus bens, outrora inúmeros, tinham se ido em meio aos excessos da carne. Sua família, que antes não fora prioridade, também se fora, arrancada da vida pelo terrível acidente que poupara o homem arruinado. Apagado, o homem observava com olhos semi-mortos as revoltosas ondas que se arrebentavam no cais de madeira onde se encontrava. O céu de chumbo era um reflexo da alma torturada daquele homem comum, sem nome.

Em sua desgraça, não percebia que estava encharcado até os ossos e suas vestes, de fina confecção, estavam esfarrapadas. Os cabelos grisalhos que resistiram aos anos e ao tormento de sua existência, escoiceavam ante a fúria dos ventos em tempestade que vinha pelo mar.
- Que o mar me trague. Desabafou o homem vencido, cheio de desprezo e desafio.
- Por que, tio? Indagou uma voz infantil.

Ao se virar, o atormentado se deparou com um menino moreno e de grandes olhos negros, que sorria. O garoto se colocou ao lado do homem e logo ficou tão encharcado quanto o sofredor.
- Saia daqui, moleque! Ralhou o homem – é perigoso ficar aqui!
- Então porque nós dois não saímos? Retorquiu o menino, ainda sorrindo.
- Fedelho abusado! – gritou o sujeito, erguendo seu punho em tom de ameaça – fora!
- Tio – continuou a criança, no alto dos seus sete anos – porque está chorando?
- Eu não choro! – respondeu o homem – é a água do mar!
- A lágrima é tão salgada quanto o mar – interrompeu o menino, com ar matreiro – vai ver, é por isso que não percebeu estar chorando.

Com um grunhido, o homem tentou afastar o menino, mas este permaneceu onde estava. Trovões ribombavam. As ondas assumiram ainda mais estatura e a estrutura de madeira do cais gritava em convulsão. Os olhos cansados do homem torturado por si mesmo voltaram-se para o garoto. Como ele chegara ali? Como ele, sendo tão criança, não temia aquele lugar?
- Menino – disse o atormentado – este lugar vai cair no mar. Sua mãe está te esperando. Imagine você que ela deve estar preocupada contigo.
- Verdade – respondeu o garoto, solene – mamãe e papai, com certeza estão preocupados. Eles ficam tristes quando sofremos.
- Pois então – o homem percebeu que estava convencendo a criança – é melhor ir embora e acabar com a preocupação deles.
- Só vou, se o tio for comigo – retrucou calmamente o menino – as lágrimas do seu coração não são maiores do que a dos outros. O tio culpa o mundo. Culpa o Papai do Céu pelas suas perdas. Mas a culpa não é do Papai do Céu!
- A culpa é minha então?! Gritou o homem, e nesse momento uma onda quase o derrubou no chão de madeira – eu nunca roubei ou matei! Trabalhei honestamente! Perdi meu dinheiro e perdi minha família!
- Tio – disse o garoto, sério – acho que você está enganado. A prova disso é justamente o fato de ter usado o que não era só seu. Sempre trabalhou honestamente? Procurou sempre o alto lucro e o acúmulo, isso bem fez. Depois gastou a fortuna no jogo e nos braços de outras mulheres. Sua família, que sofria com sua ausência e tirania velada, estava sempre sendo espoliada. Roubada. Não roubou dinheiro, mas um bem mais valioso, não é? Quando seu trabalho foi devorado pela luxúria, tio, sua família esteve ao seu lado. Sua companheira, que sabia de tudo que você fazia, orava para sua luz antes dela mesma.

Relâmpagos rasgavam o céu. Os dedos de eletricidade, vindos do alto, se voltavam para o homem e o menino, perdidos naquele canto esquecido do mundo. Perplexo, o homem encarou o garoto. Sua face marcada e sofrida estava ardendo de dentro para fora. Suas mãos se agarraram ao parapeito de madeira, que sacolejava convulsivamente.
- O que é você?! Exclamou o sofredor, pois uma criança não falava daquele jeito, nem ninguém, ou quase ninguém, sabia de suas ações na vida privada.
- Tio, se lembra de quando conheceu a tia? Sorriu o menino.

Imediatamente, o homem se viu jovem, com vasta e escura cabeleira. Era verão e ele, a pedido de uma senhora, pegava um sapoti para a netinha dela. Foi quando passou Heloísa, de vestido azul claro, cheio de flores, caminhando pela calçada. O cabelo dela, escuro e liso, ia preso por um arco. O perfume da moça fez o peito do então jovem encher-se de um sentimento que não era lembrado por longo tempo.
- Tio – prosseguiu a criança – se lembra do nascimento dos seus filhos?

O homem, novamente envelhecido, não estava quando cada um dos seus três filhos chegou ao mundo. Estava sempre no trabalho, imerso em contas e recebimentos. Mas lembrou-se da emoção de segurar os pequenos pela primeira vez, sob os olhares da esposa. Com rapidez, o torturado os viu brincado ao longe, e percebeu que nunca dera um sorriso para eles. Jamais conversara com os filhos. Aquela verdade o feriu mais do que qualquer outro golpe.
- Eles foram seu maior tesouro, tio – disse o garoto – o mais valioso dos bens do mundo. E só quando o senhor os perdeu, viu que tinha, de fato, ficado pobre.
- Se nada tenho, por que viver? Indagou o homem.
- Você tem que viver para ficar rico de novo, oras! Respondeu calmamente o pequeno menino, com simplicidade.
- Riqueza nenhuma irá trazer minha família! Nenhuma! – exclamou o homem – nenhum abraço de cabaré irá me confortar!
- Sua família, certamente, não vai voltar nestes tempos – retrucou o garoto, com franqueza típica das crianças – mas e a outra parte de sua família que permanece na Terra, que é muito grande? Tio, você tem muito trabalho!
- Que família? Devolveu o homem, irritado.

O cais, de repente, corcoveou como um cavalo de rodeio, sob as esporas inclementes do peão de boiadeiro. A tempestade tornara-se tão forte que o infeliz homem caíra de joelhos diante do menino, que permanecia sereno ante a ira da Natureza. A qualquer momento a estrutura de madeira seria destruída.
- Tio, até você se encontrar com sua família – disse o menino – cuide de cada criança, cada senhora desvalida. Estenda suas mãos fortes para cada necessitado. – o garoto então contemplou a tempestade que açoitava aquele canto do mundo – não pode recuperar o tempo que perdeu. Mas pode usar o que lhe resta nesse trabalho. Cada criança com quem brincar, cada sorriso que der a elas, será para seus filhos que estará sorrindo! Cada senhora consolada por você, será o mesmo que consolar sua esposa.
- O que irão pensar de mim?! Exclamou o homem, balançando a cabeça diante daquela idéia estúpida de consolar quem não conhecia.
- Que importa? – respondeu o menino, rindo – além disso, esse seu novo trabalho irá servir para outros, que como você há pouco, não sabem reconhecer a verdadeira riqueza que possuem!

O homem calara diante do menino. Por um momento esquecera de sua família e até da tempestade. Nesse momento um trovão ribombou e o cais de madeira começou a ruir, diante da violência das águas. A criança, finalmente com medo, tropeçou e caiu na direção das águas revoltas. No instante em que o garoto seria tragado pelas ondas, o homem o agarrou pelos braços.
- Você não vai cair! Chega de perdas! Gritou o homem.

Saltando pelas tábuas que se soltavam, o homem escapou do cais, levando consigo o pequeno nos braços. Quando, por fim, alcançaram a terra firme, o cais foi tragado pelas ondas e o vento forte derrubou o homem. Usando seu corpo como escudo, o homem protegeu o garoto dos ventos e das águas, que tinham alcançado a faixa da praia, e o açoitou violentamente por longo tempo. As ondas salgadas batiam no corpo daquele homem, que desafiara a tempestade. Uma delas chegou a acertar em cheio os dois, mas eles não foram tragados, nem esmagados e permaneceram onde estavam, enquanto toda a praia desaparecia.

Porém, após a demonstração de força, a tempestade amainou. Raios de sol cortaram as nuvens. As ondas baixaram sua estatura e ficaram menos encrespadas. O cais desaparecera por completo. A alvorada do novo dia chegava luminosa e purificada. Com lágrimas nos olhos, o homem testemunhou o nascer do sol de mãos dadas com o menino.
- Veja tio! – exclamou a criança – o sol nasce! Todos os dias, Papai do Céu nos dá a lição do renascimento! Seja o sol tio! Ilumine a todos com sua luz!

Renascido, o homem se levantou e ergueu o menino nos braços. Sorrindo, os dois tomaram a estrada que se erguia diante deles. Para um novo começo.















Tem sua verdadeira recompensa aqueles que deixam suas casas para a uma habitação miserável levar consolação, que sujam suas mãos cuidando de chagas alheias, que se privam do sono para velar à cabeceira de um doente, que utilizam sua saúde praticando boas ações. As alegrias do mundo não ressecaram esses corações e não deixaram que eles adormecessem em meio aos prazeres ilusórios da riqueza. Esses são os verdadeiros anjos dos pobres abandonados.


Fragmento retirado do Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo V, Provas voluntárias – o verdadeiro sacrifício. Um Anjo Guardião. Paris, 1863. Item 26.



esse e outros contos podem ser lidos na obra Contos de Redenção, e, todo o capital obtido é revertido integralmente para o Asilo de Idosas Seara de Luz, do CEPCC (Paracambi-RJ), que ainda mantém dezenas de atividades sociais para a população carente.


A listagem de contos:

A tempestade......................................................................06

O tronco............................................................................13

O mendigo..........................................................................20

Araçari................................................................................25

A encruzilhada...................................................................33

A honra.............................................................................46

O jardim............................................................................51

O seguidor..........................................................................61

O defunto................................................................... ......65

O Jesuíta e o Pajé................................................. ............74

O preço.............................................................................81

À luz do luar......................................................................86

O perdido...........................................................................91

Perdas e ganhos.................................................................98

O orador...........................................................................103

O lavrador........................................................................110

Sebastião..........................................................................124




À luz do luar

À luz do luar


autor Thiago D. Trindade


“Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos disse: por que cogitais o mal em vossos corações?” Mateus, 9: 4





Queria se matar. Sem a amada não valia à pena viver. A dor que sentia era devastadora, mas acima de tudo não entendia do porque ter sido traído e abandonado. Dera tudo a Elisa: carinho, dedicação e bens. Dera, sinceramente, seu coração.

Agora, seu coração estava despedaçado e não havia mais sentido em viver. Desgrenhado, emagrecido e sujo, Osvaldo se via diante do frasco de veneno. Trêmulo, segurava o copo mortal e lágrimas ardiam em seus olhos cansados. A dor era muito grande.

Um último lance. Decidiu abrir a janela, pois o quarto estava muito abafado. A luz da lua chamou sua atenção. Prateada e cálida, a lua cheia se refletiu nos olhos avermelhados do homem.
- Maldita seja – rosnou Osvaldo – dizem que você inspira os amantes, que seja agora testemunha de minha morte!
- A lua não tem ouvidos, amigo. Disse uma voz vigorosa.

Debruçado no muro baixo da casa de Osvaldo, um homem de paletó claro fitava o dono da casa com um meio sorriso. Nas mãos dele estava um chapéu elegante. Osvaldo murmurou um palavrão e esboçou regressar para dentro de seu santuário mortal.
- Por que você quer se matar e deixar as coisas boas da vida? Indagou o sujeito na calçada.
- Vá te catar! Gritou Osvaldo, com a voz esganiçada.
- Vou sim, meu caro – retrucou o outro – cada pedacinho meu é inestimável! O baratinho aqui é você.
- Você nunca sofreu por amor! – volveu Osvaldo – não sabe como é perder o amor verdadeiro!
- Já sofri muito por amor – atalhou o homem com um suspiro – o amor é muito mal interpretado meu chapa...
- Meu amor é puro! – exclamou o potencial suicida – sem Elisa não vale nada!
- Então o nome do problema é Elisa? – disse o homem fitando seu chapéu – ouça, amigo, o que você tem por essa moça é posse e não amor. Posse é egoísmo. Se você a amasse de verdade, gostaria de vê-la feliz. Vê-la crescer. Alem disso, outra coisinha...
- Acha que devo dividir Elisa com outros?! – explodiu Osvaldo – você não está falando sério! Idiota!
- Não distorça o que falo, rapaz – ponderou o outro – não ouviu direito o que eu disse? Vou tentar te explicar por outra abordagem... Você diz que ama Elisa. Que somente você pode amá-la verdadeiramente. Pois bem, quem ama cuida, meu chapa. Todos nós devemos nos amar, cuidar uns dos outros. Para poder amar um terceiro, por exemplo, a adorável Elisa, é preciso que você se ame em primeiro lugar.

O homem então riu e seus olhos se voltaram para a lua silenciosa. Osvaldo fitou o copo de veneno.
- Para você amar Elisa, de verdade, é preciso que se ame primeiro – repetiu o estranho – por que tu vais te portar como um fraco e fugir para o crime hediondo que pretende?! Ouça, mano, a vida é bela! Faça um favor para si e para Elisa... Cresça! Pegue esse seu orgulho e o quebre! Tem tanta coisa boa por aí...
- Não agüento a solidão...Hesitou Osvaldo.
- Não existe ninguém sozinho, nem mesmo aqueles que se esforçam muito para assim o serem – disse o outro em tom professoral – sempre há companhia compatível com o que se trás dentro de si.
- Tudo aqui lembra Elisa! Teimou Osvaldo.
- Guarde o que for bom e despache o resto – continuou o estranho – se necessário for, livre-se de tudo. Não existe fim, parceiro, mas sim possibilidades infinitas!

Osvaldo olhou o copo de veneno. Sentiu-se mais forte. Percebera que não vivera com Elisa desde sempre. Conhecera alegrias antes dela.
- Jogue esse negócio fora! Insistiu o homem quase pulando o muro.
- O que será de mim? Indagou Osvaldo, numa súbita fraqueza.
- Você será o que fizer de si. Disparou o outro.

Osvaldo jogou o veneno no chão e o som do copo se espatifando soou estridente noite á fora. O ex-quase-suicida parecia remoçado.
- Vamos agitar um pouco? Convidou o estranho, com um olhar matreiro.
- Não sei... Murmurou Osvaldo.
- Ponha uma roupa bacana – sentenciou o outro – espero aqui.

Osvaldo entrou e pôs uma roupa elegante. Sentia-se deslocado, mas algo dentro dele o ajudava. Saiu da casa. Encontrou com o homem estranho encostado num poste do outro lado da rua. Seu chapéu panamá branco estava em sua cabeça e os olhos do enigmático amigo se encontraram com os de Osvaldo.
- Para onde vamos? Indagou o homem que começava a se recuperar da dor.
- Confia em mim? Desafiou o outro.
- Confio! Exclamou Osvaldo com uma sinceridade que até o assustou.

Ambos riram e fitaram a lua. Um vento fresco tocou o rosto dos dois homens.
- À propósito, meu nome é Osvaldo.
- Me chame de Zé.

Os dois amigos apertaram as mãos enérgicamente e saíram para um novo começo e Osvaldo se reencontrou, aprendendo a amar verdadeiramente.










No tempo de Jesus, em razão das idéias restritas e materialistas da época, tudo era limitado e regionalizado. A Casa de Israel era um pequeno povo, os gentios eram também pequenos povos que moravam ao redor. Hoje, as idéias se universalizam e se espiritualizam. Os ensinamentos espirituais já não são privilégio de nenhuma nação e para eles não existem mais barreiras, pois estão presentes em toda parte. As verdades espíritas triunfarão pouco a pouco, assim como o cristianismo triunfou sobre o paganismo. Não é com armas de guerra que se combatem aqueles que não compreendem a verdade, mas com a força das idéias.


Fragmento retirado do Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XXIV, Não procurem os gentios. Item 10.





esse e outros contos podem ser lidos na obra Contos de Redenção, e, todo o capital obtido é revertido integralmente para o Asilo de Idosas Seara de Luz, do Centro Espírita Pai Congo de Cambinda (paracambi-RJ), que ainda mantém dezenas de atividades sociais para a população carente.



a listagem dos contos

A listagem de contos:

A tempestade......................................................................06

O tronco............................................................................13

O mendigo..........................................................................20

Araçari................................................................................25

A encruzilhada...................................................................33

A honra.............................................................................46

O jardim............................................................................51

O seguidor..........................................................................61

O defunto................................................................... ......65

O Jesuíta e o Pajé................................................. ............74

O preço.............................................................................81

À luz do luar......................................................................86

O perdido...........................................................................91

Perdas e ganhos.................................................................98

O orador...........................................................................103

O lavrador........................................................................110

Sebastião..........................................................................124

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Evangélico

Autor Thiago D. Trindade

É curioso perceber, nos dias de hoje, que nos referirmos a determinados irmãos em Deus, de outro credo, chamando-os de evangélicos.

Os próprios, aliás, assim o fazem há poucos anos, certamente para se auto afirmarem, ainda que verbalmente, como seguidores do Cristo.

No entanto, em meio das ondas da vida terrena, se faz necessário algumas ponderações a respeito de como se identificar o seguidor do Nazareno. Igualmente, cabe ressaltar, que o Mestre Galileu não fundou religião alguma e isso é coisa nossa, ou seja, nós, os imperfeitos, que criamos todas as religiões sobre a Terra.

Vejamos, sucintamente, o que vislumbra cada uma das grandes – e profundamente Humanas – religiões que encontramos em nosso país.

Igreja Católica Apostólica Romana: A maior das Igrejas e uma das mais antigas (há ainda a Anglicana, Russa, Grega, Copta, etc.). Administrou politica e economicamente nações. Sua base é a Eucaristia e dela se obtém a salvação. Enfatiza o Velho e o Novo Testamento. Base Moral.

Protestantismo: Movimento iniciado por Martinho Lutero, que rompeu com a dominante ICAR, através do lançamento de 95 teses de discordância dos dogmas católicos. Sua base é a crença de que a aceitação de Jesus como Salvador é a chave para o Reino dos Céus. Enfatiza o Velho e o Novo Testamento. Base Moral.

Espiritismo “Kardecista”: Doutrina trazida à Terra pela Espiritualidade Superior e organizada por Allan Kardec, no século 19. Trata de Filosofia, Ciência e Religião, sendo pautada fortemente no Novo Testamento. Sua base é a crença de que fora da Caridade não há Salvação, e que o adepto deve se esforçar para vencer suas más tendências e não simplesmente contar com o Cristo para Salvá-lo. Base Moral.

Umbanda: Religião que surgiu no Brasil, no início do século 20. Sua base é a manifestação do Espírito para a Caridade, sendo pautada fortemente no Novo Testamento e na Doutrina Espírita, priorizando alegorizas simplórias, mas de profundo senso moral, com integração da Natureza. Base Moral.

O que apresentamos acima é um pequeníssimo resumo, mas suficientemente claro, que nos impele à reflexão de que tipo de religiosos somos. O quão Cristãos somos, já que reconhecemos Jesus de Nazaré como Modelo e Guia.

E também por procurarmos ser Cristãos, devemos seguir Seu Evangelho, não no sentido de decorarmos os versículos bíblicos, mas estudando e praticando Seus Ensinamentos.

Eis algumas das considerações do Homem de Nazaré: Caridade – Dividir o que se tem (Lucas, 18:24 e 25; 21:2 e 3), Não julgar (João, 8:7-11; Tiago, 5:11 e 12), Perdoar incontáveis vezes e sem impor condições (Lucas, 17: 3 e 4), fazer-se o menor dentre os Servos para o nosso próximo (Marcos, 9: 35; Lucas: 9:48; 22: 26; João, 13: 12-17).

Jesus, adaptou os Dez Mandamentos, da seguinte forma, como percebemos logo acima. O Nazareno nos orienta a Amar a Deus e ao Próximo!

Em Marcos (9:41) encontramos a exortação do Cristo:

“Porquanto, aquele que vos der de beber um copo de água, em meu Nome, por que sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá seu galardão.”

É estéril debater com outro sobre qual religião é a melhor, se ela não faz seu adepto crescer na direção do Cristo. Uma religião “cristã” que prega a intolerância, o acúmulo de bens materiais não é algo que tenha por base Jesus Cristo, por que ele não nos ensinou isso. E é um total desconhecimento das Escrituras aludir ao Velho Testamento, que cita violências – massacres – contra os diferentes do “povo eleito”: julgamento (Êxodo, 18: 16), escravidão (Êxodo, 21:1-11; Números: 31:18), vingança (Números, 31:1-12, Jeremias 36: 3 e 7; 37:31), assassinato de crianças ( Números, 31: 17), promoção de ódio contra outro povo ( Números, 34: 52).

Deus, afinal, é “homem de guerra” (Êxodo, 15:3) ou Deus é Amor, conformo nos Ensinou e demonstrou Jesus?

Pensemos!

Jesus, em verdade, Tomou para si a responsabilidade do Velho Testamento e o revogou, outorgando-nos a Lei do Amor.

“Quando ele diz Nova torna antiquada a Primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido, está prestes a desaparecer.”
(Hebreus, 8:13)

Chega de atirar pedras, escravizar, saquear, tomar, julgar!

Devemos, pois, em urgência evangelizar a nós mesmos, ou seja, nos desenvolvermos moralmente. Essa sim é a Quarta Revelação, uma vez que não significa que haverá somente o Protestantismo, a Igreja Católica, o Espiritismo ou a Umbanda, nem qualquer outra religião. Não haverá exclusividade para algo criado por seres imperfeitos. Haverá, sim, os Ensinos do Cristo, independente da designação religiosa.

“E nisto serão reconhecidos, por se amarem” “ que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.”
(João, 13: 34 e 35)