quarta-feira, 5 de julho de 2017

Julgamento



Autor Thiago D. Trindade




“Não direi para não julgar. Mas antes de julgar, imagine um espelho diante de si. Se ver alguma perfeição em ti, então julgue.” 
Espírito Joaquim
 (livro Reflexões e Caminho Volume II)


Costumamos, diariamente, brincar de juiz. Apontando a falha, algumas vezes de forma fria e outras de maneira ardente, acabamos por atentar mais uma vez contra os Ensinos de Jesus.

Lembramos da mulher pecadora, posta por Simão, o fariseu, em sua própria casa com o objetivo de enganar o Mestre Galileu, conforme vemos em Lucas (8:36-50). A mulher, diante do Mestre, lavou os pés do Cristo com suas lágrimas e secou-os com os próprios cabelos.

Esse quadro comovente, era, aos olhos do infeliz fariseu, um crime hediondo, já que pessoas consideradas impuras “infectavam” os homens de bem.

“Como o Messias não haveria de ter identificado a impureza da pobre mulher?” Deve ter pensado o fariseu.

Jesus sabia dos pecados da mesma, e em nome do Pai, informou-lhe que sua Fé a livrara dos laços tenebrosos que a prendiam. O Amor da mulher simples a salvara.

Sem julgamentos.

Somente Fé, um dos sinônimos do Amor.

Simão, por fim, aprendeu que gestos sinceros de Fraternidade aniquilam a soberba.

O fariseu julgou Jesus e a mulher.

Achava o Mestre um farsante.
Achava a mulher uma escória.

Em sua cegueira, o rico fariseu percebeu apenas tênues sombras ante a majestade de duas luzes.

Jesus, a Luz que descia à Terra para iluminar.
A mulher, a Luz recém nascida que buscava se unir à Luz Maior.

O fariseu Simão, por sua vez, apagava-se ainda mais. Não por muito tempo, porém, pois o Cristo iria também Esclarecer o irascível judeu.

Segundo os relatos do Evangelista, o fariseu entendeu o recado, dado diretamente pelo Mestre, quando usou uma parábola que citava dívidas e devedores – ilustração cotidiana do opulento judeu.

Incorporando em nós o arquétipo de Simão, o fariseu, julgamos nossos companheiros de Caminhada. Desaprovamos sua conduta, sem considerar que condições o pretenso “impuro” apresenta.

Quão ignorante ele é em termos morais?
Que acesso aos Ensinos de Jesus ele possui?

Alguém até poderia citar:
“Ele(a) sabia o certo, mas fez o errado”.

Ainda assim não podemos nunca tomar nas mãos uma pedra e atirá-la contra alguém. Saibamos não só lembrar, mas praticar os Ensinos do Cristo.

Emmanuel, guia do querido Francisco Cândido Xavier, considerado por muitos como o Quinto Evangelista, cita em praticamente todas as suas comunicações:

“Instruir sempre.”

“Perdoar sempre.”

“Amar sempre.”

O calceta no erro, certamente, precisa de provas mais rigorosas e maior disciplina, a fim de que a Verdade, por fim ultrapasse a couraça de ignorância preguiçosa.

Afinal, o bom pastor, que se movimenta seguindo os passos do Mestre Jesus, guia com mais firmeza as ovelhas mais bravias.

É comum vermos nas Casas de Religião membros mais rebeldes. São encarados com desconfiança e até desdém. Em alguns lugares são até incentivados a saírem dali.

Tenhamos certeza, Jesus de Nazaré, Excelso Governador deste mundo de imperfeitos, não aprecia essas ações, conforme podemos encontrar no relato de Lucas (7: 37), que faz citação direta ao julgamento.

Alguns poderiam afirmar:
Mas é melhor para não comprometer os outros”.

Pensemos.

O remédio não é para o São (Lucas 6:31), logo, se houver prejuízo no grupo é por que há uma falha NA execução do Programa, e não NO Programa, que é Servir o Próximo.

E quem, no planeta Terra, está isento do Divino Remédio trazido por Jesus?

Quem ousa, por isenção de erro, atirar a primeira pedra?

Reflitamos.

A prática do Amor, ao invés de permanecer tão somente na retórica, é a solução para os males que encontramos, muitas vezes orquestrados pelo Astral Inferior.

Desarmar nosso próprio coração de toda má intenção ao referir-se a alguém.

Quando a ovelha se afasta do rebanho e regressa, ainda que ferida e assustada, o pastor não agradece a Deus pelo retorno da preciosa criatura, tal como fez o pai com o filho pródigo? (Lucas, 15:3-7 e 11 a 32).

Não é fácil, portanto, não julgar.
Talvez seja a atividade mais difícil deste mundo.

Jesus não julgava, em desacordo com os pensamentos de muitos, mas impulsionava todos ao Bem, inspirando a Consciência – o Verdadeiro Juiz – de cada um.

Pedro que o diga!
Tomé que o diga!
Simão, o fariseu, que o diga!
E tantos outros, como nós aqui...

Quando vemos as prisões, recheadas de homens e mulheres cuja moral ainda é primitiva e rude, podemos até pensar que seria injusto retê-los lá, uma vez que esse texto diz que é errado julgar.

A maior finalidade desses lugares é forçar esses indivíduos, através da confrontação extremamente rígida e momentânea com seus graves feitos, a buscar reflexão de seus atos. Um remédio mais amargo.

“Mas o Sistema Prisional não funciona!” Brada alguém.

Mais uma vez: há uma falha NA execução do Programa e não NO Programa!

Temos de nos dedicar mais a esses enfermos da alma, com mais firmeza – o que não é brutalidade – e também mais doçura.

Temos de lembrar que já estivemos no lugar deles, se ainda, realmente, não formos exatamente iguais a eles.

Nunca com julgamento no coração.




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