terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Barrabás



autor Thiago Dias Trindade




Barrabás, essa figura que atravessou os séculos como cruel criminoso, personagem de muitos livros e filmes, atingiu o nosso imaginário que foi preferido pelo povo, quando este foi posto ao lado de Jesus por Pilatos. O criminoso acabou livre dos grilhões de ferro que lhe prendiam a carne e o Nazareno acabou livre dos grilhões da carne, assumindo mais uma etapa no seu plano para evolução da Humanidade.

Em verdade, no Novo Testamento da Bíblia, a participação de Barrabás se encerra e ele desaparece. No entanto, fica para nós o seu exemplo. O que o tal ladrão representa para nós? O crime? Não.

Pensemos da seguinte forma: Barrabás, o Terreno, aquele do mundo, fanfarrão, apegado à matéria. Jesus, o Sublime, o sentimento de pureza celestial que nos aproxima da Divindade. Geralmente, escolhemos Barrabás. Afinal, nós o vemos, uma vez que ele é terreno como nós. Barrabás está ao alcance de nossas mãos egoístas. Já Jesus, não podemos vê-lo e somente com pureza de coração podemos tentar encontrá-lo por que dá trabalho.

Acabamos por imitar Pilatos, que mesmo sabendo da inocência do Cristo, conforme vemos em João (18: 38 e 19:4), e ainda assim o condenou à tortura e morte.

Muitos religiosos debatem a respeito da necessidade, para nós, de Jesus ter sido crucificado. Essa reflexão não se destina a isso. Nosso objetivo maior é levar a reflexão de como podemos escolher melhor. Ora, o que Barrabás e Jesus oferecem? Transitoriedade e eternidade, respectivamente.

Ocorre que preferimos a enganadora transitoriedade por conveniência. Afinal, para libertarmos Jesus, devemos nos comprometer com ele, ou seja, abandonar o uso das mãos egoístas e desenvolver olhos capazes de ver além das aparências passageiras. Libertar o Cristo significa desenvolver a pureza do coração.

Após a Crucificação do Mestre Galileu, Judas-Tomé, precisou que Jesus se materializasse diante de si para acreditar, de fato. E, para ajudar o amado pupilo, o Cristo assim o fez, materializando-se. No entanto, o Nazareno, com seu misto de ternura e firmeza, asseverou: “bem aventurados os que não viram e creram” (João 20:25).

Mas não é fácil libertar Jesus dos grilhões de nossa ignorância. Ele sabe muito bem disso e mantém suas mãos esticadas para nós, como vemos em inúmeras imagens mundo à fora. Jesus não desdenhou de Barrabás, o Ladrão, pelo contrário, conhecia bem a força e até do valor do antigo judeu. Através do generoso silêncio e das ações estimulantes, Jesus nos orienta a transformarmos Barrabás, o Mundano, em Barrabás, o Cristo. Cristo, aliás, significa ungido e todos nós estamos fadados a ser como Jesus, pois somos todos irmãos, filhos de Deus, e esta é a vontade do Criador, conforme o Rabi tantas vezes assinala em seu Evangelho.

E quanto ao homem chamado Barrabás? Aquele imperfeito homem de carne e osso, intemperado e igual a nós? Que foi feito dele, após sua libertação das correntes de ferro? Existem várias histórias e as respeitamos, mas, verdade seja dita, o antigo criminoso acabou, como todos os outros daqueles acontecimentos, acalentado por Jesus, no momento que ele mesmo escolheu.

Certamente hoje, Barrabás é um dos valorosos Servidores do Cristo, inspirando a nós a estudarmos o seu exemplo e, dessa forma, a nos ajudar a usar melhor nossa capacidade de escolha.

Um comentário:

  1. Perfeito! Irei usar como base em minha palestra! Hugo, Limeira, SP

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