sexta-feira, 14 de abril de 2017

Pés lavados


Autor Thiago D. Trindade


No episódio da lavação dos pés (João, 13: 1-11), percebemos mais uma vez o brilhantismo do Mestre Jesus. Em um gesto de Humildade, o Sublime Professor, se ajoelha diante de seus discípulos e começa a lavar-lhes os pés.

Ao nos doarmos verdadeiramente a outra pessoa em um gesto fraterno, atraímos para nós energias vitalizantes que nos impulsionam no Bem. A inspiração se faz presente através da força mental empregada na Caridade.

Jesus, Mestre dos Mestres, se fez pequeno na Terra para demonstrar sua incalculável grandeza espiritual.

Deixou, inclusive, um plano de metas para sermos, um dia, iguais a Ele.

Servir.

Todo serviço deve ser acompanhado por Humildade e Determinação.

Humildade por entender que somos minúsculos ante a magnificência da Criação.

Determinação para enfrentarmos as dificuldades que se encontram em nosso caminho na direção do Pai.

Servir é o propósito de todo habitante da Terra.

Servir é um ato de Amor.

Pedro, áspero e exagerado, de início se recusou a permitir que Jesus lhe lavasse os pés (João, 13:8). O que Pedro demonstrava era soberba mal disfarçada de humildade.

Como o líder poderia limpar-lhe os pés?!

Não.

Pedro é quem deveria lavar os pés de Jesus e assim brilhar aos olhos dos outros. Seria uma chance de se sobressair aos demais, podemos concluir...

O Cristo, porém, o advertiu e o pescador cedeu, muito certamente contrariado. De repente, tomado pelo entusiasmo, que corriqueiramente o assaltava, Pedro pediu ao Mestre que lhe lavasse a cabeça e as mãos.

Servir, sim. Mas com bom senso.

De que serviria lavar a cabeça e as mãos, se estes já estavam limpos? Não havia lição ali a ser dada.

A lição estava nos pés empoeirados sobre a carne dura do homem. A poeira representava as imperfeições morais que Pedro trazia.

Ao abaixar-se ante o pupilo, Jesus se fez pequeno. O cair delicado da água fresca deram ao pescador conforto físico e mental. Certamente, o Mestre doou ao discípulo energias revigorantes que serviriam ainda para retirar os cascões de negatividade que Pedro carregava.

Um gesto de pura afeição.

Um gesto de fraternidade.

Lavando a matéria, Jesus lavou a alma do embrutecido Pedro.

Após essa aula de Humildade, onde o Mestre lavou a cada um dos pupilos, e estes fizeram o mesmo uns nos outros, evidenciando mais uma vez a grande eficácia pedagógica da atividade em grupo.

Ainda assim, um deles permanecia com o coração sombrio.

Judas Iscariotes.

Seu coração não estava aberto para receber Amor. Em seu egoísmo, fechara-se e a isso não havia nada que o doce Jesus poderia fazer, pois o rebelde usava seu Livre Arbítrio para assim proceder.

O exemplo da lavação dos pés é uma convocação ao entendimento de que a Humildade, nestes dias velozes, nunca foi tão negligenciada. Na cultura do “deus Ego”, vemos desvalidos materiais e, sobretudo, os desvalidos morais, com os pés recobertos de lama e chagas pulsantes.

Quantos fariam tal como Madre Tereza de Calcutá, que passava seus dias e noites entre os miseráveis de todos os matizes, cuidando de suas mil feridas da carne e da alma? Quem, senão essa Verdadeira Cristã seria capaz de beijar um leproso retorcido e, embevecida, anunciar que aquela pessoa era o Cristo em resplandecente luz?

Almas verdadeiramente abnegadas se prostram ante os mendigos da alma e ungem seus pés com lágrimas de Amor.
Beijam suas faces macilentas de rancor.
Abraçam seus corpos deformados pelas dores morais.

Servem!

Tão apenas servem!

Jesus sabia que Judas iria traí-lo. Mas seu gesto de Amor para com ele não foi menor do que para com os outros. Inclusive, foi no momento em que o traidor saía para lançar o golpe que levaria o Mestre ao Calvário, que Jesus lançou o seguinte Mandamento, conforme lemos em João (14:34 e 35):
“Que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.”
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes Amor uns aos outros.”

Jesus nos ensinou como lavar a alma daqueles que sofrem.

Os discípulos fizeram isso.

Outros apóstolos, como Paulo de Tarso, Francisco de Assis e Eurípedes Barsanulfo, fizeram isso.

Madre Tereza de Calcutá fez isso.

Ainda hoje, eles lavam os pés dos sofredores em cada metro quadrado desse mundo.

E você, porque não lava a alma de alguém hoje?







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