segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Julgamento



autor Thiago D. Trindade







Costumamos, diariamente, brincar de juiz. Apontando a falha, algumas vezes de forma fria e outras de maneira ardente, acabamos por atentar mais uma vez contra os Ensinos de Jesus.

Lembramos da mulher pecadora, posta por Simão, o fariseu, em sua própria casa com o objetivo de enganar o Mestre Galileu, conforme vemos em Lucas (8:36-50). A mulher, diante do Mestre, lavou os pés do Cristo com suas lágrimas e secou-os com os próprios cabelos.

Esse quadro comovente, era, aos olhos do infeliz fariseu, um crime hediondo, já que pessoas consideradas impuras “infectavam” os homens de bem.

“Como o Messias não haveria de ter identificado a impureza da pobre mulher?” Deve ter pensado o fariseu.

Jesus sabia dos pecados da mesma, e em nome do Pai, informou-lhe que sua Fé a livrara dos laços tenebrosos que a prendiam. O Amor da mulher simples a salvara.

Sem julgamentos.

Somente Fé, um dos sinônimos do Amor.

Simão, por fim, aprendeu que gestos sinceros de Fraternidade aniquilam a soberba.

O fariseu julgou Jesus e a mulher.

Achava o Mestre um farsante.
Achava a mulher uma escória.

Em sua cegueira, o rico fariseu percebeu apenas tênues sombras ante a majestade de duas luzes.

Jesus, a Luz que descia à Terra para iluminar.
A mulher, a Luz recém nascida que buscava se unir à Luz Maior.

O fariseu Simão, por sua vez, apagava-se ainda mais. Não por muito tempo, porém, pois o Cristo iria também Esclarecer o irascível judeu.

Segundo os relatos do Evangelista, o fariseu entendeu o recado, dado diretamente pelo Mestre, quando usou uma parábola que citava dívidas e devedores – ilustração cotidiana do opulento judeu.

Incorporando em nós o arquétipo de Simão, o fariseu, julgamos nossos companheiros de Caminhada. Desaprovamos sua conduta, sem considerar que condições o pretenso “impuro” apresenta.

Quão ignorante ele é em termos morais?
Que acesso aos Ensinos de Jesus ele possui?

Alguém até poderia citar:
“Ele(a) sabia o certo, mas fez o errado”.

Ainda assim não podemos nunca tomar nas mãos uma pedra e atirá-la contra alguém. Saibamos não só lembrar, mas praticar os Ensinos do Cristo.

Emmanuel, guia do querido Francisco Cândido Xavier, considerado por muitos como o Quinto Evangelista, cita em praticamente todas as suas comunicações:

“Instruir sempre.”

“Perdoar sempre.”

“Amar sempre.”

O calceta no erro, certamente, precisa de provas mais rigorosas e maior disciplina, a fim de que a Verdade, por fim ultrapasse a couraça de ignorância preguiçosa.

Afinal, o bom pastor, que se movimenta seguindo os passos do Mestre Jesus, guia com mais firmeza as ovelhas mais bravias.

É comum vermos nas Casas de Religião membros mais rebeldes. São encarados com desconfiança e até desdém. Em alguns lugares são até incentivados a saírem dali.

Tenhamos certeza, Jesus de Nazaré, Excelso Governador deste mundo de imperfeitos, não aprecia essas ações, conforme podemos encontrar no relato de Lucas (7: 37), que faz citação direta ao julgamento.

Alguns poderiam afirmar:
Mas é melhor para não comprometer os outros”.

Pensemos.

O remédio não é para o São (Lucas 6:31), logo, se houver prejuízo no grupo é por que há uma falha NA execução do Programa, e não NO Programa, que é Servir o Próximo.

E quem, no planeta Terra, está isento do Divino Remédio trazido por Jesus?

Quem ousa, por isenção de erro, atirar a primeira pedra?

Reflitamos.

A prática do Amor, ao invés de permanecer tão somente na retórica, é a solução para os males que encontramos, muitas vezes orquestrados pelo Astral Inferior.

Desarmar nosso próprio coração de toda má intenção ao referir-se a alguém.

Quando a ovelha se afasta do rebanho e regressa, ainda que ferida e assustada, o pastor não agradece a Deus pelo retorno da preciosa criatura, tal como fez o pai com o filho pródigo? (Lucas, 15:3-7 e 11 a 32).

Não é fácil, portanto, não julgar.
Talvez seja a atividade mais difícil deste mundo.

Jesus não julgava, em desacordo com os pensamentos de muitos, mas impulsionava todos ao Bem, inspirando a Consciência – o Verdadeiro Juiz – de cada um.

Pedro que o diga!
Tomé que o diga!
Simão, o fariseu, que o diga!
E tantos outros, como nós aqui...

Quando vemos as prisões, recheadas de homens e mulheres cuja moral ainda é primitiva e rude, podemos até pensar que seria injusto retê-los lá, uma vez que esse texto diz que é errado julgar.

A maior finalidade desses lugares é forçar esses indivíduos, através da confrontação extremamente rígida e momentânea com seus graves feitos, a buscar reflexão de seus atos. Um remédio mais amargo.

“Mas o Sistema Prisional não funciona!” Brada alguém.

Mais uma vez: há uma falha NA execução do Programa e não NO Programa!

Temos de nos dedicar mais a esses enfermos da alma, com mais firmeza – o que não é brutalidade – e também mais doçura.

Temos de lembrar que já estivemos no lugar deles, se ainda, realmente, não formos exatamente iguais a eles.

Nunca com julgamento no coração.

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