quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Fala, Kardec!


Terceiro Diálogo - O Padre II
Do Livro “O Que é o Espiritismo” de Allan Kardec
O padre – Se a Igreja, vendo surgir uma nova doutrina, nela encontra princípios que, no seu entender, crê dever condenar, contestai-lhe o direito de discuti-los e de combatê-los, de precaver seus fiéis contra aquilo que ela considera um erro?
Allan Kardec – De forma alguma contestamos um direito que reclamamos para nós mesmos.
Se ela tivesse se contido nos limites da discussão, nada de melhor;
mas, lede a maioria dos escritos emanados dos seus membros ou publicados em nome da religião, os sermões que pregaram e aí vereis a injúria e a calúnia extravasar de todas as partes, e os princípios da doutrina sempre indigna e maldosamente deturpados.
Não se tem ouvido, do alto do púlpito, seus partidários serem qualificados de inimigos da sociedade e da ordem pública?
aqueles que ela reconduziu para a fé, anatematizados e rejeitados pela Igreja, pela razão que ela entende melhor ser incrédulo que crer em Deus e na alma através do Espiritismo?
não se afligiram por não haver para os espíritas as fogueiras da Inquisição? Em certas localidades, não os apontaram à repreensão dos seus concidadãos, chegando a fazê-los perseguir e injuriar nas ruas?
Não se impôs, a todos os fiéis, fugirem deles como de pestilentos, desviando os serviçais de entrarem ao seu serviço?
As mulheres não foram solicitadas a separarem-se de seus maridos, e os maridos de suas mulheres, por causa do Espiritismo?
Não se fez perder seus lugares nos empregos, retirando aos operários o pão do trabalho e aos necessitados o pão da caridade porque eram espíritas?
Não foram despedidos de certos asilos até os cegos, porque não quiseram abjurar sua crença?
Dizei-me, senhor abade, está aí a discussão real?
Os espíritas opuseram a injúria pela injúria, o mal pelo mal? Não.
A tudo opuseram a calma e a moderação.
A consciência pública já lhes rendeu a justiça de que eles não foram os agressores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário