sexta-feira, 5 de junho de 2015

Lobos


Autor Thiago D. Trindade



Ao estudarmos o perfil de três dos Apóstolos de Jesus: Levi, Zaqueu e Saulo, encontramos uma similaridade padrão entre eles, diferentemente aos demais Auxiliares do Cristo, nos tempos da implantação da Boa Nova na Terra. A riqueza material e o privilégio governamental junto ao império Romano.

Os dois primeiros eram ricos publicanos, ou seja, eram de uma odiada classe da população judaica, muito próxima aos romanos. Dentre as atividades que executavam, a principal era a cobrança de impostos.

Desde que o mundo é mundo, cobrar imposto não é uma atividade pacífica. Até mesmo nos dias de hoje, onde a “Lei dos Homens” se faz “presente”, vemos casos de violência psicológica e até física, este último ilegal, entre devedores e credores.

Nos tempos bíblicos, era comum a ameaça física por parte dos funcionários dos ricos publicanos. 

Levi, frio e calculista, assomava-se sobre os pobres judeus na coletoria.

Zaqueu, como o mais rico dos publicanos de Jericó, era o mais odiado.

E Saulo, que tinha o nome romanizado e gozava de status junto ao império? Caçador de cristãos, áspero e beligerante, não media esforços em obter o que desejava.

Esses três eram lobos. Feras implacáveis que se escoravam nas Leis dos Homens para acumular bens terrenos.

Calma aí! Zaqueu anunciou pagar o valor quadruplicado caso fosse encontrado algum erro em suas contas. Ele afirmava isso, mas, sem querer chamar ninguém de equivocado, quantas pessoas Zaqueu apresentou para atestar tal fato? Após o Gólgota ele não só dividiu, mas se desfez completamente de seus bens terrenos. E mais, é bem verdade que esse homem, era muito simpático à Boa Nova, mesmo antes de conhecer Jesus, mas certamente, era exatamente igual a seus pares publicanos no início de sua “carreira”.

O foco da reflexão é o que esses três faziam para viver:

Eram judeus com acordos com império e gozavam privilégios proibidos a grande maioria do povo, mesmo pelos ricos.
Eram temidos e desprezados.
Certamente eram violentos para prosperarem.

E daí?

Foram impactados pela simplicidade e despojamento que eram adornados docemente pela grandeza de Jesus.

O Mestre incitou Levi a acompanhá-lo de forma direta (Lucas, 6: 27 e 28).

O Cristo, convidando-se à casa de Zaqueu, escandalizando a todos, jantando na casa do poderoso publicano (Lucas, 19: 1 - 10).

O Doce Carpinteiro, interrompendo abruptamente, a perseguição de Saulo a cristãos em Damasco e pondo-o, cego e debilitado, sob a proteção de Ananias (Atos, 9: 1 – 19).

Levi e Zaqueu conviveram diretamente com o Mestre.

Saulo, que sofreu o maior “choque”, não chegou a isso, mas sua Fé foi tremenda, a ponto de sacudir o mundo gentio.

Os lobos se acabaram.

A transformação foi tão profunda nos três que mudaram seus nomes.

Mateus, Matias e Paulo.

Cada um, dentro de suas limitações, pôs o “pé na estrada”. Fizeram o possível, sempre recordando de como eram antes de conhecer o Mestre e como suas vidas ganharam novo e luminoso significado com os Ensinos sobre o Amor Universal.

Mas sofreram. Foram incompreendidos e perseguidos.

Pela Lei da Ação e Reação, passaram por dificuldades iguais às que impuseram a outros quando eram ainda ignorantes. Mas o Esclarecimento que obtiveram com Jesus deu-lhes forças para perseverar, ainda que com eventuais tropeços.

Pedras lhes foram atiradas.
Suas casas de auxílio foram queimadas.
Prisões os ameaçavam.

Tentações que chamavam descaradamente os velhos lobos, acorrentados nas entranhas do íntimo dos Aprendizes de Jesus, à tona.

Não podemos imaginar o que esses três sentiam quando eram vilipendiados.

Mas a cada ataque de outros lobos, os mansos cordeirinhos se tornavam mais fortes.

A violência da matéria não podia contra a mansidão do espírito que eles desenvolviam.

Mateus, Matias e Paulo venceram, respectivamente, Levi, Zaqueu e Saulo.

Os Homens Novos brilharam a partir das cinzas dos Homens Velhos, cujo mérito foi se permitirem Amar.

A larga inteligência desses homens, antes usada para o acúmulo do vil metal, foi direcionada para o lucro espiritual, não só para si, mas para todos que estavam em seu redor – o mundo.




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