sábado, 20 de junho de 2015

A professora



Autor Thiago D. Trindade




Analisando pelo prisma da Educação, a Dor é uma professora. Uma professora daquelas lendárias, temíveis que faz o aluno pensar duas vezes antes de cruzar seu caminho. Não que seja má. Pelo contrário, a professora austera de nossa juventude reza apenas pelo cumprimento das normas. Lembramos dela, anos depois, com respeito e até com uma surpreendente admiração, recordando qual disciplina ela ministrava e com espantosa nitidez vemos diante de nossos olhos o conteúdo ensinado, por mais enjoado – sempre era – que fosse.

Puxando pela memória, lá está a professora, no cantinho da festa de formatura, semiesquecida. Essa figura austera quase nunca é homenageada, mas podemos ver em sua face o sorriso contido que assinala a muda sensação de dever cumprido. Preferimos os professores bonachões, mais “amigos”, que muitas vezes relaxavam nas cobranças acadêmicas. A longo prazo, mais maduros, percebemos o resultado do desleixo duplo: o nosso e o dos professores bonachões.
A Dor, já citada na primeira frase da reflexão em tela, é uma austera professora. Nos impõe limites. Ensina que a Disciplina é fundamental para o sucesso. Disciplina é Humildade de saber qual nossa verdadeira posição perante o mundo. Disciplina ensina que mais além há algo melhor, sendo, portanto, um sinônimo de Paciência e Fé, ainda que mal lembrada por esse ponto de vista.

Disciplina é sobriedade.

Somos ainda imperfeitos e muitas vezes a Disciplina tem de ser imposta. Um verdadeiro tranco, que incomoda, gera insatisfação. Até surge o rancor, mal disfarçado pela nobre expressão “respeito”. E rancor não é Respeito! À medida que evoluímos, percebemos que a Disciplina passa a ser manifestada naturalmente. A Disciplina se torna, por fim, aureolada por Respeito e Responsabilidade. Não há imposição. Um Espírito altamente evoluído, justamente por ser assim, segue a Disciplina rígida de sua falange – ou grupamento. Tem seus momentos de árduo trabalho e também de repouso e alegria. Um Espírito ainda muito apegado às materialidades, precisa de Disciplina para poder evoluir e ser disciplinado plenamente. A Dor, essa professora rigorosa, ensina a Disciplina. Mas ensina o Perdão, a Humildade, a Paciência, a Perseverança e a Fé. Em suma, ensina a Amar. Só se pode amar verdadeiramente com Disciplina, caso contrário descambamos para os mares turbulentos das paixões e não há, portanto, elevação alguma. Se não houvesse a professora Dor, como haveria o Diploma da Superação?

A Dor marca. Escreve em nosso Espírito imortal nossas vivências e não há ninguém sem ter conhecido a Dor. Logo, na Escola da Vida onde todos estamos matriculados, a Dor é nossa professora e devemos respeitá-la de verdade. Absorver ao máximo a contribuição que ela nos traz. E devemos homenageá-la em nossa formatura, trazendo para o palco essa austera senhora. Reconhecedores da grandeza silenciosa dessa dama, beijaremos suas mãos duras e seu rosto marcado. Então, com a voz vibrante, saindo do âmago de nosso ser, anunciamos:

“Estudei com a Dor e aprendi sublimes lições. Com a Dor aprendi a Crescer. Graças a Dor, eu Venci.”

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