Autor
Thiago D. Trindade
Recentemente, um juiz
federal do estado do Rio de Janeiro esqueceu-se que é garantido por
Constituição Federal a liberdade de culto e a opção religiosa. Declarou, o
douto magistrado, que duas religiões legitimamente brasileiras, Umbanda e
Candomblé, não são, para espanto geral, religiões. Uma das argumentações do
magistrado, evidentemente assoberbado por processos de sua atribuição, é que
tanto a Umbanda, quanto o Candomblé não possuem hierarquização ou livro
sagrado. Bem, entendamos por hierarquização, a situação em que indivíduos sejam
submetidos, ou inseridos, a uma gradação social, para que esta possa funcionar.
Nessas duas religiões
percebe-se claramente a existência de hierarquia central, através das mães e
pais no santo, cambonos, ogãs, ekedis, capitães de terreiro, etc; e a
administração maior de cada núcleo religioso cabe ao dirigente, chamaso de
Babalaô, Babalorixá, Yalorixá, ou carinhosamente de Pai ou Mãe. E o livro
sagrado? O tal Código Divino? Não conhecemos nenhum Umbandista ou
Candomblecista que não reconheça o Evangelho do Cristo, a quem muitos chamam
respeitosamente de Oxalá, como caminho para evolução Moral.
A Constituição de 1988
fala algo sobre? Aliás, a perseguição governamental brasileira acabou em 1941
por determinação de Getúlio Vargas. Mas continuemos.
O tal juiz federal
esqueceu-se do Espiritismo, dito por muitos como Kardecismo, onde não há pai ou
mãe no santo, mas presidente, diretor, secretários, com as mesmas funções de
criar condições de crescimento Moral para o grupo a qual está materialmente
representado.
Lembremos que nomes e
títulos são dados por aqueles que assim o desejam, de acordo com seu
entendimento.
As Igrejas
Protestantes, que insistem preconceituosamente se chamar de evangélicas, estão
no mesmo bojo, com seus pastores, diáconos e missionários. Hoje, eu e você que
lê, podemos abrir uma Igreja Neo Pentecostal e um de nós dois sermos o Bispo (ou
Bispa) Supremo da Igreja Sacrossanta dos Raios e Trovões da Divina Luz do
Nascituro Boníssimo de Belém,e instaurarmos como código divino somente as
sanguinolentas páginas do Deuteronômio e do Êxodo.
Talvez, o preocupado
juiz federal, tenha se referenciado no Papa Católico, único em sua religião, o
Catolicismo Apostólico Romano. Talvez, embora creia que nosso personagem
judiciário tenha vínculo com uma igreja eletrônica com planos salomônicos de
grandeza. Mas o próprio Papa diz que mandar sozinho não é correto e sua
retumbante infalibilidade é irreal.
Prossigamos essa ácida
reflexão.
Por que o juiz federal
não lembrou do Espiritismo, que não tem cacique terreno (no contexto de líder
máximo), e das Igrejas Protestantes, além do Judaísmo, Budismo, Xamanismo,
Wiccanismo, fundamente assentados, graças à Deus, no Brasil? Seria só
intolerância religiosa, ou intolerância ao histórico social de duas religiões
brasileira, surgidas dentre os mais pobres da sociedade, e que vem aumentando
seus adeptos nos setores mais esclarecidos?
O Espírito benfeitor
Humberto de Campos , no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho,
alerta para a herança espiritual que Jesus outorgou à Terra do Cruzeiro. Mas
embora a maioria de brasileiros sejam, de fato, evangélicos (Protestantes,
Católicos, Espíritas, Umbandistas, Candomblecistas, etc), ou seja, que reconhecem
as Luzes do Evangelho do Cristo, estamos à beira do caos religioso, onde falsos
profetas se esquecem que os Cristãos seriam reconhecidos, somente, por muito se
amarem, e tais “líderes” incitam seus seguidores contra aqueles que são de
outro credo.
Estamos vivendo
períodos inquisitoriais. É normal ouvirmos nas ruas louvores protestantes, mas
quando uma melodiosa canção espírita, ou uma canção que relembra bucólicamente
a vivenda de um caboclo, xingamentos são lançados e amizades chegam ao fim
O próprio tal juiz
federal, amparado por sua associação de pares, disse que voltara atrás na
decisão, mediante clamor popular, mas certamente, os documentos estão guardados
em alguma gaveta, esperando momento mais propício.
Estamos, enquanto
Sociedade, intolerantes. Outro dia uma mulher foi espancada até à morte porque
foi confundida com uma criminosa. E foi exibida, destroçada e agonizante pelas
ruas, como os césares da Velha Roma faziam com seus vencidos, há milhares de
anos. Só faltaram queimar a casa da pobre mulher e salgar o terreno.
Dois homens, em 2013,
foram espancados por um bando de jovens desocupados, que alegaram que a dupla
era de homossexuais. Eram, na verdade, pai e filho que andavam abraçados. E, se
fossem homossexuais, seria justificável o espancamento? Claro que não!
Estamos, atualmente,
cheio de guardiões da Moral e dos Bons Costumes. Dizem que são apóstolos do
Cristo. No entanto, estão em serviço contrário ao Cristo, porque não amam o seu
próximo.
Perdem tempo julgando,
atacando, agredindo.
Temos de parar com
isso! Temos que crescer, de fato. E crescer significa não julgar, não atacar,
não agredir!
Temos que fazer nossa
parte que é Amar o Próximo. Somente assim seremos, de fato, dignos de sermos
chamados de Cristãos.
texto impactante! profundo! Eloísa
ResponderExcluirTexto verdadeiro!
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