Thiago D. Trindade
Muitos se preocupam
em conhecer o que há no mundo espiritual, mas não se preocupam em conhecer a
Moral do Cristo. Recorrem a livros, ou outras fontes, que narram detalhadamente
o que há nas regiões de sofrimento e as ações das entidades que lá habitam. No
entanto, rejeitam com enfado os dizeres simples de Jesus, que nos manda: não
julgar, servir a todos sem distinção, perdoar incontáveis vezes...
Muitos tem posto o
Evangelho de lado por achar que é insosso!
Essas fundamentais
informações não são insossas para aqueles que tem boa vontade, empenho e fé em
seus corações, que baseadas pela Razão, formam um grande farol, que ilumina não
só a Terra-matéria, mas desde os abismos mais profundos de sofrimento até os
planos mais elevados, mostrando a Jesus que mais um Filho de Deus está mais
perto da Verdadeira Felicidade.
“Eis-me aqui!” bradou Ananias (Atos, 9:10) quando foi convocado por Jesus. Ananias,
sabendo-se perseguido pelo mais perigoso dos caçadores de cristãos de seu
tempo, não titubeou nem um pouco ante o chamado do Mestre. O heroico cristão
não se desviou de sua missão, mesmo sabendo que não seria fácil.
Afinal, já não era
tão jovem ou forte. Não era, Ananias, culto e nem contava com prestigiada rede
de contatos ou recursos financeiros.
Ananias contava,
porém, com boa vontade e uma fé inabalável. Por isso ele triunfou. O homem de
Damasco triunfou sobre si mesmo em buscar a Moral do Cristo.
Diariamente, em
várias ocasiões, Jesus nos convoca ao serviço. Aflitos de ambos os planos da
Vida tropeçam em nosso caminho. E mais! Lembremos que também somos aflitos em
busca de cura para nossas almas doloridas moralmente e, em alguns casos,
materialmente. O que fazemos costumeiramente? “não o conheço, esse ou aquele”, ou ainda: “não gosto desse, não vou ajudar”. E viramos as costas.
Já pensamos se
Ananias viesse a rejeitar o Serviço que o Cristo determinava a ele, que era
socorrer o sanguinário Saulo de Tarso? Sem dúvida Saulo seria auxiliado por
outra pessoa, esta verdadeira seguidora do Mestre Galileu. E a Ananias pesaria
mais um débito bem pesado: a dívida chamada omissão.
A omissão acontece
quanto temos certa informação e optamos por não usá-la. E justamente por
conhecermos os Mandamentos de Jesus, que é Amar a Deus e ao próximo, não
devemos ousar pô-los de lado e fingir que está tudo bem.
Quando afirmamos,
lá atrás, que também somos aflitos, é porque nossa aflição só será diminuída
mediante à consolação de outros aflitos. Isso quer dizer que mesmo que a
salvação seja individual, ela depende dos elos de luz que forjamos servindo ao
próximo. Ananias sabia disso e não temeu, pois quando se pôs ao serviço,
fazendo sua parte, nada lhe faltou: a força física e a força espiritual.
Embora o terrível
Saulo estivesse abaladíssimo com o surgimento do Cristo a ele (Atos, 9:4),
certamente fora fundamental para que abraçasse Jesus, o carinho ofertado por Ananias,
sua presa. Afinal, Saulo poderia ter acreditado que Cristo governava pela
imposição, e, graças ao exemplo do perseguido de Damasco em atender
fraternalmente seu perseguidor, o homem de Tarso despiu-se do Homem Velho.
Dessa forma,
entendemos que Ananias fora fundamental para Saulo entender que o Amor
Fraternal não distinguia rostos, nem mesmo de pessoas cruéis como ele próprio
tinha sido.
Compreendemos ainda
que Saulo havia sido fundamental para Ananias, pois o homem de Damasco não
fugira de sua grande prova de elevação moral, quando o Cristo pôs nas suas
calejadas mãos o maior dos perseguidores de sua época, demonstrando a ele a
Caridade material, ao curar suas feridas físicas, e a Caridade Moral, não
julgando as más ações de Saulo.
É tempo de nós
arregaçarmos as mangas e abraçar o Serviço.
Quem de nós aqui,
ao ouvir a convocação de Jesus pode dizer:
Eis-me aqui!
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