segunda-feira, 1 de maio de 2017

Solidão



Autor Thiago D. Trindade


É muito comum ouvirmos pessoas, de estilos de vida diferentes, que se sentem sós. Ouvimos o lamento, que, aliás, costuma ser proferido por nós mesmos de que ninguém nos ama, ninguém nos quer, ninguém nos chama de meu amor...

Claro que a pessoa, supostamente solitária, não considera que seu confidente está ali a lhe fazer companhia.

Mas o que será solidão? Entendemos realmente esse conceito? Somos solitários?

Nós, seres humanos, somos criaturas gregárias por natureza, como muitos outros filhos de Deus. Não é somente para a reprodução que buscamos a companhia de nosso semelhante. Juntos prosperamos ao longo das Eras do Tempo e, como sociedade, chegamos onde estamos.

Em termos espirituais, o grupo nos impele, por meio de desafios morais, a progressão na direção do Criador.

Ocorre, porém, nos últimos anos, uma deturpação do conceito de sociedade, que afeta diretamente quem somos. Uma sentença que iremos destrinchar melhor no próximo parágrafo.

Em nossa comunidade planetária de bilhões de humanos encarnados, cada vez mais as pessoas se sentem sem ninguém, mesmo convivendo diariamente com pessoas a esbarrar-lhes, disputando um metro cúbico de ar.

Como pode isso?

Como, numa multidão a seguir numa mesma direção, um indivíduo não poder precisar como é a pessoa que está ao seu lado?

Esse tipo de coisa acontece numa intensidade cada vez maior. As pessoas estão, nesse mundo de maravilhas tecnológicas e permissividade geral (que chamam de “modernidade”), se distanciando uma das outras e, pior, de si mesmo. Dessa forma tornam-se incapazes de perceber quem está ao lado.

Em prol do chamado comodismo deixamos de nos incomodar com a penúria de nosso vizinho, e nos entregamos às desventuras das telenovelas, que tratam de famílias desajustadas e amorais, criando uma expectativa de sucesso para elas. Comerciais de televisão que nos estimulam os sentidos para atos menos dignos e, ante nossas impossibilidades físicas, mentais e monetárias, sentimo-nos mal ante aquele que possui as efêmeras e falsas virtudes. Eis as razões da solidão.

A inveja, ganância, luxúria e outros sentimentos menos dignos criam o vazio que definimos por solidão, que nos cega, ensurdece e nos livra de todas as sensações exceto a dor da alma.

Solitários são perdedores irremediáveis, alguém tolamente poderia concluir.

Não!

Solitários estão em recuperação como nós, os “gregários”.

Cabe ao solitário, acima de tudo, aprender a se amar. A deixar de ser egoísta! Isso mesmo: egoísta. Egoísta por privar o mundo de sua participação na Grande Obra. O solitário, ele acredita, está à margem da sociedade, mas na verdade está no meio dela. Uma vez que o solitário se reconheça em recuperação e ciente da besteira de privar o planeta de sua participação tem a obrigação de doar-se.

Como doar-se: contemplar a Natureza, sabendo agradecer a Deus pela oportunidade de desfrutá-la; sorrir mais para si e para o próximo; cumprimentar (aliás, um fantástico remédio para distribuir a santa Empatia) aquelas pessoas com quem cruza nas ruas; procurar contribuir para as melhorias na sua vizinhança; orar por aqueles que estejam atravessando por dificuldades (lembrando a nobre máxima de Francisco de Assis: “é dando que se recebe”); é esperar pelo silêncio quando se estende a mão fraterna; não estimular o degredo dos sentidos; absorver o máximo possível de tudo que é edificante para o espírito; entender que a Caridade é uma nobre forma de Amor que ainda não é devidamente compreendida, mas que deve ser praticada ao máximo, sobretudo o Perdão.

A pessoa que se diz solitária precisa entender que acima de tudo há Deus, que a ninguém desampara. Sem falar nos Amigos Espirituais sempre dispostos a nos ajudar. Infelizmente nós, muitas vezes, optamos por não aceitar o auxílio e nos aproximamos do precipício.

Isso tudo nos leva a certeza absoluta de que nós não somos solitários, mas nos colocamos como solitários e que essa aflição pode ser solucionada de acordo com nossa própria vontade: lembremos Marcos (6:45) que diz que os pescadores remavam contra o vento a fim de se aproximarem de Jesus, que orava no monte do outro lado do grande Lago. Grande era o esforço desses homens, pois os ventos eram fortes. Jesus, vendo o esforço dos discípulos, caminhou sobre o Mar da Galiléia e foi ter com eles. Os pescadores, conheciam a incalculável bondade do Mestre podiam ter ficado onde estavam, aguardado-O.

Mas não!

Fizeram a parte deles. Façamos como os pescadores, façamos a nossa parte que Jesus e seus Auxiliares farão a deles.



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