sábado, 22 de fevereiro de 2014

Liberdade

Autor Thiago D. Trindade

Muito hoje se fala em liberdade. Infelizmente, percebemos que a compreensão do que é liberdade está um pouco equivocada.

Pelo dicionário Aurélio, assinalamos três definições: a faculdade de cada um se decidir ou agir segundo sua própria determinação; é o estado ou condição do homem livre, e, confiança ou intimidade, muitas vezes abusiva.

No Livro dos Espíritos, parte terceira, capítulo 10, há todo um conjunto de indagações e respostas acerca do conceito de liberdade.

Na questão 825 aprendemos que não há condições de gozarmos de absoluta liberdade porque nós precisamos uns dos outros para existir com saúde mental. Podemos pensar grosseiramente que somos escravos, como bem assinalam as questões 829 a 832,mas não. O sistema de opressão que criamos na Terra-matéria e em muitos casos nas regiões do Umbral é uma criação nossa, dos filhos imperfeitos de Deus, e que por orgulhos, acreditamos ser melhores do que os outros. E assim criamos terríveis correntes de rancor e mágoa que nos prendem, algumas vezes, por séculos.

Mas nossa liberdade de pensar é limitada?

Não! Nossa força mental, talvez, seja a maior potência que Deus nos outorgou. Por isso, com nossa força mental, ou liberdade de pensar, criamos nosso céu ou nosso inferno, conforme Jesus nos ensinou ao afirmar que a fé movia montanhas. Kardec, por sua vez, estudou profundamente tais lições, e, Chico Xavier através de seu trabalho incansável na consolação prática demonstrou.

Ao trabalharmos nossa liberdade de pensar, a nossa força mental, mudamos a nós mesmos.

E falando em liberdade, de força mental, chegamos ao Livre Arbítrio, que é a capacidade de escolher. O que esquecemos é que há ação e reação de nossas escolha, não aceitando muitas vezes as consequências provocadas por nós, que podem atravessar as reencarnações.

Jesus Cristo afirma categoricamente que ficaremos neste mundo até que paguemos o último centavo de nossas dívidas, em uma alusão direta ao uso do livre arbítrio e da nossa força mental.

Um exemplo clássico que podemos analisar está na Bíblia. No livro de Mateus, vemos Jesus guiar Tiago, Pedro e João ao monte Tabor. Ali o excelso Mestre realiza o que chamamos hoje de uma “sessão espírita”, evocando os espíritos de Moisés e Elias. Jesus declarou que Elias, cuja profecia anunciava seu retorno, havia vindo e não fora reconhecido, tendo sido morto de uma forma terrível. Reconheceram, os homens, que João Batista fora Elias, reforçando a idéia da reencarnação.

Mas era “só” isso que Jesus fora mostrar aos pupilos? Não. Jesus não perdia tempo, como não perde até hoje. Ao evidenciar João Batista como reencarnação de Elias, o Galileu mostrou na prática a Lei da Ação e Reação, pois, ainda como Elias, o profeta, ordenara o assassinato de incontáveis pessoas, conforme está assinalado no Livro dos Reis, item 40.

Vejamos, João Batista foi e é um dos maiores auxiliares do Cristo na administração planetária, mas não obteve nenhum abrandamento da Lei por isso. Mesmo exercendo belo mandato de Amor, há dois mil anos atrás, não pôde fugir à sua dívida, contraída pelo mau uso de seu livre arbítrio e de sua força mental, quando, ainda como Elia, incitara seus seguidores para o morticínio daqueles que tinham outra crença religiosa.

Devemos nós, imediatamente, procurar a verdadeira liberdade, sem confundi-la com libertinagem. Devemos abandonar a opressão que realizamos diariamente. Devemos usar melhor nossa força mental, através dos estudos acerca dos Ensinos do Cristo, irradiando luz para tudo que está à nossa volta, a partir de dentro de nós. Somos estrelas e nossa luz deve brilhar cada vez mais em honra a Deus, mas sem ofuscar a ninguém, pois é esta a vontade do Pai.

Usemos melhor nosso livre arbítrio, refletindo sobre nossas ações e suas eventuais consequências. Façamos aos outros o que gostaríamos que fizessem conosco, ou seja, amar ao próximo. E amar ao próximo é perdoar incontáveis vezes. Amar é ver em seu próximo a estrela que ele é e cabe a nós criarmos condições para que ele brilhe cada vez mais, através de palavras, ações e exemplos.

Com isso seremos verdadeiramente Livres.

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