sábado, 12 de outubro de 2013

Dragões?!

Dragões?!


Autor Thiago D. Trindade



Os dragões, há milhares de anos fazem parte do imaginário de todos os povos do mundo. Uns possuem asas e cospem fogo, enquanto outros são mais parecidos com gigantescas serpentes dotadas de poderes mágicos. Cada povo chamou essa grande criatura como lhe aprouve, como os indígenas brasileiros, que nomearam a grande cobra cuspidora de fogo de Boitatá. O herói cristão Jorge da Capadócia, lendário guerreiro que enfrentou um terrível dragão montado em seu cavalo branco. Na verdade, essa batalha representava a luta contra a imperfeição que impera no coração do Homem, sob os nomes da ignorância, do rancor, do ódio e da injustiça.

Muitos cientistas, ao largo das fábulas, afirmam que os dragões nada mais eram do que dinossauros, que de alguma forma sobreviveram no inconsciente coletivo de nossos ancestrais mais longínquos, e que chegaram a nós, nos dias de hoje. Ou talvez, conforme assinalam alguns, um número reduzidos de exemplares reptilianos tenham sobrevivido a catástrofe que erradicou as descomunais feras, como é o caso dos entusiastas do monstro do Lago Ness, na Escócia. Afinal, crocodilos, jacarés e outros animais como o tubarão, que é um peixe, vivem com pouquíssimas modificações morfológicas há milhões de anos.

Nos últimos anos, extensa literatura vem citando Entidades com a designação de dragões, como os senhores do mal. Não pretendemos entrar no mérito do conteúdo dessas populares obras, pois não é o objetivo. Mas, baseados, na Doutrina Espírita, nos pegamos divagando sobre esse título “dragão, senhor do mal”. Soa como oriundo dos livros de Tolkien, de quem sou muito fã.

Aprendi, como procuro aprender para melhorar-me, dentre outras coisas, que todos somos filhos de Deus. Toda a Criação, em suma, é originária do Pensamento Divino.

E a nós, Humanidade, compete – conforme assinalado na Doutrina Espírita – um grau de razoável evolução, o suficiente, na verdade, para obtermos o Livre-Arbítrio em algumas das moradas de Nosso Pai.

Temos consciência de que há seres mais ou menos evoluídos moralmente, o que não tem a ver com intelectualidade. Os tais “senhores do mal” são inócuos em moral, mas de ampla intelectualidade.

Impressiona o fato de muitos renderem a esses chefes de falanges obsessoras o título de “dragão”. De acordo com nossa cultura global recente, dragão é uma alcunha de alta honra, por exemplo: Arthur Pendragon, o Rei lendário do Reino Unido; o herói cego Shiryu de Dragão; o Draco do filme Coração de Dragão; e tantas outras referências. Na Ásia, o dragão está no calendário e é um signo zodiacal, muito cobiçado por pais ansiosos por filhos ultra-capazes.

Porque não chamamos esses seres “trevosos” pelo que eles são? Porque não os chamamos simplesmente de sofredores? Não deveríamos inflar seus atoleimados egos por algo que remete ao poder ou ao mistério. Complicamos o simples. Nosso amigo André Luiz, na obra Libertação, chamaria o temível Gregório, chefe de uma cidade inteira de sofredores, de dragão? “o dragão Gregório, o senhor do mal”, não soaria estranho? Pois é, soa.

Não entramos, como já expresso antes, no conteúdo sobre a visão espírita dos “dragões” que permeiam a neo literatura espiritista.

Recordando uma conversa com um amigo que pela graça divina atua como doutrinador em uma casa kardecista na cidade do Rio de Janeiro. Ele descreveu um espírito sofredor que apresentou-se como um dragão, tentando impor-se aos membros da mesa de desobsessão. Era, o irmão desorientado, um fantoche menor, diga-se de passagem. Se este espírito infeliz se portou assim, concluímos, certamente porque há outros mais sagazes que tem obtido sucesso em impetrar tais farsas.

Poderíamos considerar que Allan Kardec fazia alusão a não importância de nomes, mas sim ao conteúdo das informações oferecidas! E logo nós estamos escrevendo sobre a importância de um “nome” ou ainda uma palavra? Nesse caso, dedicamos essas tortas linhas por conta do clamor que os chefes de falanges sofredoras tem ganho nos últimos tempos.

Até parece que uma pessoa só é verdadeiramente obsediada somente quando há um “dragão” envolvido. E mais, os tais dragões estão em número cada vez maior e buscando os holofotes, após milênios guiando suas marionetes das sombras mais profundas do Plano Espiritual. É meio esquisito.

Nunca se falou tanto no Cristo e nunca se agiu tanto em malefício do mundo!

Nossa hipocrisia, como sociedade, tem gerado essa discrepância absurda e vemo-nos falando com admiração justamente daqueles a quem devemos dar o exemplo do Bem. Quem já viu um tirânico obsessor ruir em lágrimas de arrependimento sabe do que estamos falando. Quem, pela graça do Mestre Galileu, testemunhou um espírito endurecido reconhecer-se sofredor jamais poderia chamar um irmão de dragão, uma fera monstruosa e totalmente longe da Humanidade, como observamos nas primeiras linhas. É incoerência e falta de Caridade.

Não devemos chamar esses líderes cegos pelo “título” dragão, mas sim de irmão e de sofredor. De irmão, pela sua condição de filho de Deus, como nós e você, que lê essas linhas mal escritas. De sofredor, um estado temporário, mas fundamental para a Caminhada para a Verdadeira Felicidade.

Tenhamos bom ânimo e estudemos mais o Consolador Prometido, abraçando com Razão e Fé os Ensinamentos de Jesus e seus auxiliares, aprendendo e crescendo.

Amar é a única solução, eis a Verdade.

E assim, os sofredores, um a um, do menor ao maior – se isso realmente existe – irão se render ao Mestre Nazareno.

Um comentário:

  1. Faz todo o sentido! Como exaltar um sofredor? Se esses espíritos dementados gostam de serem chamados de dragão, porque chamá-los de dragão par acariciar seu ego enfermo??? Um contrassenso! Nunca concordei com esses neoautores, pretensamente espíritas, que exaltam espíritos sofredores, narrando fabulas dignas do cinema de fantasia norte americano.

    Onde estão os estudos das obras de Emmanuel, André Luiz e Bezerra de Menezes?

    Vemos fileiras inteiras de espíritas que se debruçam sobre esses novos autores, que se dizem inovadores, no que concerne a vida no mundo maior. E são pessoas frágeis, em tratando de psicologia. Vivem abraçados a problemas existenciais, se negando a estudar seriamente a D.E.

    Esse texto, profundo e coeso, está de parabéns

    Sérgio

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