sábado, 19 de julho de 2014

Nuvem de testemunhas

Autor Thiago D. Trindade



Nuvem de testemunhas

Nas linhas que se seguirão trocaremos impressões acerca do capítulo nove do Livro dos Espíritos, que é intitulada “Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal”. Mas concentraremos, a princípio, nossa reflexão entre as questões 456 e 465.

Iniciamos nossa reflexão pela clássica pergunta, que permeia a Humanidade há milhares de anos: “podem os espíritos ver tudo que fazemos?” Sim, podemos responder rapidamente. Paulo de Tarso, em suas cartas, fala que somos observados por uma “nuvem de testemunhas”.

Mas, quem nos observa? Eis uma instigante pergunta.

Todo tipo de Espírito nos observa. Aqueles que são mais evoluídos moralmente do que nos, estando a nos inspirar e amparar nossos passos. Incluímos aqueles Espíritos em padrão evolutivo ao nosso, tentando aprender e a ajudar como podem. E não nos esqueçamos daqueles Espíritos menos moralizados do que nós. Cabe-nos, não só por palavras, mas, sobretudo por ações, mostrar a esses irmãos o caminho luminoso da Moral do Cristo.

Todos esses Espíritos, não nos enganemos, conhecem nossos mais íntimos pensamentos. Citando rapidamente, em termos jurídicos, temos nossa consciência por juiz e essa imensidade de testemunhas irão apenas atestar a verdade em nossas ações.

Mais adiante, no importantíssimo Livro dos Espíritos, na questão 459, descobrimos que somos bombardeados pela influência dos Espíritos. Tanto para o bem, como aquelas idéias de última hora, verdadeiramente salvadoras, por exemplo, como aquelas ruins que nos podem levar a autodestruição.

Alguém poderia afirmar, baseado com o que citamos acima: “Não temos vontade própria?! Não temos arbítrio?”

Temos sim! E não perdemos nenhum pouco de nossa responsabilidade evolutiva, conviver com o bombardeio de pensamos dos Espíritos. Embora nossos pensamentos se misturem com os dos Espíritos, sempre, repetimos, sempre, teremos os primeiros pensamentos como nossos. Se o pensamento é bom ou ruim, portanto, o mérito é somente nosso.

Pois bem, algum confrade poderia articular o seguinte: “como identificar se o pensamento é oriundo de um Espírito bom ou mau?”

Mais uma vez o apóstolo Paulo de Tarso nos orienta, com firmeza: “Examinai tudo e retende o que lhe convém.” Eis uma informação que nos dá responsabilidade de quem devemos ser: mais racionais.

Se nós, diante de qualquer situação da vida, nos tornássemos mais cuidadosos, mais analistas, evitaríamos muitos problemas. A prudência, em verdade, é uma virtude que começa no pensamento. Vemos muitas histórias tristes por aí que começaram na tal afobação, ou melhor, na ausência de reflexão. Pequenos dramas que se tornaram tormentos capazes de se arrasta por séculos.

Jesus, excelso Mestre, com sua simplicidade monumental afirmou sucintamente: “Vigiai e orai”. Geralmente falamos ao contrário, “orai e vigiai”, mas tenhamos a certeza que devemos fazer nossa parte primeiro para o céu nos ajudar. Nesse caso, a vigilância sobre tudo que nos cerca, pois assim temos a chance de refletir e, em oração nos sintonizar com aqueles que nos querem ver crescer de verdade na direção da Verdadeira Felicidade.

E levamos, através de nossa ação bem refletida, os irmãos menos evoluídos moralmente. Por isso que nas instruções acerca da Moral do Cristo, os guias Espirituais orientam ao perdão, a perseverança, a resignação e a fé, mesmo quando ofensores lhe enviam vibrações negativas ou, então, quando há processo de obsessão. É necessário quebrar o ciclo de rancor e vingança. Em quase todos os casos de obsessão há uma forte conexão mental entre os envolvidos. Vejamos alguns que temos na literatura Espírita sólida:

No livro “Loucura e Obsessão”, de autoria do Espírito Manoel Philomeno de Miranda e do médium Divaldo P. Franco, encontramos uma triste trama, capitaneada pela conexão entre Espíritos sofredores encarnados como tio e sobrinho, que eram bombardeados por descarga mentais por desencarnados que buscavam vingança. Coube a uma preta velha (isso mesmo, o livro se passa em um terreiro de Umbanda e a obra foi publicada pela Federação Espírita Brasileira) e ao Benfeitor Adolfo Bezerra de Menezes a elucidação do caso, através da prática do perdão e do entendimento de que as dores são necessárias para o burilamento do Espírito.

Na obra “Recordações da Mediunidade”, vemos a autora, a inesquecível Yvonne do Amaral Pereira, ainda encarnada, porém em desdobramento, sugestionar ao Espírito Pedro que mudasse suas ações e aceitasse o auxílio salutar do Espírito José, e dessa forma, deixasse de obsediar inconscientemente um encarnado que nada tinha a ver com a história pessoal do Espírito Pedro.

Percebemos que aprofundamos, e muito, aquela pergunta formulada pelo velho mestre lionês, a questão 464, quando este versou sobre como discernir se o pensamento é bom ou mau e a questão 459, que busca conhecimentos sobre o tal bombardeio de pensamentos que recebemos.

Afinal, falamos de influência entre desencarnados e encarnados, desencarnados e desencarnados e encarnados e encarnados.

Tudo depende, em suma, de nossa sintonia, ou melhor, força mental, a maior potência que Deus nos concedeu. Podemos usar nossa força mental para construir ou destruir. Para curar ou adoecer. Para fazer nosso céu ou nosso inferno.

E como descobrir como usar melhor nossa força mental? É usando nossa força mental sempre pautada pela Moral do Cristo.







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