quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Vídeo - Que saudade de Angola, cultura!



Publicado em 6 de jun de 2015
Autora: Zila Vermelha - Abadá Capoeira
Intérpretes: Danny Lindozo (Tempestade)- Instituto Sol da Liberdade
Flávia Lindozo (Natureza)- Instituto Sol da Liberdade
Ritmo Original: Benguela

Ah, que saudade, sinhô,
Saudade, sinhá,
De Angola, êêê,
Angola.
Quando eu fui capturado,
Tinha três “filho” e um irmão.
Tandala morreu lutando
Com sua lança na mão.
Era festa no Ndongo,
Quando a tropa apareceu,
Nzinga fugiu pelo Kwanza,
Em Kindonga se escondeu.
“Fomo preso” num navio,
Do kota, tem notícia não.
Vim parar na Rua Direita
E os três ficaram no porão.
Na capoeira eu vi
Nascer a dança da guerra,
Sei que ela vai libertar
Todos os kambas dessa terra
Peço a Zambi em oração,
Se desse banzo eu morrer,
Deixa eu voltar pra Angola
Pra em Matamba eu renascer.
Ah, que saudade, sinhá,
Saudade, sinhô,
De Angola, êêê,
Lá ficou meu amor.


 Essa música é baseada em fatos ocorridos nos Reinos do Ndongo e da Matamba, no século XVII, idos de 1618/1659, tendo como personagem a Ngola (Rainha) Nzinga Mbande Cakombe.  Dona Ana de Sousa, Ngola Nzinga Mbande ou Rainha Ginga, nasceu em 1582 e faleceu, em Matamba, em 17 de dezembro de 1663, com mais de 80 anos, sem nunca ter sido capturada. Foi uma grande líder no Sudoeste de África e seu título real na língua kimbundu, Ngola (Rainha), foi o nome utilizado pelos portugueses para denominar aquela região (Angola). O personagem principal da música é um guerreiro do Ndongo que presenciou o massacre ocorrido em uma das invasões portuguesas ao Reino, com a consequente fuga da Rainha Nzinga, através do rio Kwanza, para a Ilha de Kindonga. Nesse ataque, o Chefe da Guerra (Tandala) foi gravemente ferido e não resistiu. Seu kota (irmão mais velho), também guerreiro, perdeu-se na multidão de escravizados. Seus três filhos não resistiram à travessia atlântica da África para o Brasil... A esperança e alento desse homem corroído pelo banzo foi ter visto nascer, no mato ralo da fazenda (capoeira), aquela que iria libertar todos os seus kambas (irmãos). No auge da sua dor, ele pede a Nzambi (Deus) que o deixe voltar para Angola, para renascer naquele que era o paraíso na terra, mais precisamente no local onde Ngola Nzinga e seu povo se instalaram após deixarem Kindonga: o Reino da Matamba, terra dos libertos! (Contribuição de ZIlá Lima)

Nenhum comentário:

Postar um comentário