Autor Thiago D. Trindade
Barrabás, essa figura que
atravessou os séculos como cruel criminoso, personagem de muitos livros e
filmes, atingiu o nosso imaginário que foi preferido pelo povo, quando este foi
posto ao lado de Jesus por Pilatos. O criminoso acabou livre dos grilhões de
ferro que lhe prendiam a carne e o Nazareno acabou livre dos grilhões da carne,
assumindo mais uma etapa no seu plano para evolução da Humanidade.
Em verdade, no Novo Testamento da
Bíblia, a participação de Barrabás se encerra e ele desaparece. No entanto,
fica para nós o seu exemplo. O que o tal ladrão representa para nós? O crime?
Não.
Pensemos da seguinte forma:
Barrabás, o Terreno, aquele do mundo, fanfarrão, apegado à matéria. Jesus, o
Sublime, o sentimento de pureza celestial que nos aproxima da Divindade.
Geralmente, escolhemos Barrabás. Afinal, nós o vemos, uma vez que ele é terreno
como nós. Barrabás está ao alcance de nossas mãos egoístas. Já Jesus, não
podemos vê-lo e somente com pureza de coração podemos tentar encontrá-lo por
que dá trabalho.
Acabamos por imitar Pilatos, que
mesmo sabendo da inocência do Cristo, conforme vemos em João (18: 38 e 19:4), e
ainda assim o condenou à tortura e morte.
Muitos religiosos debatem a
respeito da necessidade, para nós, de Jesus ter sido crucificado. Essa reflexão
não se destina a isso. Nosso objetivo maior é levar a reflexão de como podemos
escolher melhor. Ora, o que Barrabás e Jesus oferecem? Transitoriedade e
eternidade, respectivamente.
Ocorre que preferimos a
enganadora transitoriedade por conveniência. Afinal, para libertarmos Jesus,
devemos nos comprometer com ele, ou seja, abandonar o uso das mãos egoístas e
desenvolver olhos capazes de ver além das aparências passageiras. Libertar o
Cristo significa desenvolver a pureza do coração.
Após a Crucificação do Mestre
Galileu, Judas-Tomé, precisou que Jesus se materializasse diante de si para
acreditar, de fato. E, para ajudar o amado pupilo, o Cristo assim o fez,
materializando-se. No entanto, o Nazareno, com seu misto de ternura e firmeza, asseverou:
“bem aventurados os que não viram e
creram” (João 20:25).
Mas não é fácil libertar Jesus
dos grilhões de nossa ignorância. Ele sabe muito bem disso e mantém suas mãos
esticadas para nós, como vemos em inúmeras imagens mundo à fora. Jesus não desdenhou
de Barrabás, o Ladrão, pelo contrário, conhecia bem a força e até do valor do
antigo judeu. Através do generoso silêncio e das ações estimulantes, Jesus nos
orienta a transformarmos Barrabás, o Mundano, em Barrabás, o Cristo. Cristo,
aliás, significa ungido e todos nós estamos fadados a ser como Jesus, pois
somos todos irmãos, filhos de Deus, e esta é a vontade do Criador, conforme o
Rabi tantas vezes assinala em seu Evangelho.
E quanto ao homem chamado
Barrabás? Aquele imperfeito homem de carne e osso, intemperado e igual a nós?
Que foi feito dele, após sua libertação das correntes de ferro? Existem várias
histórias e as respeitamos, mas, verdade seja dita, o antigo criminoso acabou,
como todos os outros daqueles acontecimentos, acalentado por Jesus, no momento
que ele mesmo escolheu.
Certamente hoje, Barrabás é um
dos valorosos Servidores do Cristo, inspirando a nós a estudarmos o seu exemplo
e, dessa forma, a nos ajudar a usar melhor nossa capacidade de escolha.
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