autor Thiag D. Trindade
Costumamos, diariamente, brincar de
juiz. Apontando a falha, algumas vezes de forma fria e outras de maneira
ardente, acabamos por atentar mais uma vez contra os Ensinos de Jesus.
Lembramos da mulher pecadora, posta
por Simão, o fariseu, em sua própria casa com o objetivo de enganar o Mestre
Galileu, conforme vemos em Lucas (8:36-50). A mulher, diante do Mestre, lavou
os pés do Cristo com suas lágrimas e secou-os com os próprios cabelos.
Esse quadro comovente, era, aos olhos
do infeliz fariseu, um crime hediondo, já que pessoas consideradas impuras
“infectavam” os homens de bem.
“Como o Messias não haveria de ter identificado a impureza da pobre
mulher?” Deve ter
pensado o fariseu.
Jesus sabia dos pecados da mesma, e
em nome do Pai, informou-lhe que sua Fé a livrara dos laços tenebrosos que a
prendiam. O Amor da mulher simples a salvara.
Sem julgamentos.
Somente Fé, um dos sinônimos do Amor.
Simão, por fim, aprendeu que gestos
sinceros de Fraternidade aniquilam a soberba.
O fariseu julgou Jesus e a mulher.
Achava o Mestre um farsante.
Achava a mulher uma escória.
Em sua cegueira, o rico fariseu
percebeu apenas tênues sombras ante a majestade de duas luzes.
Jesus, a Luz que descia à Terra para
iluminar.
A mulher, a Luz recém nascida que
buscava se unir à Luz Maior.
O fariseu Simão, por sua vez,
apagava-se ainda mais. Não por muito tempo, porém, pois o Cristo iria também
Esclarecer o irascível judeu.
Segundo os relatos do Evangelista, o
fariseu entendeu o recado, dado diretamente pelo Mestre, quando usou uma
parábola que citava dívidas e devedores – ilustração cotidiana do opulento
judeu.
Incorporando em nós o arquétipo de
Simão, o fariseu, julgamos nossos companheiros de Caminhada. Desaprovamos sua
conduta, sem considerar que condições o pretenso “impuro” apresenta.
Quão ignorante ele é em termos
morais?
Que acesso aos Ensinos de Jesus ele
possui?
Alguém até poderia citar:
“Ele(a) sabia o certo, mas fez o
errado”.
Ainda assim não podemos nunca tomar
nas mãos uma pedra e atirá-la contra alguém. Saibamos não só lembrar, mas
praticar os Ensinos do Cristo.
Emmanuel, guia do querido Francisco
Cândido Xavier, considerado por muitos como o Quinto Evangelista, cita em
praticamente todas as suas comunicações:
“Instruir sempre.”
“Perdoar sempre.”
“Amar sempre.”
O calceta no erro, certamente,
precisa de provas mais rigorosas e maior disciplina, a fim de que a Verdade,
por fim ultrapasse a couraça de ignorância preguiçosa.
Afinal, o bom pastor, que se
movimenta seguindo os passos do Mestre Jesus, guia com mais firmeza as ovelhas
mais bravias.
É comum vermos nas Casas de Religião
membros mais rebeldes. São encarados com desconfiança e até desdém. Em alguns
lugares são até incentivados a saírem dali.
Tenhamos certeza, Jesus de Nazaré,
Excelso Governador deste mundo de imperfeitos, não aprecia essas ações,
conforme podemos encontrar no relato de Lucas (7: 37), que faz citação direta
ao julgamento.
Alguns poderiam afirmar:
“Mas é melhor para não comprometer os outros”.
Pensemos.
O remédio não é para o São (Lucas
6:31), logo, se houver prejuízo no grupo é por que há uma falha NA execução do
Programa, e não NO Programa, que é Servir o Próximo.
E quem, no planeta Terra, está isento
do Divino Remédio trazido por Jesus?
Quem ousa, por isenção de erro,
atirar a primeira pedra?
Reflitamos.
A prática do Amor, ao invés de
permanecer tão somente na retórica, é a solução para os males que encontramos,
muitas vezes orquestrados pelo Astral Inferior.
Desarmar nosso próprio coração de
toda má intenção ao referir-se a alguém.
Quando a ovelha se afasta do rebanho
e regressa, ainda que ferida e assustada, o pastor não agradece a Deus pelo
retorno da preciosa criatura, tal como fez o pai com o filho pródigo? (Lucas,
15:3-7 e 11 a 32).
Não é fácil, portanto, não julgar.
Talvez seja a atividade mais difícil
deste mundo.
Jesus não julgava, em desacordo com
os pensamentos de muitos, mas impulsionava todos ao Bem, inspirando a
Consciência – o Verdadeiro Juiz – de cada um.
Pedro que o diga!
Tomé que o diga!
Simão, o fariseu, que o diga!
E tantos outros, como nós aqui...
Quando vemos as prisões, recheadas de
homens e mulheres cuja moral ainda é primitiva e rude, podemos até pensar que
seria injusto retê-los lá, uma vez que esse texto diz que é errado julgar.
A maior finalidade desses lugares é
forçar esses indivíduos, através da confrontação extremamente rígida e
momentânea com seus graves feitos, a buscar reflexão de seus atos. Um remédio
mais amargo.
“Mas o Sistema Prisional não funciona!” Brada alguém.
Mais uma vez: há uma falha NA
execução do Programa e não NO Programa!
Temos de nos dedicar mais a esses
enfermos da alma, com mais firmeza – o que não é brutalidade – e também mais
doçura.
Temos de lembrar que já estivemos no
lugar deles, se ainda, realmente, não formos exatamente iguais a eles.
Nunca com
julgamento no coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário