autor Thiago Dias Trindade
“E sereis odiados por todos, por
causa do meu nome; mas quem perseverar até ao fim será salvo.” Marcos 13:
13
Mal conseguia respirar. Em sua
fuga, pelos estreitos caminhos que serpenteavam por entre choupanas e barracos,
carregava o precioso embrulho. Seu peito ardia. Ainda assim, mesmo sem fôlego,
não se permitia parar. Se desistisse, o preço seria doloroso demais. Além de
ser pego, perderia seu maior tesouro.
No meio da favela havia uma
encruzilhada estreita escura e suja. Lucas, olhando para todas as direções, foi
em direção da encruzilhada. Seu peito ardia ainda mais violentamente.
- Alto! Disse uma voz áspera.
Lucas, agarrado ao pacote, viu
que um homem saíra do canto esquerdo da encruzilhada, onde era mais escuro. Era
alto, e trajava vestes negras, elegantes, que contrastavam com sua cor mulata.
Não era o policial que perseguia Lucas.
- Saia da frente! Gritou Lucas,
olhando repentinamente para trás.
- Eu disse: alto! – vociferou o
homem de negro – para onde vai?
- Não interessa! Retrucou Lucas.
- Até me dizer, não passará.
Disparou o outro.
As pernas de Lucas pareciam
feitas de chumbo. Seu peito ardia cada vez mais. Súplice, o angustiado levantou
seus olhos úmidos para o homem de negro.
- Tenho que levar esse remédio
para meu filho. Balbuciou Lucas.
O homem de negro não esboçou
reação. Um cachorro atravessou a encruzilhada calmamente.
- Você sabe o preço que te custará?
Indagou o estranho.
- Não vou deixar meu filho
morrer! – bradou o pai desesperado – saia do caminho!
- Você se rebaixou! – disse o
enigmático sujeito no meio da encruzilhada, e sua voz era cheia de lamento –
faltou fé.
- Fé? – repetiu Lucas – eu sempre
amei Deus. Me esforcei para seguir os ensinamentos de Jesus. Cultivei meu lar
como a mais bela flor do Jardim da Vida! Ora, - lágrimas sobrevieram ao rosto
atormentado do homem em fuga – levei esperança para os desesperados! E, quando
precisei de Deus, onde estava Ele?! Meu filho está à morte!
- E você roubou, após ferir um
homem – interrompeu o outro – pode ter levado esperança para as pessoas, mas
não tinha nenhuma dentro de seu coração. Hipócrita!
- Quem é você para me julgar? –
retorquiu Lucas – meu filho está morrendo!
- Tu, Lucas, sofres mais do que
seu filho, por não ter fé, nem esperança – retrucou o estranho – seu filho,
resignado, volta seu coração para Deus! Enquanto você O abandonou...
- Eu tenho que levar o remédio! –
alarmou-se o ladrão – os guardas estão em meu encalço, eu sei! E você, não me
julgue!
- Só sua consciência lhe julga –
anunciou o homem de negro – você sabe muito bem que a pena é mais pesada para
aqueles que conhecem as Leis do Pai!
LEIA
O FINAL DESTE CONTO EMOCIONANTE EM “Contos de Redenção”, comercializado em prol
do Asilo e Creche Seara de Luz.
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