Autor Thiago D. Trindade
No episódio da lavação dos pés (João,
13: 1-11), percebemos mais uma vez o brilhantismo do Mestre Jesus. Em um gesto
de Humildade, o Sublime Professor, se ajoelha diante de seus discípulos e
começa a lavar-lhes os pés.
Ao nos doarmos verdadeiramente a
outra pessoa em um gesto fraterno, atraímos para nós energias vitalizantes que
nos impulsionam no Bem. A inspiração se faz presente através da força mental
empregada na Caridade.
Jesus, Mestre dos Mestres, se fez
pequeno na Terra para demonstrar sua incalculável grandeza espiritual.
Deixou, inclusive, um plano de metas
para sermos, um dia, iguais a Ele.
Servir.
Todo serviço deve ser acompanhado por
Humildade e Determinação.
Humildade por entender que somos
minúsculos ante a magnificência da Criação.
Determinação para enfrentarmos as
dificuldades que se encontram em nosso caminho na direção do Pai.
Servir é o propósito de todo
habitante da Terra.
Servir é um ato de Amor.
Pedro, áspero e exagerado, de início
se recusou a permitir que Jesus lhe lavasse os pés (João, 13:8). O que Pedro
demonstrava era soberba mal disfarçada de humildade.
Como o líder poderia limpar-lhe os
pés?!
Não.
Pedro é quem deveria lavar os pés de
Jesus e assim brilhar aos olhos dos outros. Seria uma chance de se sobressair
aos demais, podemos concluir...
O Cristo, porém, o advertiu e o
pescador cedeu, muito certamente contrariado. De repente, tomado pelo
entusiasmo, que corriqueiramente o assaltava, Pedro pediu ao Mestre que lhe
lavasse a cabeça e as mãos.
Servir, sim. Mas com bom senso.
De que serviria lavar a cabeça e as
mãos, se estes já estavam limpos? Não havia lição ali a ser dada.
A lição estava nos pés empoeirados
sobre a carne dura do homem. A poeira representava as imperfeições morais que
Pedro trazia.
Ao abaixar-se ante o pupilo, Jesus se
fez pequeno. O cair delicado da água fresca deram ao pescador conforto físico e
mental. Certamente, o Mestre doou ao discípulo energias revigorantes que
serviriam ainda para retirar os cascões de negatividade que Pedro carregava.
Um gesto de pura afeição.
Um gesto de fraternidade.
Lavando a matéria, Jesus lavou a alma
do embrutecido Pedro.
Após essa aula de Humildade, onde o
Mestre lavou a cada um dos pupilos, e estes fizeram o mesmo uns nos outros,
evidenciando mais uma vez a grande eficácia pedagógica da atividade em grupo.
Ainda assim, um deles permanecia com
o coração sombrio.
Judas Iscariotes.
Seu coração não estava aberto para
receber Amor. Em seu egoísmo, fechara-se e a isso não havia nada que o doce
Jesus poderia fazer, pois o rebelde usava seu Livre Arbítrio para assim
proceder.
O exemplo da lavação dos pés é uma
convocação ao entendimento de que a Humildade, nestes dias velozes, nunca foi
tão negligenciada. Na cultura do “deus Ego”, vemos desvalidos materiais e,
sobretudo, os desvalidos morais, com os pés recobertos de lama e chagas
pulsantes.
Quantos fariam tal como Madre Tereza
de Calcutá, que passava seus dias e noites entre os miseráveis de todos os
matizes, cuidando de suas mil feridas da carne e da alma? Quem, senão essa
Verdadeira Cristã seria capaz de beijar um leproso retorcido e, embevecida,
anunciar que aquela pessoa era o Cristo em resplandecente luz?
Almas verdadeiramente abnegadas se
prostram ante os mendigos da alma e ungem seus pés com lágrimas de Amor.
Beijam suas faces macilentas de
rancor.
Abraçam seus corpos deformados pelas
dores morais.
Servem!
Tão apenas servem!
Jesus sabia que Judas iria traí-lo.
Mas seu gesto de Amor para com ele não foi menor do que para com os outros.
Inclusive, foi no momento em que o traidor saía para lançar o golpe que levaria
o Mestre ao Calvário, que Jesus lançou o seguinte Mandamento, conforme lemos em
João (14:34 e 35):
“Que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.”
“Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes Amor uns aos outros.”
Jesus nos ensinou como lavar a alma
daqueles que sofrem.
Os discípulos fizeram isso.
Outros apóstolos, como Paulo de
Tarso, Francisco de Assis e Eurípedes Barsanulfo, fizeram isso.
Madre Tereza de Calcutá fez isso.
Ainda hoje, eles lavam os pés dos
sofredores em cada metro quadrado desse mundo.
E você, porque não lava a alma de
alguém hoje?
Nenhum comentário:
Postar um comentário