Autor Thiago D. Trindade
O caso de Lázaro é um grande exemplo
de que a Fé transforma vidas. E como nós somos parecidos com esse homem, que
fora amigo próximo de Jesus.
Na reflexão em tela, baseada nos escritos
de João (11: 1-46), vemos as irmãs de Lázaro, Maria e Marta, irem até o Mestre,
que pregava longe de Betânia, onde residiam com o irmão. Elas informaram a
Jesus que seu amigo estava severamente doente e que desejava vê-lo. O Cristo,
no entanto, estava em pregação e curava a muitas pessoas. Ele não podia pôr seu
trabalho fraterno de lado, deixando de aplicar o bálsamo que era encarregado de
trazer a aqueles sofredores, em prol de seu amigo.
Seria discriminador e egoísta.
Jesus sabia disso e certamente Lázaro
e suas irmãs também. Quando pôde, o Grande Médico partiu para a vila de Betânia
com os Doze, que temiam pela segurança deles e do Mestre. Tomé, inclusive,
chegou a ter certeza de que iriam morrer ali (João, 11:16).
Nos arredores do pobre lugarejo, de
onde o grupo havia tido uma passagem turbulenta, Marta informou ao Mestre que o
amigo havia morrido e se encontrava sepultado há dias.
Sem titubear, Jesus clamou o auxílio
dos amigos e partiu para o sepulcro de Lázaro. A essa altura muitas pessoas,
avisadas do regresso do carpinteiro a região, tinham se juntado a Ele para ver
qual prodígio se realizaria ali.
Diante da gruta onde o corpo inerte
de Lázaro repousava, Jesus solicitou aos acompanhantes que removessem a rocha
que selava o local, e, com a voz doce e firme, ao mesmo tempo, o Cristo de Deus
chamou pelo amigo Lázaro, que surge diante de todos, enrolado em panos
fúnebres.
“Lázaro, vem para fora!”
Essa passagem atravessou os séculos,
imortalizando uma singela fagulha da grandeza de Deus que Jesus dividia com o
mundo. Aliás, alguns afirmam duramente que Lázaro estava catatônico, desdobrado
em espírito, em coma, epilético, em fim, de alguma fora estava vivo.
Particularmente isso não importa, já que vivo ou morto, Lázaro ouviu tão
somente o comando do Cristo e não o alarido das pessoas que lotavam o cemitério
para ver mais um feito de nosso irmão mais velho.
A simbologia dessa passagem é muito
maior do que podemos supor. Que os mortos podem ressuscitar? Esse conceito é
muito limitado já que a morte, na verdade, não existe.
Mas o que existe é muito mais sublime
e poderoso. Trata-se da transmutação da alma.
Lázaro era amigo do Cristo e
certamente simpático à Boa Nova. Mas não a ponto de deixar seus afazeres
corriqueiros e seguir Jesus como os outros. Somente após o Gólgota é que o
homem de Betânia tomou o cajado e ganhou o mundo.
Lázaro, portanto, não era
comprometido com a causa do Cristo. Ele era apenas envolvido com a Causa do
Cristo.
Envolvimento é superficial.
Comprometimento é visceral, profundo.
Imaginemos Lázaro deitado sobre a
pedra fria, enfaixado e silencioso, imerso em escuridão e bloqueado por uma
pesada rocha. Do lado de fora, luz e vida.
A escuridão é a que trazemos dentro
de nós.
As faixas são nossas limitações
autoimpostas.
A rocha é a ignorância.
Jesus, certamente, poderia ter
removido a grande pedra sozinho, levitando-a, explodindo-a, fazendo aquela
substancia mineral simplesmente desaparecer. O Mestre poderia ter feito
qualquer coisa com aquela pedra e seria uma das menores coisas que Ele teria
feito em sua trajetória de trabalho anunciando a Boa Nova.
Mas o Divino Amigo preferiu
incentivar os que lá estavam ao trabalho de resgate. Um trabalho em grupo. Como
Jesus é o Sublime Professor, sabia que o trabalho que é movido por equipes
serve para fixar o conhecimento, a troca de impressões, além que aproximar
corações a um mesmo compasso.
O trabalho em grupo cria
comprometimento.
Uma atividade em benefício de outra
pessoa que criaria condições propícias para a prova de Lázaro.
“Lázaro, vem para fora!”
Com as condições criadas – a remoção
da pedra – houve o despertamento, a inspiração para aquele que se julgava morto
na carne. Agora, naquele momento, cabia a Lázaro sair da sua inércia em seu
próprio benefício.
Lázaro levantou e buscou a luz,
abandonando a treva.
Mais uma vez, o Sublime Professor,
entrou em ação orientando o grupo de alunos que se voluntariaram para o Serviço
da Luz.
Notemos que estes não eram os
discípulos, pois se assim fosse, teriam sido citados por João, mas eram
certamente os amigos de Lázaro que residiam em Betânia e talvez até mesmo
alguns dos que haviam tentado apedrejar Jesus em sua última passagem por esta
vila (João, 11:8).
“Desatai suas faixas e deixa-o ir.”
Novamente, Lázaro sentiu a caridade
dos homens que o livraram das limitantes faixas, ensinando-o sobre a compaixão.
Lázaro voltou-se para o Mestre. Acima
Dele, o sol da Vida.
Lázaro deixou a escuridão e caminhou,
ainda que vacilante, para a luz.
Sua recompensa foi a Vida.
Lázaro deixou de ser apenas envolvido
em relação à Boa Nova.
Lázaro passou a ser comprometido com
a Boa Nova.
Lázaro é a prova da cura física,
mental e espiritual.
Cura física: seus males orgânicos.
Cura mental: o entendimento da
reforma íntima. O compreender suas limitações e comprometer-se em vencê-las.
Cura espiritual: levar o Bálsamo da
Verdade aos demais, dividindo seu coração com o mundo. Foi curando aos outros,
que Lázaro curou a si mesmo.
Munido de seu bordão, o amigo de
Jesus atravessou os séculos ensinando aos aflitos a abandonar a escuridão e a
abraçar a Luz Maior.
Jesus removeu nossa rocha enviando o
Consolador Prometido. E enviou emissários para nos ajudar a remover nossas
faixas limitantes dos movimentos, nossos Amigos Espirituais.
Docemente, o Mestre nos chama:
“Vem para fora!”
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