Feudos
Autor Thiago D. Trindade
Muitas vezes recebemos o encargo de
ser responsável por alguma atividade, seja de ordem simples, seja de ordem
complexa, envolvendo, talvez, o auxílio de terceiros.
O ego queima luminoso – em muitos
casos – e a pessoa, sem perceber, se localiza diante de um precipício.
“Fui talhado para isso”, alguns afirmam com soberba.
Pode ser realmente. Compete, segundo
o cronograma de resgate, determinada atividade. Mas o real mérito não está em
meramente cumpri-la, mas sim em executá-la com Humildade, Comprometimento e,
sobretudo, Fraternidade.
É uma prova difícil, portanto.
Infelizmente, muitos caem na postura
inflexível de um senhor feudal, detentor absoluto da região em que habita, ou
no caso, da atividade que deveria ajudar em seu próprio resgate.
Com surdez seletiva, que funciona
quando há crítica construtiva, mas que desaparece mediante as idéias ácidas e
comprometedoras que só fazem atrasar a Caminhada.
Mais ainda, tal como o senhor feudal
encastelado, o dirigente acredita piamente que lhe desejam, a todo custo,
roubar-lhe o lugar. É claro que há encarnados e desencarnados interessados em
por fim à atividade do tarefeiro. Mas os adversários, inteligentes, não
pretendem remover ninguém de seus postos. Pelo contrário. Insuflam o ego do
tarefeiro e assim comprometem algo muito maior do que o próprio dirigente: a
atividade em si.
Com a Humildade em reconhecer-se
endividado e buscando atingir a Bem Aventurança, o tarefeiro sempre deve
autoavaliar-se, ou seja, sair do castelo. Não para o condenado duelo, mas para avaliar
se não precisa de novas lições.
E sempre precisa!
É muito difícil para o tarefeiro
entender isso, por mais paradoxal que possa parecer. Mas é a realidade.
O dirigente muito trabalha, é muito
exigido dele, restando pouco tempo para refletir sobre si próprio. Afinal, se é
o dirigente, que mais “sabe”, deve ser ensinar, certo?
Não.
O dirigente, em sua esmagadora
maioria neste mundo de provas e expiações, é o mais necessitado perante a Lei.
Por conta da aura do “senhor feudal”,
encontram, os auxiliares, dificuldade se achegarem do “comandante” e fazer o
saudável alerta. Afinal, o inseguro tarefeiro líder poderia – e vai – pensar
que querem tomar seu lugar.
Refazimento deve ser a palavra de
ordem.
Refazer-se sempre em busca da
Perfeição.
Refazimento, aliás, implica em
Recolhimento e Reflexão.
Em todas as situações, até quando as
situações caminham conforme o planejado, deve-se refletir nas ações e na forma
de observar a si e o que está à sua volta.
Se os textos bíblicos fazem alusão ao
Dia do Descanso, no caso do povo judeu, ao sábado, porque ele é fundamental
para a existência do Caminheiro.
Até os Espíritos, conforme assinala
André Luiz e várias obras de sua autoria, como vemos, por exemplo no capítulo 45
de Nosso Lar (editora FEB, 1997, 46° edição, 281 páginas), precisam refazer-se
dos trabalhos que executam. Mas esse descanso não é ócio, pelo contrário, é o
momento para novos aprendizados e reflexões.
Cada um tem seu limite orgânico e
mental, e, infelizmente o forçamos, muitas vezes desnecessáriamente, para nosso
próprio prejuízo. Caminhamos para o desastre da empreitada, que é a Missão
individual de cada um.
Deixemos, pois, o feudalismo para os
livros da História Medieval. Não somos absolutos em nada.
Atravessemos as muralhas do ego e busquemos
os campos da Humildade.
Nos campos da Humildade, plantemos
Perseverança.
Com Fé irrigaremos e com Perdão
adubaremos.
Com Paciência saudemos os frutos da
Sabedoria.
Alimentados pela Sabedoria, estaremos
nutridos de Amor e então teremos força para contemplar o Céu.
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