Autor Thiago D. Trindade
Iremos trocar algumas impressões
acerca do capítulo 9, do Livro dos Espíritos, que leva o nome desta mesma
modesta reflexão. No entanto, concentraremos, a princípio, nossa prosa entre as
questões 456 e 465.
Iniciamos nossa reflexão pela
clássica pergunta, que permeia a Humanidade há milhares de anos: “Podem os
espíritos ver tudo o que fazemos?”. Sim, podemos responder rapidamente. Paulo
de Tarso, em suas cartas, afirma categoricamente que somos observados por uma
multidão de testemunhas.
Mas quem nos observa? Eis uma
instigante pergunta.
Todo o tipo de espírito observa
nossos mais ínfimos atos e até pensamentos. Aqueles que são mais evoluídos do
que nós, estando a nos inspirar e a amparar em nossa jornada. Incluímos aqueles
espíritos, também, que possuem padrão evolutivo similar ao nosso, tentando
aprender e a ajudar como podem. E não nos esqueçamos daqueles espíritos menos
evoluídos moralmente do que nós. E cabe-nos, não só por palavras, mas sobretudo
por ações, mostrar a esses irmãos o caminho luminoso da Moral do Cristo.
E, todos esses espíritos, não nos
enganemos, conhecem os nossos mais íntimos pensamentos. Falando, rapidamente,
com termos jurídicos, temos nossa consciência por juiz e essa imensidade de
testemunhas para ratificar a verdade em nossas ações. Mais adiante, neste
importantíssimo Livro, na questão 459, descobrimos que somos bombardeados pela influência
dos espíritos. Tanto para o Bem, como aquelas idéias de última hora,
verdadeiramente salvadoras, como aquelas ruins que nos podem levar a
autodestruição.
Alguém poderia afirmar, baseado
com o que citei acima: “ Ora, uai, não temos vontade própria? Não temos Livre
Arbítrio?”. Temos sim. E não perdemos nenhum pouco de nossa responsabilidade
evolutiva quando somos bombardeados pelos pensamentos dos espíritos. Embora os
nossos pensamentos se misturem com os dos espíritos, sempre, repito, sempre,
teremos os primeiros pensamentos como nossos. Se o pensamento é bom ou ruim, o
mérito é nosso.
Pois bem, outro confrade pode
articular: “Mas como identificar se o pensamento é oriundo de um espírito bom
ou mau?”. Mais uma vez, Paulo de Tarso orienta: “ Examinai tudo e retenha o que
lhe convém.”
Se nós, diante de qualquer
situação da vida, nos tornássemos mais cuidadosos, mais analistas, evitaríamos
muitos problemas. Prudência, em verdade, é uma virtude que começa no
pensamento. Vemos muitas histórias tristes por aí que começaram na tal afobação
ou melhor, na não reflexão. Pequenos dramas que se tornam tormentos capazes de
se arrastar por séculos.
Jesus, Excelso Mestre, com sua simplicidade
monumental afirmou sucintamente: “Vigiai e Orai”. Geralmente falamos ao
contrário “Orai e Vigiai””, mas é melhor para nós a vigilância sobre tudo que
nos cerca, pois assim temos a chance de refletir e, em oração nos sintonizar
com aqueles que nos querem ver crescer verdadeiramente na direção da ainda incompreendida
Felicidade. E, na base do arrastamento, levamos através de nossa ação bem
refletida, algum irmão menos evoluído moralmente.
Por isso que nas instruções
acerca d Moral do cristo, os guias espirituais, orientam a perdoarem os
ofensores. É necessário quebrar o ciclo de rancor e vingança, comodismo e
culpa. Em quase todos os casos de obsessão, aliás, há forte conexão mental
entre os envolvidos. Vejamos alguns exemplos que temos na literatura Espírita
já consagrada:
1 - No Livro Loucura e Obsessão,
encontramos uma triste trama, capitaneada pela conexão entres espíritos
sofredores encarnados como tio e sobrinho, que eram bombardeados por espíritos
que buscavam vingança. Coube a uma Preta Velha e ao Benemérito Bezerra de
Menezes a elucidação do caso, através da prática do perdão e do entendimento de
que as dores são necessárias para o burilamento do espírito.
2 – Na linda obra Recordações da
Mediunidade, vemos a inesquecível Yvonne Pereira, ainda encarnada, porém em
desdobramento, sugestionar ao espírito Pedro que mudasse as suas ações e
aceitasse o auxílio salutar do espírito José, e dessa forma deixasse de
obsediar um homem.
Reparamos agora, nessa altura da
prosa em que estamos, que aprofundamos, um pouco, aquela pergunta formulada
pelo velho mestre lionês, a pergunta 464, que versa sobre como discernir se o
pensamento é bom ou mau e a 459, que busca conhecimentos sobre o tal bombardeio
de pensamentos. Afinal, falamos de influência entre desencarnados e encarnados,
e, finalmente, entre encarnados e desencarnados.
Tudo depende, da sua, da minha,
da nossa sintonia. Nossa força mental, a maior potência que Deus nos deu deve
ser melhor conduzida, uma vez que ela pode edificar ou destruir, curar u
adoecer. Nossa força mental, bem usada pode construir em nós o céu, mas, se mal
usada, criará o inferno dentro de nós.
E como descobrir como usar melhor
nossa força mental? É usando nossa força mental sempre pautada pela Moral do
Cristo.
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