Autor Thiago D. Trindade
É um tema
difícil de se refletir. Falar de violência, ou guerra, muitas vezes causa
constrangimento. Mas, para falar de Amor, algumas vezes é necessário lembrar
que a guerra, ou violência, é um instrumento que faz crescer na direção da Luz
Maior.
Na questão 742
vemos que a nossa natureza animal predomina sobre nossa natureza espiritual. No
estado evolutivo de barbárie só se conhece a lei do mais forte. Mas que lei é
essa? Na verdade é uma ideia de pouca substância, já que a verdadeira força é a
Moral. A força que adquirimos quando nos aproximamos do Cristo.
Temos um claro
exemplo da supremacia da força moral do Cristo sobre a força da barbárie quando
vemos Jesus, em uma atividade caritativa que hoje chamamos de sessão espírita,
mais especificamente, uma desobsessão. O Mestre, nessa sessão desobssessiva,
afastou sete Espíritos desorientados que atormentavam Maria de Magdala, ou
Maria Madalena
Já estudamos em
outro momento, o caso narrado pelo Espírito André Luiz, na obra clássica
“Libertação”, quando o Espírito iluminado de Matilde se manifesta, através do
mentor e líder da missão espiritual, o Espírito Gúbio. A referida Missão se
passava em um tenebrosa região umbralina e consistia, basicamente, em libertar
o filho de Matilde, de uma das reencarnações, e alvo de seu amor fraternal. O
filho do Espírito Matilde, era o implacável chefe de toda uma falange de
Espíritos sofredores, abraçados ao mal e seu único “ponto fraco” era o amor
pela sua mãe. O Espírito Gregório, vendo seus domínios invadidos, caça Gúbio, André
Luiz e seus auxiliares, somados a um grande grupo de Espíritos resgatados. Em
uma narrativa arrebatadora de André Luiz, comovente em cada palavra de angústia
e esperança ante a fuga desesperada da cidade das sombras, chegamos ao auge da
história quando, cercados e com quase todos sem esperanças, inclusive do autor
espiritual, Gúbio cai de joelhos perante o terrível Espírito. Matilde, Espírito
muito evoluído e incapaz de ser percebida pelos Espíritos de moral inferior, se
manifesta através de Gúbio, fazendo Gregório irromper em lágrimas de amor por
sua mãe, fazendo todo o exército do mal debandar.
Percebemos,
diante do citado acima, que a autoridade, ou patente Moral, sobrepuja qualquer
pessoa irradiando vibrações negativas. A serenidade e a paciência derrubam as
chamas do ego, nosso grande inimigo.
Na questão 743, estudamos que a violência, ou
guerra, irá desaparecer deste mundo e de suas regiões espirituais. Pode parecer
utopia, já que estamos sempre vendo guerras pela televisão e jornais. Dentre do
que tolamente aceitamos, abraçamos rituais, que chamamos de esporte, e temos
homens e mulheres que se agridem fisicamente, até que um caia, fique muito
machucado ou, literalmente, destroçado.
Pode parecer, em
verdade, que as coisas estão piorando. Não é assim. Vivemos em uma época de
esclarecimento, onde Espíritos muito brutos convivem com os mais esclarecidos,
em vários graus evolutivos. Todos se ajudam no Caminho do Progresso.
Todos tem as
mesmas chances de crescer moralmente. Divaldo Pereira Franco costuma contar uma
história que aconteceu com ele: No orfanato, certa vez, que ele cuida, havia um
menino verdadeiramente cruel. Quando atingiu a maioridade, o rapaz, diante de
um choroso Divaldo, anunciou que iria matar alguém. Desesperado, o médium, suplicou
ao rapaz, que quando fosse ficar diante de sua eventual vítima, visse nela seu
rosto, pois o caridoso servidor do Cristo acreditava que falhara em moralizar o
jovem e via-se culpado. Tempos depois, na rua, o rapaz encontrou Divaldo e
houve muitas lágrimas. O rapaz, homem trabalhador e honesto, dissera que
tentara a pífia carreira de criminoso, mas quando apontara a arma para sua
vítima, vira o rosto do único pai que conhecera, o único que o amara.
Mas a violência
é necessária? Sim. Neste mundo de expiações e provas a violência é necessária.
Ela nos lança a liberdade verdadeira, ou seja a Moralização. Não são nas horas
de crises que vemos atos de Amor sublime? Na Segunda Guerra Mundial, uma jovem
e promissora enfermeira polonesa, chamada Irene Sendler, visitou um campo de
concentração urbano, denominado gueto, na cidade de Varsóvia. Até então a jovem
acreditava nas palavras sedutoras de Adolf Hitler, mas jamais tinha visto uma
criança ser torturada. Seu choque foi avassalador. Então, pedindo emprego naquele
lugar tenebroso, Irene passou a colocar crianças pequenas nos sacos de lixo,
sob suas saias, e conseguiu libertar algumas crianças judias e ciganas.
Encaminhou muitos a pessoas caridosas ou a parentes dos órfãos. Criou uma rede
de contatos em meio a guerra de espionagem. Muitas crianças ela mesma criou. Ao
fim da Guerra, foi descoberta e capturada. Teve suas pernas quebradas. Faleceu
em 2008, aos 98 anos de causas naturais. Irene salvou cerca de 2500 crianças,
que a chamam, ainda hoje de mãe. As crianças salvas pela enfermeira são
chamadas de “meninos do Holocausto”. Milhares de pessoas, em todo o mundo,
descendem daquelas que a enfermeira resgatara do Gueto de Varsóvia, todas elas
frutos de Amor sublime de uma pacata mulher.
Com esse
exemplo, vemos que a luz de uma pequena vela pode afastar a mais temível
escuridão, conforme assinala o provérbio atribuído ao mestre chinês Confúcio,
quinhentos anos antes do Cristo.
Irene nunca
culpou os soldados por terem lhe quebrado as pernas. Chamava-os de irmãos perdidos
e carentes. Mas a enfermeira tinha dois pesares em seu nobre coração: não ter
podido criar todas as crianças e a dor de escolher aquelas que podia salvar.
Irene, para o resto de sua vida carnal, carregou os olhares daquelas que não
puderam ser salvas. Mas, sem dúvida, essa alma nobre, fez o que pôde, amparando
e consolando. A enfermeira perdoou seus algozes. Irene amou e ainda ama nos
planos espirituais onde se encontra agora.
A autoridade
Moral de Matilde, de Divaldo e Irene venceram a brutalidade do ódio. A
serenidade cristã, ainda que tênue como uma solitária vela, venceu
inexoravelmente a escuridão dolorosa da violência, servindo de exemplo da todos
nós, inspirando-nos a crescer.
É hora de
deixarmos as rusgas, os rancores de lado. A exemplo de Divaldo e Irene, devemos
servir até o limite de nossas forças. Perdoar é o mais sublime gesto de Amor e
como esses seres humanos perdoaram seus detratores.
Atualmente
muitos de nós, senão todos nós, estão envolvidos em obsessões, falsamente
chamadas de ajustes de contas. Que ajustemos as contas no Perdão, na Humildade
e Fé. Divaldo e Irene, como nós, tem seus defeitos e desafios, mas na hora
decisiva se colocaram no lado certo de Jesus.
A Verdadeira
Felicidade não é deste mundo, mas está relacionada diretamente com nossas ações
de agora. Devemos atravessar as angústias com a certeza de que serão
passageiras e chegaremos ao oásis da Paz de Espíritos.
Que encontremos
naqueles que nos querem, momentaneamente, mal a oportunidade de crescermos,
angariando luzes para nós mesmos e iluminando esse mundo em transição.
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