Autor Thiago D. Trindade
É muito comum ouvirmos pessoas, de
estilos de vida diferentes, que se sentem sós. Ouvimos o lamento, que, aliás,
costuma ser proferido por nós mesmos de que ninguém nos ama, ninguém nos quer,
ninguém nos chama de meu amor...
Claro que a pessoa, supostamente
solitária, não considera que seu confidente está ali a lhe fazer companhia.
Mas o que será solidão? Entendemos
realmente esse conceito? Somos solitários?
Nós, seres humanos, somos criaturas
gregárias por natureza, como muitos outros filhos de Deus. Não é somente para a
reprodução que buscamos a companhia de nosso semelhante. Juntos prosperamos ao
longo das Eras do Tempo e, como sociedade, chegamos onde estamos.
Em termos espirituais, o grupo nos
impele, por meio de desafios morais, a progressão na direção do Criador.
Ocorre, porém, nos últimos anos, uma
deturpação do conceito de sociedade, que afeta diretamente quem somos. Uma
sentença que iremos destrinchar melhor no próximo parágrafo.
Em nossa comunidade planetária de
bilhões de humanos encarnados, cada vez mais as pessoas se sentem sem ninguém,
mesmo convivendo diariamente com pessoas a esbarrar-lhes, disputando um metro
cúbico de ar.
Como pode isso?
Como, numa multidão a seguir numa
mesma direção, um indivíduo não poder precisar como é a pessoa que está ao seu
lado?
Esse tipo de coisa acontece numa
intensidade cada vez maior. As pessoas estão, nesse mundo de maravilhas
tecnológicas e permissividade geral (que chamam de “modernidade”), se
distanciando uma das outras e, pior, de si mesmo. Dessa forma tornam-se
incapazes de perceber quem está ao lado.
Em prol do chamado comodismo deixamos
de nos incomodar com a penúria de nosso vizinho, e nos entregamos às
desventuras das telenovelas, que tratam de famílias desajustadas e amorais,
criando uma expectativa de sucesso para elas. Comerciais de televisão que nos
estimulam os sentidos para atos menos dignos e, ante nossas impossibilidades
físicas, mentais e monetárias, sentimo-nos mal ante aquele que possui as
efêmeras e falsas virtudes. Eis as razões da solidão.
A inveja, ganância, luxúria e outros
sentimentos menos dignos criam o vazio que definimos por solidão, que nos cega,
ensurdece e nos livra de todas as sensações exceto a dor da alma.
Solitários são perdedores
irremediáveis, alguém tolamente poderia concluir.
Não!
Solitários estão em recuperação como
nós, os “gregários”.
Cabe ao solitário, acima de tudo,
aprender a se amar. A deixar de ser egoísta! Isso mesmo: egoísta. Egoísta por
privar o mundo de sua participação na Grande Obra. O solitário, ele acredita,
está à margem da sociedade, mas na verdade está no meio dela. Uma vez que o
solitário se reconheça em recuperação e ciente da besteira de privar o planeta
de sua participação tem a obrigação de doar-se.
Como doar-se: contemplar a Natureza,
sabendo agradecer a Deus pela oportunidade de desfrutá-la; sorrir mais para si
e para o próximo; cumprimentar (aliás, um fantástico remédio para distribuir a
santa Empatia) aquelas pessoas com quem cruza nas ruas; procurar contribuir
para as melhorias na sua vizinhança; orar por aqueles que estejam atravessando
por dificuldades (lembrando a nobre máxima de Francisco de Assis: “é dando que se recebe”); é esperar pelo
silêncio quando se estende a mão fraterna; não estimular o degredo dos
sentidos; absorver o máximo possível de tudo que é edificante para o espírito;
entender que a Caridade é uma nobre forma de Amor que ainda não é devidamente
compreendida, mas que deve ser praticada ao máximo, sobretudo o Perdão.
A pessoa que se diz solitária precisa
entender que acima de tudo há Deus, que a ninguém desampara. Sem falar nos
Amigos Espirituais sempre dispostos a nos ajudar. Infelizmente nós, muitas
vezes, optamos por não aceitar o auxílio e nos aproximamos do precipício.
Isso tudo nos leva a certeza absoluta
de que nós não somos solitários, mas nos colocamos como solitários e que essa
aflição pode ser solucionada de acordo com nossa própria vontade: lembremos
Marcos (6:45) que diz que os pescadores remavam contra o vento a fim de se
aproximarem de Jesus, que orava no monte do outro lado do grande Lago. Grande
era o esforço desses homens, pois os ventos eram fortes. Jesus, vendo o esforço
dos discípulos, caminhou sobre o Mar da Galiléia e foi ter com eles. Os
pescadores, conheciam a incalculável bondade do Mestre podiam ter ficado onde
estavam, aguardado-O.
Mas não!
Fizeram a parte deles. Façamos como
os pescadores, façamos a nossa parte que Jesus e seus Auxiliares farão a deles.
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