Autor Thiago D. Trindade
Entendemos o processo obsessivo como
a incidência mental de um indivíduo, ou grupo, sobre um terceiro, podendo ser
os envolvidos encarnados ou desencarnados.
Consideramos ainda a auto obsessão,
quando a própria pessoa volta contra si mesmo sua força mental, prejudicando a
si mesma. Nesse contexto, avaliamos ainda que a auto obsessão, quase sempre
abre espaço para a aproximação de espíritos sofredores sobre o espírito auto
obsediado.
O tratamento para todos os casos é a
desobsessão, que é uma série de ensinamentos – e vivências práticas, o que é
pouco considerado ultimamente – baseados na grande virtude do Perdão
incondicional, um dos sinônimos do Amor Fraternal. No Capítulo 5 do Evangelho
Segundo o Espiritismo, que trata sobre as aflições, percebemos a grande
importância de se perdoar as ofensas.
A literatura Espírita é riquíssima de
elucidações a respeito da desobsessão e de seus fatores correlatos. Há livros
de André Luiz, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno, Joanna de Angelis,
Emmanuel, dentre outros, que narram uma parcela das sagas evolutivas de
pessoas, que se entrelaçam em teias de rancor e ódio. Sentimentos baixos que
atravessam os séculos da Terra.
Há obras que versam diretamente sobre
o tema, de André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier e Waldo Vieira
(Desobsessão, editora FEB, 1° edição, 1964, 1° edição especial, 2010, 274
páginas), e, mais recentemente, de Suely Caldas Schubert (Obsessão/desobsessão
– profilaxia e terapêutica espíritas, 2° edição, 2010, 239 páginas), que
“destrincham” essa nebulosa questão evolutiva para todos nós.
Em quase todos os casos, percebemos
que o processo desobsessivo é lento e gradual. Uma parte depende do obsediado em
aceitar o tratamento indicado, que é perdoar e instruir-se. A outra depende do
obsessor(es), que se julgam, na maioria das vezes, vingadores de causam que
jazem sob o pó dos anos terrestres, mantendo assim o ciclo de dor e sofrimento
que se arrasta sem previsão de encerramento.
Não obstante, a Umbanda (assim como
outras religiões) trabalha intensamente com a desobsessão. Investe na Educação
Moral de seu adepto, e do grupo de Espíritos que lá chega em busca de alívio e
esclarecimento.
Nos casos da desobsessão mais
propriamente dita, onde o Espírito sofredor é confrontado com a Verdade do Bem,
vemos a Umbanda atuando de forma diferente, se compararmos com a metodologia
“Kardecista”. O obsessor é literalmente afastado do obsediado e encaminhado
para estâncias onde receberá o cuidado necessário, enquanto ao obsediado ficará
com a orientação para desenvolver-se moralmente.
“Vá e não peques mais”.
Muitos Espíritas argumentam que a
prática da Umbanda, nessa área, vai contra a Lei Divina, afetando o Livre Arbítrio
de cada um e, não há moralização do obsessor, que pode voltar para sua prática
descabida.
Consideremos que Espírito
desorientados, dementados em vários graus, não possuem lucidez no uso de seu
Livre Arbítrio, sendo escravos de si mesmos, ou seja, também auto obsediados.
A literatura Espírita é cheia de
casos, onde não se “respeitou” o Livre Arbítrio do obsessor, ou ainda, há a
utilização do engodo, ou farsa. No livro “Loucura e Obsessão” (editora FEB, 11°
edição, 2010, 334 páginas), de Manoel Philomeno e Divaldo Franco, que se passa
em um Terreiro de Umbanda, vemos um grande número de obsessores sendo tratados
por entidades de aparência indígena, que eram os guardiães da Casa. Alguns
médiuns incorporavam os espíritos sofredores, aplicando o choque anímico sobre
os desencarnados ou forçando-os a se exaurirem energéticamente. Sem cerimônia,
os trabalhadores espirituais levavam os “nocauteados” para ambientes
específicos, verdadeiros ambulatórios.
Percebemos a forma segura com que a
Espiritualidade Superior conduz os sofredores dentro do preceito da Caridade
ensinado pelo Cristo. Igualmente, encontramos o uso de mentiras para conduzirem
desencarnados aturdidos por si mesmos, como podemos estudar em “Recordações da
Mediunidade” (editora FEB, 4° edição, 2011, 254 páginas), de Yvonne do Amaral
Pereira, quando ela narra o caso de Pedro, um desencarnado que
involuntariamente obsedia um conhecido a saudosa médium.
Os livros supracitados vieram à Terra
pelas mãos de respeitados médiuns e foram tutelados, não só por Manoel
Philomeno (sendo que este Espírito até se reconheceu preconceituoso a tudo que
não fosse caracterizado com Espiritismo, conforme o próprio considerou) e
Charles, respectivamente, mas sim por Adolfo Bezerra de Menezes e Leon Denis,
como verificamos nas apresentações das duas obras editadas pela Federação
Espírita Brasileira.
Não podemos cair no corporativismo
cego que hasteia bandeiras de preconceitos, atrasando a nós mesmos. As
informações da Verdade vêm há dois mil anos e até hoje escolhemos o que
queremos, deixando de lado o que nos é inconveniente.
Não devemos medir esforços em
auxiliar nossos Amigos Espirituais, melhorando, em primeiro lugar, a nós
mesmos, para assim realizarmos as verdadeiras obsessões que permeiam esse
mundo, todas baseadas no orgulho.
Ótimo texto, primão. Um Grande Abraçolll
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