sábado, 23 de julho de 2016

Correntes






Autor Thiago D. Trindade

As correntes, ao longo da História humana, tem obtido sinistro papel. Feitas de resistente metal, os elos são reunidos em vil prisão para incontáveis almas em aflição. Foram, é verdade, usadas para outros fins, como a ligação entre a âncora e o navio, dentre outras coisas. Mas como elemento de retenção de corpos, as correntes adquiriram o significado de expiação e prova. Expiação por desejar a felicidade, a liberdade, e , como prova, as correntes simbolizavam a necessidade da superação das necessidades mais imediatas, sendo, portanto, o agente desenvolvedor da paciência e da resignação. Quantas vezes, correntes rasgaram corpos esquálidos e atormentados por mil matizes? Quantas vezes acorrentamos ou fomos acorrentados?

Os elos reunidos, forjados em metal resistente e pesado, são uma oportunidade de evolução moral do Espírito. Ao longo das reencarnações somos algozes e/ou vítimas de nós mesmos, intemperados no ego e descrentes no amor do Cristo. E essa intemperança forma uma corrente ainda mais pesada, a corrente das imperfeições, cujos elos tem nomes funestos: inveja, rancor, ciúme, orgulho, luxúria, cobiça, etc. Tal corrente é capaz de prender um Espírito por anos sem conta em regiões de sofrimento. E não há, segundo o Cristo e relembrado por Kardec, região mais fértil do que nosso íntimo, uma vez que fazemos nosso céu ou inferno. E consideremos mais: podemos, como escrito acima, acorrentar outras pessoas e criamos, além da auto obsessão, a obsessão entre as pessoas, que pode, em muitos casos atravessar os séculos da Terra, adiando o que nos é inevitável, a perfeição.

E falando de perfeição, ou felicidade, que não é deste mundo, podemos – e devemos – criar uma outra corrente. Falamos da Corrente do Bem, cujos elos são formados de luz. Cada elo, como a corrente das imperfeições, tem um nome: paciência, humildade, resignação, esperança, respeito, esperança, fé, Caridade. Tais elos são inquebráveis, mas para forjá-los, exige-se comprometimento, dedicação. Durante a forja dos elos, pode-se falhar. Aliás, é esperado que se falhe várias vezes, como os discípulos de Jesus fracassaram em curar, em se entenderem, em curar, mas acabaram por perceber que o amor quebra as correntes mundanas e desenvolve a corrente de luz.


Ampliando o olhar sobre as correntes, podemos perceber que somos elos. Podemos nos iluminar, ou não, e nos juntar a elos semelhantes. Nessa Corrente do Bem, temos a sintonia por fundição. Se sintonizarmos em Jesus, nossa corrente, iluminaremos a nós mesmos e aos outros, venceremos o ego que nos prende ao árido cativeiro das imperfeições.

Entendimento



Autor Thiago D. Trindade




Paulo, o Apóstolo dos Gentios, em sua carta aos Romanos (14:1), afirma:
“Acolhei ao que é débil da fé, não, porém, para discutir opiniões”.

Isso significa que a fé é a vivência dos Ensinamentos de Jesus. Paulo, em sua exortação, vai muito além do conhecimento do que Jesus disse, indo diretamente ao que  o Nazareno fez, que é trabalhar pelo próximo. Afinal, a fé que Jesus nos ensinou é baseada em pureza de sentimento e ação.

Infelizmente, tal passagem não é estudada e praticada como se deveria. O que temos hoje, em várias religiões, são pessoas mais preocupadas em decorar pontuações nos textos do que trabalhar, de fato, para Jesus. Opiniões exaltadas permeiam as rodas de conversas e críticas ácidas são lançadas à esmo.

O tal “débil na fé” deve ser conduzido com carinho, muito carinho, e com doce incentivo que se manifesta através do exemplo, o bom exemplo. Aliás, quem é o débil na fé?

É aquele que vive isolado no mundo, como um asceta?
É aquele que abraça as coisas mundanas e não busca as coisas do Espírito?
É aquele que se esforça em vencer suas más tendências?

Essas três alternativas, e todas as outras que o leitor amigo recordar. Ora, quem aqui é perfeito? Estamos em um mundo de expiações e provas e quem disser que sua fé não é débil, bem, está dando uma demonstração de soberba. Quem tem a fé forte não diz, demonsta com humildade.

Devemos seguir a orientação de Paulo e devemos nos reconhecer débeis na fé, buscando fortalecer-nos através da Reforma Íntima. Estudemos e trabalhemos mais! Devemos aprimorar nossa disciplina através do nosso pensar, sentir e agir.


Esse entendimento é fundamental, se, de fato, queremos ser cristãos.

sábado, 9 de julho de 2016

Entrevista - Wanderley de Oliveira


Apresentamos, com entusiasmo, o retorno de nossa querida série de entrevistas. Dessa vez, trazemos nossa prosa com o médium Wanderley de Oliveira, mineiro radicado em Belo Horizonte. De amplo vulto no atual cenário do Movimento Espírita Brasileiro, sr. Wanderley respondeu a todas as nossas perguntas com simplicidade e muito boa vontade.

Agradecemos imensamente ao médium Wanderley de Oliveira por ter deixado seus afazeres para contribuir com nosso modesto trabalho em prol da difusão da Doutrina dos Espíritos.

Apreciem essa entrevista!





1 – Reflexões e Caminho: Como o senhor avalia a importância do Culto no Lar? O senhor o pratica?

Sim, eu faço uso dessa prática por considerar o lar como ambiente de base para nossas vidas. Se temos um bom ambiente espiritual em nossa casa, já consegui8mos uma faixa extensa de proteção e refazimento.


2 – R.F.: O senhor estuda rotineiramente os livros da Codificação Espírita?

Constantemente.


3 – R.F.: Qual a sua opinião sobre o Movimento Espírita atual?

Um grande e rico hospital repleto de doentes graves em busca de sua própria cura. Está avançando e crescendo dentro dos limites naturais. É composto por gente, não poderia ser diferente.


4 – R.F.: O senhor se considera privilegiado por ser médium de tantos espíritos renomados (Dr. Inácio Ferreira, Dona Modesta, Ermance Dufaux, e, mais recentemente, Chico Xavier)?

De forma alguma isso me realiza ou me faz sentir especial. Sinto-me com uma enorme responsabilidade e com profundas necessidades pessoais para ter recebido tão valorosa oportunidade.


5 – R.F.: Seus livros psicografados, muitas vezes trazem informações que chocam alguns setores do Movimento Espírita. Há quem diga que as novas informações, se fossem verdade, seriam ratificadas por outros médiuns via Controle Universal do Ensino dos Espíritos. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Que eles estão certos, mas até que haja gente com juízo, imparcialidade e maturidade suficiente para fazer esse controle na busca da VERDADE, nós, os médiuns corajosos e dispostos a servir, vamos trabalhando fazendo o nosso melhor.
Por agora, o que chamam controle universal não passa de uma expressão de domínio cultural e filosófico, fruto de nossas velhas bagagens no orgulho e sectarismo por se supor donos da verdade.
Meu compromisso é com o bem. O choque a respeito das verdades mediúnicas é algo saudável e construtivo. Não deveria ser motivo de retaliação e exclusão e sim de pesquisa.


6 – R.F.: O senhor sabe que os espíritos de luz, muitas vezes, se valem de pseudônimos e daí transmitem suas mensagens. Os amigos espirituais que escrevem através do senhor estão todos identificados por alguma exigência sua?

Sim, perfeitamente identificados, inclusive pelos laços de vidas que temos em outras reencarnações.


7 – R.F.: O senhor já foi alvo de fascinação?

Muitas vezes. O melhor médium é aquele que é menos enganado diz O Livro dos Médiuns.


8 – R.F.: Além de Pai João, outro espírito ligado às falanges Umbandistas atua junto ao senhor? Se sim, poderia falar sobre ele?

Pai João não atua junto ás falanges umbandistas. Ele atua com o Espírito Verdade na construção da regeneração.
Tenho sim outras entidades ligadas à umbanda que me prestam orientações e um sublime amor, mas ainda não se apresentaram para escrever. Realizam outros tipos de tarefa junto às minhas necessidades.


9 – R.F.: Alguns críticos afirmam que os livros psicografados pelo senhor deixaram de ser espíritas para serem designados como espiritualistas, não pelos personagens, mas pelo conteúdo muitas vezes diferente do que é encontrado na Codificação Espírita. Qual sua opinião sobre isso?

Que eu me mantenho fiel a tudo aquilo que foi dado como ponta pé inicial por Allan Kardec e continua sempre em expansão.


10 – R.F.: Os direitos autorais de seus livros psicografados vão para algum trabalho assistencial? Se sim, qual? 

Sim, são destinados a fazer o bem de várias formas.


11 – R.F.: Pode falar de seu livro psicografado mais recente?

Foi o livro 1/3 da Vida de Ermance Dufaux, cujo o conteúdo é trazer revelações a respeito do que nos acontece enquanto dormimos. Muita novidade e reflexão nessa obra.


12 – R.F.: Alguma mensagem final?


Agradecer a confiança dos amigos que me proporcionam essa oportunidade de me manifestar e a Jesus pelo bem que me tem feito servir aos bons espíritos e ao próximo.


sexta-feira, 8 de julho de 2016

Rápido e Rasteiro





“Se seu fardo está pesado, não culpes o Cristo, pois seu jugo é leve. Chama-o de Senhor e o acate, e, assim suas dores abrandarão.”

Espírito Joaquim

Feudos


Feudos

 Autor Thiago D. Trindade



Muitas vezes recebemos o encargo de ser responsável por alguma atividade, seja de ordem simples, seja de ordem complexa, envolvendo, talvez, o auxílio de terceiros.

O ego queima luminoso – em muitos casos – e a pessoa, sem perceber, se localiza diante de um precipício.

“Fui talhado para isso”, alguns afirmam com soberba.

Pode ser realmente. Compete, segundo o cronograma de resgate, determinada atividade. Mas o real mérito não está em meramente cumpri-la, mas sim em executá-la com Humildade, Comprometimento e, sobretudo, Fraternidade.

É uma prova difícil, portanto.

Infelizmente, muitos caem na postura inflexível de um senhor feudal, detentor absoluto da região em que habita, ou no caso, da atividade que deveria ajudar em seu próprio resgate.

Com surdez seletiva, que funciona quando há crítica construtiva, mas que desaparece mediante as idéias ácidas e comprometedoras que só fazem atrasar a Caminhada.

Mais ainda, tal como o senhor feudal encastelado, o dirigente acredita piamente que lhe desejam, a todo custo, roubar-lhe o lugar. É claro que há encarnados e desencarnados interessados em por fim à atividade do tarefeiro. Mas os adversários, inteligentes, não pretendem remover ninguém de seus postos. Pelo contrário. Insuflam o ego do tarefeiro e assim comprometem algo muito maior do que o próprio dirigente: a atividade em si.

Com a Humildade em reconhecer-se endividado e buscando atingir a Bem Aventurança, o tarefeiro sempre deve autoavaliar-se, ou seja, sair do castelo. Não para o condenado duelo, mas para avaliar se não precisa de novas lições.

E sempre precisa!

É muito difícil para o tarefeiro entender isso, por mais paradoxal que possa parecer. Mas é a realidade.

O dirigente muito trabalha, é muito exigido dele, restando pouco tempo para refletir sobre si próprio. Afinal, se é o dirigente, que mais “sabe”, deve ser ensinar, certo?

Não.

O dirigente, em sua esmagadora maioria neste mundo de provas e expiações, é o mais necessitado perante a Lei.

Por conta da aura do “senhor feudal”, encontram, os auxiliares, dificuldade se achegarem do “comandante” e fazer o saudável alerta. Afinal, o inseguro tarefeiro líder poderia – e vai – pensar que querem tomar seu lugar.

Refazimento deve ser a palavra de ordem.

Refazer-se sempre em busca da Perfeição.

Refazimento, aliás, implica em Recolhimento e Reflexão.

Em todas as situações, até quando as situações caminham conforme o planejado, deve-se refletir nas ações e na forma de observar a si e o que está à sua volta.

Se os textos bíblicos fazem alusão ao Dia do Descanso, no caso do povo judeu, ao sábado, porque ele é fundamental para a existência do Caminheiro.

Até os Espíritos, conforme assinala André Luiz e várias obras de sua autoria, como vemos, por exemplo no capítulo 45 de Nosso Lar (editora FEB, 1997, 46° edição, 281 páginas), precisam refazer-se dos trabalhos que executam. Mas esse descanso não é ócio, pelo contrário, é o momento para novos aprendizados e reflexões.

Cada um tem seu limite orgânico e mental, e, infelizmente o forçamos, muitas vezes desnecessáriamente, para nosso próprio prejuízo. Caminhamos para o desastre da empreitada, que é a Missão individual de cada um.

Deixemos, pois, o feudalismo para os livros da História Medieval. Não somos absolutos em nada.

Atravessemos as muralhas do ego e busquemos os campos da Humildade.

Nos campos da Humildade, plantemos Perseverança.

Com Fé irrigaremos e com Perdão adubaremos.

Com Paciência saudemos os frutos da Sabedoria.

Alimentados pela Sabedoria, estaremos nutridos de Amor e então teremos força para contemplar o Céu.