domingo, 29 de maio de 2016

Falando sobre o Tempo



Autor Thiago D. Trindade


Iremos refletir um pouco sobre o tempo. Não iremos, por enquanto, nos referir sobre as condições climáticas, mas si sobre o que fizemos, fazemos e faremos. Nesse momento, iremos avaliar nossas existências.

É muito comum ouvirmos e dizermos: “Os tempos estão chegados!”

Mas que tempo é esse?! E onde estamos chegando?

O tempo é referência da mudança, da transformação. E estamos chegando ao limiar de uma nova Era. A Era da regeneração onde o tempo do Homem Integral, ou seja, do Homem Novo irá se reunir na face da Terra, amealhando condições para contemplar melhor a face do Cristo redivivo.

Ocorre que somos nós quem marcamos o tempo. Nós definimos, de fato, a chegada do mundo de Regeneração. Não basta que nós falemos do Cristo. Temos que vivenciar os Ensinamentos do Cristo. Por alguma razão, infelizmente, abraçamos o comodismo, que é um dos nomes do egoísmo.

Em Tiago, o apóstolo, lemos: “Eia agora, vós que dizeis...amanhã...”(4:13).

O que  discípulo de Jesus queria dizer é justamente isso: “Não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje.”

E o que devemos fazer hoje?

Perdoar, auxiliar, ouvir, não julgar, ter tolerância, ter paciência, alimentar o corpo e o Espírito de alguém.

AMAR.

Os tempos estão chegados e o que fazemos? Responda apenas a si mesmo.
Muitos irmãos desencarnados nos trazem mensagens de amor, sabedoria, de alento, mas também nos falam: “Como eu perdi TEMPO! Fui egoísta, orgulhoso, descuidado, joguei a vida fora!”

Na verdade, sabemos que não jogou a vida fora, mas atrasou a si mesmo na estrada do progresso, ao comprometer sua reencarnação.

Porém, esses irmãos uma vez despertos, arregaçam as mangas e procuram estudar e trabalhar para sua própria edificação, e, por conseqüência atuam para  desenvolvimento da Humanidade. Um lindo exemplo é  que nos traz o amigo Espiritual André Luiz, em sua saga de crescimento moral na série “A Vida no mundo Espiritual”, mais popularmente chamada de Coleção André Luiz.

Bem, algum desavisado poderia considerar: “Ora, se nós sempre temos segundas chances, quando eu desencarnar, irei trabalhar.”

Isso é o tal “empurrar com a barriga”. Mas é interessante lembrar que somos estudantes da Verdade de Jesus, que nos confere duas coisas:

RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE

Responsabilidade em assumir a posição de buscar a evolução através da prática do perdão e da caridade, em suma, a prática do Amor para  crescimento espiritual.

A autoridade está no servidor do Cristo, em qualquer nível que esteja, é evidenciada pelo distintivo da Fé, que o leva a caminhos escuros e pedregosos, dissipando a escuridão da ignorância e usando a Razão e a Paciência em instruir a quem ainda está mais atas na estrada do Progresso. A autoridade do Servidor do Cristo é a base da postura coerente com os Ensinamentos: Amar a Deus e ao Próximo.

E o Tempo, tema central desta reflexão, permeia a Responsabilidade e a Autoridade. Usemos o Tempo como nosso aliado, entendendo que nada é por acaso e as dificuldades que encontramos ao longo da vida nos são necessárias para crescermos.

Ignorar o Tempo é sofrer, pois quando quisermos ser amigos dele, poderá ser tard demais e provavelmente irá dizer: “PERDI TEMPO!”

Aproveitemos os momentos de alegria, claro, mas saibamos encarar com resignação os momentos de dor, certos de que são passageiros. Afinal, como disse um sábio indiano há cerca de 2500 anos atrás: “Tudo será transitório neste mundo até que reine a definitiva luz”.

Reflitamos mais sobre como aproveitar nosso Tempo orando mais, vigiando mais, estudando mais e servindo mais. Devemos, com Cristo, apertar o passo na busca pelo Homem Novo, que é despojado da preguiça egoísta que nos prende a viciações mentais.

Nós somos os trabalhadores da Última Hora. O campo de trabalho está aí. Devemos arar agora nossos corações com Amor para florescer luz em nosso Espírito.


Amar é o único Caminho.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Sobriedade



autor Thiago D. Trindade




Quando pensamos no termo “sobriedade”, nos remetemos logo ao hábito de ingerir bebida alcoólica ou outro entorpecente dos sentidos. Na verdade, sobriedade significa equilíbrio, sobretudo quando se refere a caráter emocional.

Paulo, quando em Tessalônica, faz alusão a sobriedade do Homem como base para seu Renascimento, que deve se revestir de uma couraça composta por Fé e Caridade, além do capacete de Esperança (Tessalonicenses 1, 5:8).

O equilíbrio interno é fundamental para aquele que busca a Reforma Íntima, ou seja, aquele que propõe a Caminhar na Estrada para a Perfeição.

Para o sofredor sair de seu doloroso estado, não precisa, necessáriamente de uma conhecimento sólido sobre o que precisa fazer. Deve equilibrar-se para poder meditar sobre seus passos vindouros.

Às vezes é preciso uma ajuda externa – a Caridade – mas é fundamental que a pessoa entenda que antes de tudo é necessário equilíbrio interior.

Passo a passo, com prudência e sem levar-se pelo entusiasmo, devemos meditar sobre o Plano Diretor que nos levará à Verdadeira Bonança.

Sobriedade requer esforço para resistir às tentações, e mais, aos fracassos.

Sobriedade é saber Perseverar, sobretudo, no seu padrão mental.

As palavras: Paciência, Humildade, Perseverança e Fé são “cimentadas” pelo Equilíbrio Mental e sem esse fator, podem acreditar, fica muito difícil sair do lugar sombrio em que nos encontramos.

Dissociar o Equilíbrio Mental, também conhecido como Padrão Vibratório, da Reforma Íntima é contra senso.

Paciência sem Equilíbrio Mental é impossível.
Humildade sem Equilíbrio Mental é impossível.
Perseverança sem Equilíbrio Mental é impossível.
Fé sem Equilíbrio Mental é impossível.

Um adendo a respeito da Fé:
Vemos pessoas desequilibradas, que são facilmente manipuladas, que são reconhecidas como “pessoas de fé” serem, na verdade, designadas como desequilibradas emocionalmente. Essas pessoas são denominadas, acertadamente, como fanáticas e não tem nada a ver com o real significado da Fé, que é calma, raciocinada, luminosa, ou seja, mentalmente equilibrada.

E voltando:
Na verdade, poucas pessoas podem afirmar que são sóbrias, e quem o é não alardeia por aí. Simplesmente se apresentam através de sua conduta Paciente, Humilde, Perseverante e cheia de Fé.

O verdadeiro sóbrio não se priva do mundo e de seus tons de cinza, mas se atém à moderação no rir, no falar, no ouvir, no pensar, no sentir.

Sem mordiscar a intoxicante imoralidade.
Sem ingerir o destilado do excesso fanático.
Sem o opiáceo do descaso.
Sem o brilho encantador dos prazeres desregrados.

Hoje em dia vemos alguns líderes religiosos afirmarem, aos gritos, que Jesus não bebia vinho. Que na transmutação da água em vinho, Ele bebeu suco de uva.

Para quê levantarem essa polêmica, ao invés de buscarem se aprofundar nos Ensinos Dele?

Mas, vamos lá.
Vinho é suco de uva fermentado!
Mesmo suco de uva contém um mínimo de teor alcoólico, após algum tempo de guardado.

E onde há, na Bíblia, a citação que Jesus bebeu suco de uva?

O vinho era muito mais fácil de conservar na pobre Palestina. Só os muito ricos possuíam câmaras frias para conservar os alimentos, dentre eles o tal suco e evitar que ele fermentasse transformando-se em vinho.

Há quem diga que Jesus não ia à festas, em total desconhecimento dos Registros.

A vida de Jesus não era insossa! Certamente, como nós, o Mestre devia apreciar uma bela conversa, ouvir com gosto uma melodia, e até mesmo cantar as belezas da vida! Como alguém ousa apregoar que a vida do Carpinteiro era um tom monocórdio?

Contra senso brutal.

É possível imaginar o Excelso Amigo abraçando as criancinhas que se agarravam em suas pernas com carranca de enfado? Ou que ele, sem qualquer traço emocional passasse pelos anciões, sem qualquer gesto de afeição pelos que estavam no inverno da matéria?

Eu não consigo! E você, consegue imaginar um absurdo desse?

Sem falar que o Mestre, na Última Ceia, dividiu o pão e o vinho com os Discípulos, ou seja, especifica-se que Ele também guardou para si uma porção dos alimentos e os ingeriu e não os distribuiu meramente.

E a passagem, grafada por Lucas (7: 34) que cita diretamente, onde Jesus comenta o tom pejorativo com que os fariseus se referiam a ele:

“Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores.”

Jesus participava ativamente da cultura do Povo de onde nascera. Nunca deixou de ser judeu, nem de vivenciar seus costumes. A Boa Nova era, e é, tão soberbamente bem fundamentada que abarcava, abarca e abarcará todas as culturas.

Jesus era, por exemplos e palavras, um moderado. O próprio Bom Senso. Era Ele sóbrio e seu Equilíbrio era a base de sua sustentação como Filho de Deus.




“Só há vida onde há amor. A vida sem amor é morte, a lei do amor governa o mundo. Se existe no coração um amor puro, todo o resto segue automaticamente e o campo do trabalho humano torna-se ilimitado. Quando se abrem as portas do coração tudo pode entrar.”
Mahatma Ghandi


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Lobos



autor Thiago D. Trindade





Ao estudarmos o perfil de três dos Apóstolos de Jesus: Levi, Zaqueu e Saulo, encontramos uma similaridade padrão entre eles, diferentemente aos demais Auxiliares do Cristo, nos tempos da implantação da Boa Nova na Terra. A riqueza material e o privilégio governamental junto ao império Romano.

Os dois primeiros eram ricos publicanos, ou seja, eram de uma odiada classe da população judaica, muito próxima aos romanos. Dentre as atividades que executavam, a principal era a cobrança de impostos.

Desde que o mundo é mundo, cobrar imposto não é uma atividade pacífica. Até mesmo nos dias de hoje, onde a “Lei dos Homens” se faz “presente”, vemos casos de violência psicológica e até física, este último ilegal, entre devedores e credores.

Nos tempos bíblicos, era comum a ameaça física por parte dos funcionários dos ricos publicanos. 

Levi, frio e calculista, assomava-se sobre os pobres judeus na coletoria.

Zaqueu, como o mais rico dos publicanos de Jericó, era o mais odiado.

E Saulo, que tinha o nome romanizado e gozava de status junto ao império? Caçador de cristãos, áspero e beligerante, não media esforços em obter o que desejava.

Esses três eram lobos. Feras implacáveis que se escoravam nas Leis dos Homens para acumular bens terrenos.

Calma aí! Zaqueu anunciou pagar o valor quadruplicado caso fosse encontrado algum erro em suas contas. Ele afirmava isso, mas, sem querer chamar ninguém de equivocado, quantas pessoas Zaqueu apresentou para atestar tal fato? Após o Gólgota ele não só dividiu, mas se desfez completamente de seus bens terrenos. E mais, é bem verdade que esse homem, era muito simpático à Boa Nova, mesmo antes de conhecer Jesus, mas certamente, era exatamente igual a seus pares publicanos no início de sua “carreira”.

O foco da reflexão é o que esses três faziam para viver:

Eram judeus com acordos com império e gozavam privilégios proibidos a grande maioria do povo, mesmo pelos ricos.
Eram temidos e desprezados.
Certamente eram violentos para prosperarem.

E daí?

Foram impactados pela simplicidade e despojamento que eram adornados docemente pela grandeza de Jesus.

O Mestre incitou Levi a acompanhá-lo de forma direta (Lucas, 6: 27 e 28).

O Cristo, convidando-se à casa de Zaqueu, escandalizando a todos, jantando na casa do poderoso publicano (Lucas, 19: 1 - 10).

O Doce Carpinteiro, interrompendo abruptamente, a perseguição de Saulo a cristãos em Damasco e pondo-o, cego e debilitado, sob a proteção de Ananias (Atos, 9: 1 – 19).

Levi e Zaqueu conviveram diretamente com o Mestre.

Saulo, que sofreu o maior “choque”, não chegou a isso, mas sua Fé foi tremenda, a ponto de sacudir o mundo gentio.

Os lobos se acabaram.

A transformação foi tão profunda nos três que mudaram seus nomes.

Mateus, Matias e Paulo.

Cada um, dentro de suas limitações, pôs o “pé na estrada”. Fizeram o possível, sempre recordando de como eram antes de conhecer o Mestre e como suas vidas ganharam novo e luminoso significado com os Ensinos sobre o Amor Universal.

Mas sofreram. Foram incompreendidos e perseguidos.

Pela Lei da Ação e Reação, passaram por dificuldades iguais às que impuseram a outros quando eram ainda ignorantes. Mas o Esclarecimento que obtiveram com Jesus deu-lhes forças para perseverar, ainda que com eventuais tropeços.

Pedras lhes foram atiradas.
Suas casas de auxílio foram queimadas.
Prisões os ameaçavam.

Tentações que chamavam descaradamente os velhos lobos, acorrentados nas entranhas do íntimo dos Aprendizes de Jesus, à tona.

Não podemos imaginar o que esses três sentiam quando eram vilipendiados.

Mas a cada ataque de outros lobos, os mansos cordeirinhos se tornavam mais fortes.

A violência da matéria não podia contra a mansidão do espírito que eles desenvolviam.

Mateus, Matias e Paulo venceram, respectivamente, Levi, Zaqueu e Saulo.

Os Homens Novos brilharam a partir das cinzas dos Homens Velhos, cujo mérito foi se permitirem Amar.

A larga inteligência desses homens, antes usada para o acúmulo do vil metal, foi direcionada para o lucro espiritual, não só para si, mas para todos que estavam em seu redor – o mundo.



Uma breve prosa sobre a Lei do Progresso



autor Thiago D. Trindade





Na questão 799 do Livro dos Espíritos encontramos preciosa indagação a respeito do progresso. Como pode o Espiritismo, ou seja, os Ensinos do Cristo, contribuir para o nosso progresso?

A resposta é simples e clara. É derrubar o materialismo, essa grande doença da Humanidade. O materialismo é alimentado pelo nosso Ego (avareza, rancor, cobiça, inveja, luxúria, fofoca, etc). E é muito comum nós acreditarmos sermos vítimas. E sempre vítimas inocentes. Grande engano! Em alguma situação de nossa existência, ao longo das reencarnações, fomos algozes. Hoje, talvez, estamos a quitar alguns de nossos desvios.

Não devemos procurar por culpados. Devemos sempre procurar evoluir, conforme assevera o Espírito Joaquim e algumas de suas comunicações. E evoluir é perdoar incontáveis vezes, não julgando, estendendo sempre a mão fraterna a quem quer que seja, sobretudo ao ofensor.

Entender isso é fundamental se nós queremos realmente vencer nossos problemas. Mas, entender o problema? Por que?

Nós só resolveremos, de fato, os nossos problemas se o entendermos. Isso não é fácil! Requer auto análise. Significa avaliar quem nós realmente somos e quem nós queremos – e devemos – ser.

Significa, falando diretamente, que nós deixemos de querer ter um milagre em nossa vida. Significa que devemos ser o milagre na vida do próximo. A expressão milagre, é nada além de um gesto natural de Deus.

Milagre é luz e devemos iluminar a vida do próximo, e, dessa forma iluminaremos  a nós mesmos. Jesus asseverou isso quando lavou os pés dos discípulos, na chamada Santa Ceia.

Pedro, Paulo, Zaqueu, Francisco de Assis, Adolfo Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Chico Xavier foram luzes para aqueles que estavam à sua volta, e assim atingiram a iluminação.

Francisco de Assis afirmou, categoricamente, que é perdoando que se é perdoado. Ele queria dizer que devemos, sempre, dar o primeiro passo, ainda que pequenino. É muito importante nos esforçarmos a vencer nossas más tendências! É o esforço determinado que nos leva à vitória!

Ser benevolente, ou caridoso, é o caminho para a salvação.

Tomemos nossas dores nas mãos e entendamos que somos muito abençoados. São as dores que nos fazem crescer. Se não fosse a professora Dor, ainda estaríamos longe da Humanidade e distantes da verdadeira felicidade. A Dor nos ensina a Humildade, a Paciência, a Resignação e a Fé.

A Dor nos mostra que existem outras ainda maiores e não nos dá o direito de nos encolher em nossa concha existencial, e por conseqüência, atrasar nossa própria evolução.

Jesus disse que ficaríamos aqui neste mundo até que paguemos totalmente nossas dívidas morais. Somos nós, na verdade, quem estipulamos o tempo de duração de nossas dores. Está no Sermão da Montanha, inserido no Livro de Mateus, “Bem aventurados os aflitos, pois eles serão consolados”. E serão consolados com o Amor do Cristo, com sua Divina Instrução, que nos manda Amar a Deus e ao próximo.

Se seguirmos essa orientação firme e segura do Mestre Galileu, sem dúvida nossos problemas serão rapidamente deixados para trás e assim iremos, de fato, evoluir.